LUCRO. EMPRESAS PRECISAM TER LUCRO PORQUE ISTO É UMA OBRIGAÇÃO SOCIAL

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O lucro é uma obrigação social

Muito mais que simplesmente dinheiro

O lucro é uma obrigação social
Muito mais que simplesmente dinheiro

Lucro é uma expressão carregada de sensações distintas quando é pronunciada, principalmente em lugares que enfrentam dificuldades sociais e econômicas e muita gente ainda tem uma imagem distorcida a respeito do tema, pois vinculam o sucesso de uns ao fracasso de outros e isto está completamente errado…

O lucro é uma obrigação social, pois a empresa que não tem lucro é um problema para a sociedade…

Não concorda?

Se uma empresa não tem lucro ela passa a ser um problema para a sociedade, já que não paga seus fornecedores, colaboradores, tributos, compromissos de todas as ordens…

Para entendermos o lucro adequadamente precisamos nos desfazer de preconceitos e entender que, além de um objetivo direto da construção de um empreendimento, o lucro é uma necessidade que reflete na saúde do negócio em si e de todo o segmento e mercado em geral.

A consciência que move o empreendedor deve apontar para a busca pelo lucro, com respeito ao conjunto ético, legal e moral da sociedade, mas a busca pelo lucro deve nortear não apenas como objetivo, mas como indicador de saúde do negócio e de sua vitalidade de mercado…

Lucro. Conceito, definição e história

De onde vem e o que significa
Origem e significado

Lucro é algo que todos entendemos de alguma maneira, embora o termo possa assumir contornos genéricos, com expressões populares, como quando a pessoa sofre um acidente grave, mas se recupera com poucos danos e utilizamos a expressão “saiu no lucro”, por exemplo…

Nossa abordagem aqui está focada no aspecto original da expressão, seu significado diante da economia, até porque todo o resto é derivado e figurativo…

A expressão é derivada do latino “lucru” e em sentido amplo, se refere a todo ganho e/ou vantagem obtido em qualquer relação.

No universo da economia entendemos o lucro como o retorno positivo de uma iniciativa, investimento ou esforço, deduzindo os gastos exigidos para a sua realização.

Dentro da economia a expressão lucro possui dois significados diferentes entre si, embora estejam relacionados…

Entendemos por lucro normal o custo total de uma oportunidade (custo implícito ou explícito) de uma empresa, empreendedor ou investidor, enquanto o lucro econômico é o que domina a economia atual, que simplificadamente representa a diferença entre a receita total menos os gastos totais, incluindo aí o lucro normal.

Esta é a compreensão da teoria neoclássica da economia sobre o tema.

Em qualquer uma das situações o lucro econômico é o retorno a um empresário ou grupo, uma remuneração ao proprietário do capital social, dinheiro ou títulos de investimento, dependendo do caso e do perfil do negócio.

Alguns relacionam lucro à renda econômica, o que determina que o lucro seja a renda empresarial.

Existem outros tipos de lucros considerados, sempre conectados com os objetivos da iniciativa, como o lucro social, por exemplo, com reflexos internos e externos e não se confunde com lucro em finanças e contabilidade, onde estes são ao resultado das receitas menos os custos explícitos, também é conhecido como superprofit, algo mais aceito pela teoria econômica marxista.

É preciso cuidado na definição engessada da expressão “lucro”, pois o conceito dominante do termo deve ser diferenciado do que foi determinado pela economia clássica, onde o lucro define o retorno ao empregador do estoque do capital, que tanto está em forma de capital como em ativo mobilizado, como máquinas, fábricas e insumos, isto em qualquer atividade que envolva trabalho de ação produtiva.

Na base deste conceito está o entendimento da teoria neoclássica de que o lucro só se consolida quando se devolve rendimentos a quem investiu capital financeiro.

Já nos conceitos da economia aziendal o lucro pode ser originado do funcionamento (lucro operacional) ou rédito (lucro de gestão econômica).

Um pouco de história do lucro:

A religião atuou com obstrução pesada em cima do lucro, tentando, de certa forma, impedir excessos gananciosos e especulativos nas relações que envolviam a economia.

Com o tempo e a consolidação das relações comerciais este princípio ético duvidoso foi abandonado e sobrepujado, tanto pela natural expansão econômica quanto pelo aumento da capacidade produtiva dos negócios.

Todo mundo trabalhava pensando em autoproteção de interesses, o que limitava a economia, já que a visão dos segmentos de mercado focava em proibir exportações de matérias-primas e importação de produtos manufaturados, o que garantiria a solidez das empresas e indústrias locais.

O aparecimento de Adam Smith, uma referência histórica na evolução da economia promoveu uma revisão no conceito protecionista, já que ele pregava a liberdade de empreendimento e livre iniciativa, defendendo a liberdade de produzir, comercializar e consumir, garantindo que o bem-estar comum seria resultado do crescimento e expansão do processo produtivo e por consequência, da economia.

Otávio Gouveia de Bulhões sempre afirmou que no processo de mercado “o lucro está subordinado à valorização ou desvalorização do produto”.

Este reconhecido autor de teorias e conceitos econômicos salienta que durante a Revolução Industrial, Karl Marx em sua teoria socialista definia o lucro como aquilo que é resultado de uma operação e que não é pago ao assalariado (já que o salário é parte dos custos, que é extraído do conceito de lucro).

A Escola Austríaca, notadamente através de Böhm-Bawerk lançou sua visão teórica de que o produto acabado tem mais valor do que aquilo que é alcançado pelos fatores de produção, já que um dos conceitos tradicionais desta escola é que produtos prontos possuem mais valor que produtos futuros.

Bulhões define o primeiro caso como “lucro confisco (originado na transferência de renda)” e o segundo caso ele define como “deságio”.

Bulhões também afirma que o “lucro de investimento, como soma adicional de renda” somente seria compreendido no Século XX, onde Knut Wicksell deu ênfase à escala de produção como característica de investimento e marcou o acréscimo de produtividade como fonte de lucro.

As principais formas de classificar o lucro

Compreendendo o lucro
Como funciona

O lucro possui muitas características e tipos diferentes, onde não existe uma diferença essencial, mas conceitual, pela característica e forma como ele aparece, se realiza e é compreendido.

Lucro normal:

O lucro normal é parte constante do conjunto de custos, pois o empresário considera uma margem necessária para fazer o seu investimento funcionar de forma produtiva e isto faz com que não seja considerado um lucro econômico (remuneração do capital investido).

Basicamente, é um custo de oportunidade, que resulta da operação, ao mesmo tempo em que alimenta a própria operação.

De alguma maneira, mesmo que não remunere o capital social ele é um retorno sobre o investimento, numa espécie de indicador comparativo sobre o que o investidor receberia em remuneração ao seu capital se estivesse investido em oportunidades especulativas mais seguras e medianas em rentabilidade.

Uma justificativa para manter seu capital investido na operação.

De uma maneira geral o lucro normal trafega no espaço entre os custos dos investimentos e é proporcionalmente compatível com o grau de risco associado à característica de cada investimento, conforme a taxa de risco pelo retorno.

O lucro normal é importante, já que possibilita a concorrência perfeita, que acontece quando a perspectiva de equilíbrio econômico de longo prazo é alcançada, quando do contrário, não existem incentivos para investidores e empreendedores entrarem ou se manterem no mercado.

Lucro econômico:

Definimos lucro econômico quando o valor da receita ultrapassa o valor do custo de oportunidade e dos insumos, sem deixar de considerar que este levantamento considera o custo do capital próprio, que determina o lucro normal.

Quando um negócio apresenta perda econômica, também conhecido como lucro econômico negativo, a compreensão é de que os custos sobrepujam receitas e isto torna o negócio inviável, claro, a persistir esta ocorrência, já que sempre é possível aplicar ajustes de reversão da situação.

Na visão da economia o lucro econômico aponta a viabilidade do negócio, demonstrando que aquele empreendimento é considerado útil ao mercado e deve ser mantido e fortalecido.

Da mesma forma, a recíproca também é verdadeira, apontando que os investimentos num negócio com lucro econômico negativo devem ser direcionados a outros empreendimentos.

Os lucros no Brasil:

O economista e professor Otávio Gouveia Bulhões afirma que um dos principais problemas da economia brasileira decorreu de um erro primário, quando se considerava a elevação de preços como lucro.

A situação foi tão constrangedora, do ponto de vista técnico e político, que o termo “valorization” em inglês foi definido no Dicionário Webster como um neologismo brasileiro, tendo se difundido pelo mundo como “valorização do café”.

Foi Bulhões que abriu as portas para o cálculo de correção monetária, de onde se retirava da análise os efeitos ocasionados pela inflação, o que salvou nossa rota econômica e nos colocou novamente no mundo.

Do ponto de vista contábil o lucro nada mais é que a soma de valores excedentes à totalização de custos gerais de uma operação.

Receitas menos despesas definem os lucros.

Quando vivenciamos grandes períodos inflacionários, mais sensivelmente entre 1970 e 1990, era corriqueiro o processo de subtração deste cálculo dos valores relacionados à correção monetária.

Tudo evolui em todas as direções, mas de acordo com o que é aceito e praticado no âmbito legal e contábil aqui no Brasil, as principais abordagens sobre o lucro são bem definidas…

  • Lucro bruto: diferença positiva entre o total das receitas menos o total dos gastos;
  • Lucro operacional: diferença positiva entre o total do lucro bruto menos as despesas operacionais;
  • Lucro não operacional: resultado positivo das receitas não operacionais menos as despesas não operacionais;
  • Lucro líquido: diferença positiva entre o total do lucro bruto menos o lucro operacional e o lucro não operacional;
  • Lucro a ser distribuído: Lucro líquido menos os valores destinados a Reservas de Lucros ou compensação de Prejuízos Acumulados…

Na evolução da contabilidade a legislação criou outras classificações de lucros…

  • Lucro real: é uma base de cálculo para atribuir o imposto de renda das pessoas jurídicas, que contabilmente se explica como sendo o lucro líquido menos adições e exclusões de despesas feitas para fins desta atribuição de valor;
  • Lucro inflacionário: parcela relativa ao lucro real, composta pelo saldo credor da correção monetária de balanços, o que é ajustado pelas variações monetárias e cambiais, que também pode ser considerado como devido em exercícios futuros;
  • Lucro de exploração: parte do lucro real formado pelas receitas oriundas de incentivos fiscais do imposto de renda, tanto de redução quanto de isenção;
  • Lucro presumido: outro processo de base de cálculo do imposto de renda, que incide basicamente sobre receitas, possibilitando escrituração simplificada junto ao livro caixa

Observação sobre lucro real: O lucro real é uma expressão da legislação fiscal e há algum tempo era chamado de lucro tributável e servia especificamente para efeitos de tributação, notadamente do imposto de renda e a CSLL (Contribuição Social Sobre o Lucro Líquido) da pessoa jurídica, num formato onde o imposto de renda é calculado a partir do lucro contábil, acrescido de ajustes, positivos e negativos e o recolhimento é realizado através de DARF (Documento de Arrecadação de Receitas Federais).

O objetivo existencial das empresas

Porque as empresas existem
Para gerar lucro

A verdade é que o lucro é um objetivo básico da existência das empresas, ao menos aquelas que visam lucro e mesmo as de âmbito assistencial ou definidas como “sem fins lucrativos”.

A compreensão é simples, pois mesmo que sua empresa não possua finalidade lucrativa ela precisa ter uma operação positiva, ou no mínimo, de equivalência de resultados, pois qualquer operação negativa leva ao caos em curto, médio ou longo prazo, dependendo do porte e natureza da operação.

Nos casos de empresas que focam no resultado o caso é muito mais evidente, pois é realizado um investimento em cima de uma operação que precisa dar resultados positivos, do contrário, se transformando apenas num ponto de evasão de capital, deteriorando valores e não possuindo razão de existir.

A verdade é que vivemos num Planeta predominantemente capitalista e num cenário como este o melhor caminho para uma justiça social é a livre concorrência, pois ela ancora a capacidade de cada um desenvolver seu próprio empreendimento e gerar sustento e crescimento através do trabalho.

Ao contrário do que muitos pensam e defendem, um contexto socialista não assegura a propriedade, o que afasta a iniciativa produtiva e nivela o desenvolvimento social por baixo, trazendo todos para igualitária linha de pobreza.

Obviamente o capitalismo não pode ser selvagem e nem com protecionismos específicos sobre grandes conglomerados e os sistemas tributários existem para captar riqueza da própria riqueza, distribuindo este pedaço do bolo no fomento da educação, conhecimento e desenvolvimento humano.

Claro que podemos discutir se esta premissa de investir corretamente em desenvolvimento é cumprida por todas as sociedades, mas isto não significa que não seja este o melhor caminho.

Se pessoas em alguns cenários não cumprem o seu papel então isto não é um problema social, mas um problema da sociedade.

Se as pessoas são tolerantes com governantes corruptos, de certa forma, isto espelha a corrupção como parte do tecido social, já que os corruptos não são escolhidos a dedo exatamente por serem corruptos, mas por serem representantes fidedignos do que o povo é como sociedade.

Em cenários onde o conhecimento é desprezado e a tendência popular é de certo grau de conivência com os desmandos, políticos desonestos e aproveitadores proliferam e as sociedades entram em espirais constantes de gestão inadequada, onde o centro dos objetivos das lideranças passa ser a vantagem própria, em detrimento do social e do desenvolvimento.

Isto não é algo fácil de transformar, os exemplos estão na construção de mitos e endeusamentos sobre personalidades destas figuras escusas e elas se repetem no poder.

A contextualização deste cenário é importante porque as coisas se confundem, já que a distância aumenta entre os empreendedores e o restante das classes sociais, que dependem muito mais do assistencialismo, pois não possuem educação e ferramentas intelectuais necessárias para competir no universo empreendedor e corporativo.

Nossos sistemas de educação nos ensinam a sermos empregados e não empreendedores.

Uma das percepções que se forma neste cenário é de que o lucro está associado à exploração, de que o empreendedor suga as classes menos favorecidas em busca do lucro, o que é parcialmente verdadeiro em sociedades menos evoluídas e controladas por aproveitadores.

Ocorre que isto é uma anomalia (embora comum) e em nada altera a realidade de que o lucro é uma necessidade social para qualquer iniciativa empreendedora, não importa seu fim.

Fizemos este passeio sobre este contexto para demonstrar que não é possível misturar as coisas.

A forma como sociedades são governadas e conduzidas e o comportamento social do povo não mudam o fato de que o lucro é positivo para qualquer realidade econômica, sendo o ponto de partida da construção de riqueza.

Os problemas sociais estão depois da construção da riqueza…

Se um ditador num país africado rouba toda a produção de diamantes de seu povo, jogando-o à pobreza extrema, enquanto a cúpula do poder constrói riquezas mundiais para si próprios, isto é um problema de comportamento humano e social, não de economia, já que a produção de diamantes é lucrativa (como deve ser), e o erro está na forma como este lucro é utilizado.

Assim acontece nestas repúblicas latino-americanas governadas por “coronéis”, idolatrados, numa constante guerra entre “nós” e “eles”, que só consolida cada vez mais a doença social e amplia o problema.

Em nada o lucro é vilão, assim como o dinheiro, pois vilões somos nós, nossos atos e escolhas diante do dinheiro e do lucro.

O lucro é uma prioridade de desenvolvimento humano

Lucro é uma prioridade humana
O resto vem depois

O lucro é, portanto, o principal agente do desenvolvimento humano no ponto de vista social, pois ele move as linhas produtivas, os interesses dos investidores, a movimentação da economia, a produção e oferta de bens de capital e serviços, gera empregos, cria um ciclo social positivo.

O lucro deve ser desmistificado, pois seu conceito é simples, lógico e óbvio.

O lucro é a essência dos negócios no universo empreendedor e o universo empreendedor é que move a riqueza do Planeta.

O que precisa ser ajustado é a forma como as políticas globais de distribuição de renda acontecem e não o fato objetivo e inegável de que é preciso ter empreendimentos saudáveis e que a saúde destes empreendimentos está na capacidade que tenham de proporcionar lucro aos investimentos ali realizados.

Antes de discutir a importância dos lucros na realidade de um negócio e na capacidade de desenvolvimento econômico e social de qualquer comunidade é mais aconselhável discutir as bases desta mesma sociedade, seus conceitos, valores, premissas, comportamentos e escolhas, pois a qualidade de gestores políticos não deve interferir na razão mais simples da matemática: 2+2=4 e nada muda esta realidade, que enquanto persistir, fará com que a existência do lucro seja fundamental para a saúde de qualquer sociedade que se preze.

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