CONFLITOS. COMO ADMINISTRAR ATRITOS

Demissão. Quando chega a hora
DEMISSÃO. COMO AGIR QUANDO CHEGA O MOMENTO
12 de agosto de 2024
Relações Humanas. Base para o sucesso
RELAÇÕES HUMANAS. A CHAVE DO SUCESSO NA VIDA
27 de agosto de 2024
Conflitos. Como lidar com a natureza humana

Parte da natureza humana

Conflitos. Como lidar com a natureza humana
Parte da natureza humana

Conflitos são inerentes às relações humanas, em todas as suas esferas e em todos os lugares onde exista interação entre pessoas e não seria diferente no ambiente corporativo, onde existe um grau mais elevado de pressão, que normalmente vem de diversas direções e, muitas vezes, são personificadas, o que leva a atritos que geram os conflitos.

Gerenciar conflitos é uma das atribuições da gestão das empresas, mais especificamente, da gestão de pessoas e temos aprendido muito com a evolução das técnicas, processos e tecnologias de gerenciamento das relações.

Conflitos são normais, sendo até mesmo ferramentas evolutivas, mas também são pontos de desgaste entre as relações e, quando evoluem inadequadamente, tendem a provocar problemas sérios e, muitas vezes, irremediáveis.

Nosso conteúdo de hoje visa entender melhor a estrutura dos conflitos, como eles surgem, os seus tipos e formas de manifestação, além da intensidade, que muitas vezes, causa danos irreparáveis.

O que se sabe inicialmente é que conflitos estão associados às diferentes vertentes de compreensão sobre determinados temas, o que é normal, considerando que pessoas são diferentes entre si, levando à visões não completamente alinhadas, evoluindo para discussões, argumentações e, algumas vezes, com intensidade radical, gerando os conflitos.

Vamos avançar neste tema, analisando o que já se sabe sobre a estrutura dos conflitos e o que vem sendo desenvolvido para que empresas administrem este importante elemento da gestão de pessoas.

Conflitos. O que a sociologia e a antropologia explicam

A visão da ciência
Um olhar científico

Conflitos, que são inerentes à condição humana e onipresentes em todas as esferas da sociedade, têm sido objeto de estudo e reflexão ao longo da história e a compreensão de suas origens, dinâmicas e impactos exige uma abordagem multidisciplinar, que contemple as contribuições da sociologia, da antropologia e da psicologia, entre outras áreas do conhecimento.

A Sociologia dos Conflitos: Estruturas, Desigualdades e Mudanças Sociais…

A sociologia oferece um quadro teórico para a análise dos conflitos, enfatizando sua relação com as estruturas sociais, as desigualdades e as mudanças sociais.

Karl Marx, um dos fundadores da sociologia, via os conflitos como um motor da história, impulsionados pela luta de classes e pela contradição entre as forças produtivas e as relações de produção.

Max Weber, por sua vez, destacava a importância dos conflitos na disputa por poder, prestígio e recursos, em diferentes esferas da vida social.

Estudiosos contemporâneos, como Pierre Bourdieu e Anthony Giddens, aprofundaram a análise dos conflitos, considerando a interação entre estruturas sociais, ações individuais e representações simbólicas.

Bourdieu, por exemplo, introduziu o conceito de “violência simbólica”, que se manifesta nas relações de dominação e subordinação, perpetuando desigualdades e conflitos.

A Antropologia dos Conflitos: Diversidade Cultural e Resolução de Conflitos…

A antropologia contribui para a compreensão dos conflitos ao examinar suas manifestações em diferentes culturas e sociedades e estudos antropológicos revelam a diversidade de formas de lidar com conflitos, desde rituais de mediação e conciliação até práticas de vingança e guerra.

A antropologia também destaca a importância dos sistemas de parentesco, das estruturas políticas e das crenças religiosas na gestão de conflitos.

Pesquisadores como Mary Douglas e Victor Turner exploraram a relação entre conflitos e rituais, mostrando como estes podem servir para expressar, canalizar e resolver tensões sociais.

A antropologia também oferece insights sobre a resolução pacífica de conflitos, através do estudo de práticas tradicionais de mediação e justiça restaurativa.

A Psicologia dos Conflitos: Motivações, Emoções e Processos Cognitivos…

A psicologia investiga as dimensões individuais e interpessoais dos conflitos, examinando as motivações, emoções e processos cognitivos que os desencadeiam e sustentam.

A psicanálise, fundada por Sigmund Freud, explora os conflitos internos, originados na luta entre o id, o ego e o superego, e sua influência nas relações interpessoais.

A psicologia social, por sua vez, analisa os conflitos em grupos e organizações, considerando fatores como a percepção social, a comunicação, a influência social e a tomada de decisão.

Kurt Lewin, um dos pioneiros da psicologia social, desenvolveu a teoria de campo, que descreve a dinâmica dos conflitos em termos de forças opostas que atuam sobre o indivíduo.

Conflitos no Ambiente Corporativo: Desafios e Oportunidades…

No contexto corporativo, os conflitos são uma realidade inevitável, decorrente da diversidade de personalidades, interesses e objetivos.

A gestão de conflitos é um desafio crucial para as organizações, que devem buscar soluções construtivas que promovam o diálogo, a colaboração e o aprendizado.

Estudos sobre conflitos no ambiente de trabalho identificaram diferentes fontes de tensão, como a competição por recursos, a divergência de opiniões, a falta de comunicação e a desigualdade de poder.

A liderança desempenha um papel fundamental na gestão de conflitos, incentivando a comunicação aberta, a empatia e a busca de soluções mutuamente benéficas.

A compreensão dos conflitos, em suas múltiplas dimensões, é essencial para a construção de uma sociedade mais justa e pacífica.

A abordagem multidisciplinar, que integra as contribuições da sociologia, da antropologia e da psicologia, oferece um quadro teórico abrangente para a análise e a gestão de conflitos.

No ambiente corporativo, a gestão construtiva de conflitos pode gerar oportunidades de crescimento, inovação e desenvolvimento.

Reconhecer e lidar com os conflitos de forma aberta e transparente, faz com que as organizações possam fortalecer a colaboração, a criatividade e o engajamento de seus membros.

Em última análise, a busca pela compreensão e pela gestão construtiva dos conflitos é um desafio contínuo, que exige o desenvolvimento de habilidades de comunicação, empatia e resolução de problemas.

O enfrentamento dos conflitos com coragem e sabedoria, tende a transformá-los em oportunidades de aprendizado e crescimento, tanto no âmbito individual quanto no coletivo.

Como as empresas lidam com esta realidade

Construindo pontes
Estabelecendo laços

A gestão de conflitos no ambiente corporativo percorreu um longo caminho, desde uma abordagem inicial de repressão e evitação até a atual visão que reconhece o potencial transformador dos conflitos.

Essa jornada reflete a evolução do pensamento administrativo e as mudanças nas relações de trabalho, impulsionadas por fatores como a globalização, a diversidade e a busca por inovação.

As Origens: A Era da Repressão e da Evitação…

Nas primeiras décadas do século XX, a gestão de conflitos era marcada pela visão tradicional, que considerava os conflitos como disfuncionais e prejudiciais à produtividade.

A ênfase estava na manutenção da ordem e da harmonia, através de medidas repressivas e da evitação do confronto.

Essa abordagem, influenciada pela teoria clássica da administração, via os conflitos como um sinal de falhas na organização e na liderança.

A Ascensão da Mediação e da Negociação…

A partir da década de 1940, a Escola das Relações Humanas trouxe uma nova perspectiva, reconhecendo a inevitabilidade dos conflitos e a importância de uma abordagem construtiva.

A mediação e a negociação emergiram como ferramentas para facilitar o diálogo e a busca de soluções mutuamente aceitáveis.

Essa abordagem, influenciada por autores como Mary Parker Follett e Elton Mayo, enfatizava a comunicação, a cooperação e a participação das pessoas na resolução de conflitos.

A Era da Gestão Estratégica de Conflitos…

Nas últimas décadas, a gestão de conflitos evoluiu para uma abordagem mais estratégica, que busca não apenas resolver os conflitos, mas também transformá-los em oportunidades de aprendizado e crescimento.

Essa visão, influenciada por autores como Kenneth Thomas e Ralph Kilmann, reconhece que os conflitos podem gerar inovação, criatividade e melhoria contínua, desde que sejam gerenciados de forma adequada.

Novas Técnicas e Abordagens…

A gestão contemporânea de conflitos incorpora uma variedade de técnicas e abordagens, adaptadas às necessidades e características de cada organização, onde algumas das práticas mais comuns incluem:

  • Mediação e facilitação: Processos estruturados que auxiliam as partes em conflito a se comunicarem de forma eficaz e a chegarem a um acordo;
  • Comunicação não violenta: Abordagem que promove a expressão autêntica de necessidades e sentimentos, sem julgamentos ou acusações;
  • Coaching e mentoring: Processos de desenvolvimento individual que auxiliam os funcionários a lidar com conflitos de forma construtiva;
  • Círculos restaurativos: Práticas inspiradas na justiça restaurativa, que promovem o diálogo, a responsabilização e a reparação de danos causados por conflitos;
  • Tecnologia: Ferramentas digitais que facilitam a comunicação, a colaboração e a resolução de conflitos em equipes geograficamente dispersas.

Resultados e Impactos nas Empresas Modernas…

A gestão estratégica de conflitos tem demonstrado resultados positivos em diversas empresas, contribuindo para:

  • Melhora do clima organizacional: Redução do estresse, aumento da satisfação e do engajamento dos funcionários;
  • Aumento da produtividade: Maior foco nas tarefas, redução de retrabalho e otimização do tempo;
  • Estímulo à inovação: Criação de um ambiente propício à experimentação, à diversidade de ideias e à busca por soluções criativas;
  • Fortalecimento da cultura organizacional: Promoção de valores como a colaboração, o respeito e a abertura ao diálogo.

Exemplos de Empresas e Estratégias…

Diversas empresas têm adotado modelos específicos na gestão de conflitos, com resultados notáveis e alguns exemplos incluem:

  • Google: A empresa incentiva a comunicação aberta e a resolução de conflitos através de ferramentas como o “Noogler Handbook” e o programa de treinamento “Search Inside Yourself”;
  • Patagonia: A empresa promove uma cultura de colaboração e responsabilidade, incentivando as pessoas a expressarem suas opiniões e a buscarem soluções conjuntas para os desafios;
  • Zappos: A empresa valoriza a autonomia e a felicidade das pessoas, oferecendo um ambiente de trabalho flexível e encorajando a resolução de conflitos através do diálogo e da empatia.

A gestão de conflitos no ambiente corporativo continuará a evoluir, impulsionada por novas tecnologias, mudanças nas relações de trabalho e a busca por ambientes profissionais mais saudáveis e produtivos.

A capacidade de transformar conflitos em oportunidades será cada vez mais crucial para o sucesso das organizações, exigindo líderes e profissionais preparados para lidar com a complexidade e a diversidade do mundo contemporâneo.

A gestão de conflitos não é mais apenas uma questão de evitar problemas, mas de criar um ambiente onde os conflitos possam ser expressados, compreendidos e transformados em catalisadores de crescimento e inovação.

As empresas que abraçarem essa visão estarão melhor preparadas para enfrentar os desafios do futuro e construir um futuro mais próspero e sustentável para todos.

Conflitos devem ser vistos como instrumentos de evolução

Conflitos como elementos de evolução
Importantes pilares de aprendizado

Conflitos são originados em formas diferentes de perceber situações similares, posicionando pessoas a adotarem diferentes escolhas, o que é a essência de nosso livre arbítrio.

Cabe a você decidir as direções a tomar e as responsabilidades que nascem de suas decisões e o jogo consiste em equilibrar expectativas, acomodar espaços que muitos ocupam e harmonizar, decisões que impactam, direta ou indiretamente, na vida de muitos.

Isto eleva o compromisso do líder, pois ele é o decisor maior, o que referenda as direções dadas aos projetos que controla e ali estão envolvidas pessoas, que podem e tendem a ver as mesmas coisas com olhares diferentes.

O desafio é encontrar pontos comuns de percepção, pois cada visão contrariada se transforma em uma fonte de conflito, manifestada ou não.

Aí surge o primeiro degrau desta longa escada: abrir caminho para a livre manifestação, sem a ameaça velada de represálias, apenas pelo pensamento contraditório.

Empresas e organizações evoluídas incentivam a troca de ideias e a manifestação de visões diferentes, inclusive dos líderes, em todos os níveis, pois esta é uma forma de purificar estratégias, perceber lacunas não notadas isoladamente e, sobretudo, promover o senso de pertencimento às pessoas, para que elas se sintam parte de um todo e, assim, compreendam como é relevante ter, manter e até mudar de opinião, mas que o mais relevante de tudo, é sempre manifestar e ter a recepção humanizada e respeitosa de suas ideias.

Assim se resolvem os conflitos.

Deixe um comentário

O seu endereço de e-mail não será publicado. Campos obrigatórios são marcados com *