PAIXÃO. QUANDO PAIXÕES ATRAPALHAM

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Paixão. Remédio ou veneno

O que muda é a dose

Paixão. Remédio ou veneno
O que muda é a dose

Paixão é um elemento humano cercado de mistério e, porque não dizer, teorias da conspiração, que é o que fazemos quando não entendemos ou conhecemos algo adequadamente.

Paixão é facilmente confundido e até misturado com a noção de amor, sobretudo em abordagens românticas, mas paixão não está presa ao afeto amoroso, até vai bem além disto.

Paixão pode estar presente em tudo o que se faz na vida, como o trabalho, algum hobbie, um esporte, algum autor literário ou musical, lugares, experiências, tudo se presta à paixão em alguma dose ou medida.

Paixão costuma ser incentivado e visto como algo positivo no comportamento humano, algo que está posicionado na prateleira do bem, ao menos numa maneira geral.

Ocorre que isto é um erro essencial e neste artigo vamos descrever o conceito de paixão, como ela permeia a história da humanidade e os impactos que exerce na vida das pessoas.

Vamos dar uma atenção especial para os efeitos da paixão no ambiente profissional, no âmbito corporativo e suas relações, considerando aquilo que ela tem de positivo e de negativo.

Somos passionais em natureza e origem, uns mais e outros menos e isto gera múltiplas consequências, que precisamos, no mínimo, conhecer, para que possamos controlar.

Paixão. Sentimento primitivo e fundamental

Nasce nas nossas origens
Primitivo como nós

Paixão nasce antes da nossa consciência, aliás, nasce meio junto, nem tão antiga e nem tão nova, mas já vem de antes destes 10 mil anos da Revolução Cognitiva, quando ainda primitivos, estabelecíamos laços por afeição, não exatamente por amor, algo que, se existia, não conhecíamos e não tínhamos uma definição ao seu respeito.

A história da paixão como sentimento, sua origem e características é um tema tão interessante quanto complexo.

Apontam os estudos sobre o tema, que paixão é uma emoção intensa e profunda que envolve atração, desejo, admiração e até mesmo sofrimento por uma pessoa, objeto ou tema.

A paixão costuma alterar o comportamento, o pensamento e a bioquímica de quem a sente, trazendo impulsividade, ansiedade, obsessão e até felicidade, mesmo que transitória.

Paixão não pode ser confundida com amor, já que este é um sentimento mais estável, maduro e duradouro.

A polêmica estrutural sobre a paixão já começa na origem da palavra em si, que vem do latim passio, significando “sofrimento” ou “passividade”.

A paixão também tem um sentido filosófico, que se refere àquilo que nos domina e nos afasta da razão.

Platão, por exemplo, considerava a paixão como um desejo ilusório por algo que não corresponde à realidade essencial.

A paixão como sentimento romântico ou erótico teve sua origem relatada na Idade Média, com o surgimento da poesia trovadoresca e do ideal de amor cortês.

Neste contexto, a paixão era vista como um sentimento nobre, elevado e inspirador, mas também proibido, secreto e doloroso.

Os poetas cantavam as suas paixões por damas inatingíveis, casadas ou distantes, sofrendo por elas e buscando agradá-las com gestos de honra e bravura.

Com o tempo, a paixão foi se tornando um sentimento mais aceito e valorizado pela sociedade, mas também mais estudado e questionado pela ciência.

Hoje em dia, sabemos que a paixão envolve uma série de reações químicas no cérebro, que liberam neurotransmissores como a dopamina, a noradrenalina, a oxitocina e a vasopressina, substâncias que causam sensações de prazer, euforia, excitação, segurança e calma.

Estas reações tendem a diminuir com o tempo, fazendo com que a paixão dure em média de dois a três anos (isto em cenários otimistas).

A paixão pode ser considerada um estágio inicial do amor ou uma forma diferente de amar.

A diferença entre os dois sentimentos é que o amor é mais racional, equilibrado e durável, enquanto a paixão é mais irracional, descontrolada e efêmera.

O amor implica em compromisso, respeito, confiança e cumplicidade, enquanto a paixão implica em desejo, admiração, idealização e dependência.

A paixão é um sentimento humano universal, que pode ser vivido por qualquer pessoa em qualquer momento da vida.

Paixão tanto pode ser positiva quanto destruidora.

Um fenômeno fascinante e misterioso, que pode ser fonte de felicidade ou de dor, também pode ser expressada de diversas formas: através de palavras, gestos, olhares ou toques.

A paixão pode ser inspiração para obras de arte: poemas, músicas, pinturas ou filmes.

A paixão pode ser motivo para grandes feitos: conquistas, descobertas, invenções ou revoluções.

Quando este sentimento atrapalha

Quando vira problema
Começando a atrapalhar

Precisamos considerar que paixão não é apenas romântica, embora esteja cercada de volúpia e seja absolutamente instintiva, muito antes de ser racional ou de ter qualquer traço de consciência e controle.

A paixão é primeiro sentida, antes de ser percebida e está conectada com necessidade de preenchimento de vazios sentimentais e/ou existenciais.

Nunca é saudável o que machuca…

Paixão dói, aperta e derrama, sempre que não é correspondida e, feito vício, pode se tornar pior ainda quando é correspondida, pois aumenta exponencialmente as expectativas e necessidades e aí começam os problemas…

Se mata e se morre por paixão e isto é altamente destrutivo.

Uma paixão é uma espécie de lampião no paiol de pólvora…

Talvez você pense que a afirmação que usamos aqui é de que paixão é ruim, deve ser evitada.

O correto seria dizer que paixão é uma espécie de elixir, que dá energia na realização de projetos de vida, mas como todo e qualquer tipo de aditivo energético, quando utilizado de forma indiscriminada e sem controle, basicamente em excesso, acelera, distorce sensibilidade e percepção e coloca até mesmo a vida em risco.

Paixão, fora da dose, é veneno.

A paixão é um sentimento intenso e arrebatador que pode trazer muita alegria e satisfação para a vida das pessoas.

Quando a paixão se torna desmedida e descontrolada, ela vai causar diversos problemas e prejuízos para a saúde física, mental e emocional dos envolvidos.

Normalmente, os problemas começam quando a paixão transborda e vira obsessão, atravessando a tênue fronteira entre o que é normal e o que é doença.

Alguns exemplos de como a paixão obsessiva impacta as pessoas nas suas atividades cotidianas…

1 – Paixão no trabalho…

Ter paixão pelo que se faz é importante para o sucesso profissional, mas quando essa paixão se transforma em obsessão, vai comprometer o equilíbrio entre a vida pessoal e a carreira.

As pessoas que sofrem de paixão excessiva pelo trabalho tendem a se tornar workaholics, ou seja, viciadas em trabalho, e negligenciar outras áreas da vida, como a família, os amigos, o lazer e o descanso.

A paixão desmedida pelo trabalho vai gerar estresse, ansiedade, burnout e outros problemas de saúde, atingindo em cheio a eficiência, diminuindo resultados e punindo a pessoa que exatamente, é mais apaixonada pelo que faz.

É um tiro emocional deprimente.

2 – Paixão no amor…

Esta já nasce doentia, pois se relaciona ao senso de posse, ao projetar no outro aquilo que entendemos como ideal, ou seja: alguém altamente apaixonado por nós, que troque a sua vida pela nossa, que mude para se encaixar em nossas preferências, que diga o que queremos ouvir, que faça o que queremos fazer e, de preferência, concorde com todas as nossas opiniões.

O amor é um dos sentimentos mais nobres e belos que existem, mas quando ele é acompanhado de uma paixão desenfreada e possessiva, vai se tornar uma fonte de sofrimento e conflito.

As pessoas que vivem uma paixão excessiva no amor podem perder a noção da realidade e idealizar demais o parceiro ou a relação, criando expectativas irreais e frustrantes.

A paixão desmedida no amor pode levar ao ciúme, à insegurança, à dependência emocional e à violência doméstica.

Lembre que nunca se mata ou se morre por amor, mas se mata e se morre por paixão.

3 – Paixão no esporte…

O esporte é uma atividade saudável e divertida que pode trazer muitos benefícios para o corpo e para a mente.

Quando a paixão pelo esporte se torna exagerada e fanática, vai prejudicar a saúde física e mental dos praticantes ou dos torcedores.

As pessoas que sofrem de paixão excessiva pelo esporte vão se expor a riscos de lesões, de doping, de distúrbios alimentares e de transtornos psicológicos.

Quando a torcida apaixonada vira organizada, temos um batalhão, uma turba, uma verdadeira gangue, que desvirtua a ligação com o esporte e vira facção, exército de brutalidade e violência.

4 – Paixão pela religião…

Outra que já nasce doente.

Nunca existiu nenhuma guerra ou conflito que não tivesse origem na religião, na disputa por deuses que sequer existem.

A religião deveria ser uma forma de expressar a fé e a espiritualidade que deveria trazer conforto e esperança para as pessoas.

Quando a paixão pela religião se torna radical e intolerante, vai causar danos à liberdade e à diversidade religiosa.

As pessoas que sofrem de paixão excessiva pela religião se tornam fundamentalistas, ou seja, adeptas de uma interpretação literal e inquestionável dos textos sagrados, e rejeitam qualquer outra forma de pensamento ou crença.

A paixão desmedida pela religião leva ao fanatismo, ao extremismo, ao terrorismo e à guerra santa.

5 – Paixão pela internet…

A internet é uma ferramenta incrível que permite o acesso à informação, à comunicação, ao entretenimento e à educação.

Quando a paixão pela internet se torna compulsiva e descontrolada, vai afetar negativamente a qualidade de vida das pessoas, que sofrem de paixão excessiva pela internet e se tornam viciadas em redes sociais, jogos online, pornografia ou outras formas de conteúdo digital, e perdem o contato com o mundo real.

A paixão desmedida pela internet provoca isolamento social, depressão, ansiedade, insônia e outros problemas de saúde.

Paixão é doce veneno que, em excesso, adoece e mata

Paixão nunca funciona sem equilíbrio
Equilíbrio é a chave, como tudo na vida

Paixão é parte de um contexto humano que, além de perigoso, afetando a saúde mental e o equilíbrio, ainda possui um outro agravante: é ferramenta de marketing poderosa…

Exatamente…

A paixão é impulsionada para que as massas possuam determinados comportamentos consumistas, quando se cria necessidades absurdas, gerando vazios existenciais que aparentam serem preenchidos apenas de uma maneira: consumindo aquilo que é ofertado…

O último modelo de carro, telefone, roupa ou status.

Tudo isto é fonte de paixões desenfreadas e desequilibradas, gerando angústias e uma grande doença social comportamental do grande grupo social.

Se manter equilibrado num movimento social que anda numa única direção é algo muito complexo, pois tudo começa no julgamento e muitas vezes, para ser aceito, você precisa ostentar até o que não gosta e não acredita.

Deturpamos assim o senso de paixão.

Quando a paixão maior é pelo que está fora de nós e de nosso controle, ou seja, nas outras coisas e pessoas, estamos a um passo da doença da obsessão, a outra possibilidade é a doença da rejeição e, somando as duas, estamos em reflexo de esquizofrenia, pois perdemos a referência de quem somos ou no que nos transformamos.

Quando a rejeição (ou pretensa rejeição) nos atinge, ou quando a realidade fecha o punho e dá um murro na ponta do nosso nariz, todo o restante da nossa vida se compromete.

Pessoas frustradas nos relacionamentos amorosos decaem em desempenho profissional, se deprimem, são infelizes, e a vida não foi feita com este propósito.

Não se entregue aos apelos fortes do mundo consumista, não se atire nos braços das paixões, não se deixe seduzir pelas melodias harmoniosas das saudades, dos abandonos e das tristezas, não se conecte com rejeições e mantenha a razão acima de todo o resto.

Paixão é cicuta, que duas gotas curam, enquanto 3 matam.

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