O EMPREGO NO BRASIL. A CONSTRUÇÃO DA NOCIVA CULTURA DO EMPREGUISMO

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O emprego no Brasil

Alguém perdeu um cabide?

O emprego no Brasil
Alguém perdeu um cabide?

O emprego no Brasil é um tema que sempre surge como a tábua de salvação individual e coletiva da sociedade brasileira, considerando que tudo se movimenta a partir do emprego e do trabalho.

É fácil concordar que o trabalho é indispensável, o verdadeiro construtor do desenvolvimento humano, que gera o fundamental autossustento e alimenta a economia do lugar.

O problema não está no trabalho, e nem poderia, já que ele é essencial, é a verdadeira indústria da transformação humana, pois é a partir do trabalho que se constrói valor, a ponto de sermos pagos por isto e estabelecermos o ciclo do desenvolvimento.

O problema é quando o trabalho carrega, associado a si, a indústria do empreguismo, onde a busca não é mais pela construção de valor e remuneração justa em troca disto, mas em estabelecimento de laços de direitos, atrelados a uma segurança que as empresas e o estado são obrigados a oferecer, arcando com todos os riscos, que deveriam ser mútuos.

Vamos analisar este cenário que é latino (não apenas brasileiro), mas com foco na nossa realidade e entenderemos porque a economia cresce em outros lugares enquanto aqui, rasteja.

O emprego no brasil. A origem antropológica do paternalismo social e empreguismo

Emprego no Brasil. Já começou errado
Uma construção antropológica complicada

O emprego no Brasil segue um modelo considerado mundialmente atrasado, pois o sistema de emprego no Brasil não visa diretamente a produção de valor, e a consequente remuneração por isto, já que ele estabelece as bases de prestação de serviços e remuneração, sobre leis arcaicas e engessadas.

São poucos (uma minoria) os países que possuem legislações tão paternalistas e atrasadas como a nossa.

Tudo começou a partir do conceito de paternalismo inerente à nossa origem sociocultural, mas não se trata do tipo de cultura que pode ser modificada em plenitude através de estratégias ou educação, pois é essencialmente antropológico, datando de milhares de anos, na nossa construção genética, nas características inerentes aos povos latinos, salientes nos brasileiros e marcantes em contraste com outras culturas.

Cada povo tem características culturais diferentes entre si, onde algumas são similares, mas é muito difícil encontrar um conjunto sociocultural idêntico entre as centenas de nações e culturas que habitam no Planeta.

Somos produtos da evolução, e assim como outras espécies, embora sejamos iguais, mantemos diferenças antropológicas e sociológicas que foram (e são) moldadas a partir do ambiente específico onde aconteceu nossa evolução.

Nos adaptamos ao meio e isto é determinante na construção de nossa genética individual ou de grupos, mesmo pertencendo à mesma espécie.

Ursos são ursos, de uma mesma espécie, com as mesmas características biológicas, mas experimente jogar um urso negro no mar gelado do Ártico para ver o que acontece.

Experimente colocar um urso polar numa floresta subtropical para notar o comportamento daquele animal.

Ambos são ursos, mas os dois morreriam, pois não estão adaptados às condições do lugar onde foram inseridos, não ganharam a adaptação milenar que a evolução proporciona, adaptando, aos poucos, lentamente, cada organismo, para as condições específicas que terão que enfrentar.

Com os humanos aconteceu (e acontece) o mesmo.

Nossas múltiplas construções sociais viveram momentos e ambientes diferentes.

Parte de nós se estabeleceu em lugares quentes, onde está a nossa origem primordial, aparentemente na África.

Migramos para todo o Planeta, áreas frias, gélidas, outras quentes, desérticas até, com ênfase em lugares temperados, onde se concentra a maior quantidade de gente na Terra.

Nossa civilização foi formada por guerras, visando a conquista de melhores lugares, mais conforto, recursos, qualidade de vida.

Ocorre que estes lugares eram de interesse de muitos e isto gerou lutas e embates, na maioria sangrentos, o que aumentou nosso senso social de comunidade, pois o que eram aldeias, anteriormente, ganhou mais solidez cultural específica daquele nicho e este enclausuramento cultural localizado, comum para a sobrevivência do grupo, foi criando diferenças essenciais entre cada uma daquelas comunidades.

Cada povo estabeleceu sua cultura, a partir das necessidades que tinham, as condições que encontravam para enfrentar as dificuldades e as crenças que praticavam, obviamente, sem esquecer da influência do ambiente sobre a sua estrutura biológica.

Enquanto os africanos, por exemplo, desenvolviam uma estrutura física esguia, linear e harmônica, preparada para caminhar e correr grandes distâncias, e tinham a pele mais escurecida, visando a proteção à alta exposição solar, os esquimós ganhavam olhos mais fechados, visando uma proteção contra a agressividade da luz refletida na neve, corpos menores e mais atarracados, para enfrentamento do frio, maior índice de gordura corporal, pelo mesmo motivo, sistemas circulatórios diferentes e condição genética mais afeita ao ambiente gelado.

São muitas as nossas classes humanas, todas perfeita e maravilhosamente adaptadas a cada cenário onde o indivíduo está inserido.

O princípio da vida se deu em direção ao centro europeu e Ásia, onde se consolidou o nascimento de nossa civilização.

A antropologia aponta que o homem, enquanto ser biológico, surgiu na África, mas migrou ao norte, em busca de condições de vida menos extremas.

É preciso considerar que as condições ambientais e climáticas também mudaram com o tempo.

Pangeia era o nome dado ao conjunto continental único que formava a Terra em sua origem, e partes deste conjunto se desprenderam, se separando e distanciando, umas das outras, em resposta aos movimentos sísmicos e de acomodação daquele jovem planeta, que nascia a partir de uma gigante bola de magma.

Claro que estamos falando de idades geológicas, com milhões e milhões de anos entre um movimento e outro, algo incompreensível a partir de nossa noção biológica de tempo.

Alguns lugares ficaram frios, outros quentes demais, alguns temperados e mais aprazíveis à vida, e como nômades, avançamos em busca do que nos parecia melhor, com mais recursos vitais.

Muita gente migrou para a mesma região e alguns lugares eram mais valorizados que outros.

Eram mais férteis, prolíferos, menos agressivos em clima e solo e era ali que a maioria queria ficar.

Claro que não havia lugar para todos.

Claro que ali se encontraram povos de diferentes origens e distintos hábitos, comportamentos, crenças e culturas…

O resultado?

Guerras!

A guerra é da natureza humana.

Não é muito agradável falar disto, mas o ser humano possui comportamento de vírus.

Somente vírus e humanos se reproduzem em excesso, matam indivíduos da mesma espécie sem motivação aparente e destroem o ambiente onde vivem.

De qualquer forma, estes primórdios de nossa civilização determinaram o que somos hoje.

Enquanto o “povo do gelo” passava muito mais trabalho para encontrar recursos para se alimentar, se reproduzir e sobreviver, a “galera da praia” encontrava quase tudo ao alcance, sem muito esforço, a não ser, guerrear para defender o território dos invasores.

A civilização humana se concentrava, em sua maioria, no que hoje é o norte africano, o continente europeu e a Ásia.

Américas e Oceania sequer eram conhecidos.

Depois de muito tempo, com a descoberta das navegações, estas áreas foram descobertas, ocupadas e colonizadas.

Quando chegaram aqui, os colonizadores, de várias origens, encontraram povos silvícolas, quase nus, pois a verdade é que habitávamos paraísos, onde o clima era ameno, extremamente favorável à vida, alimento farto caindo sobre os pés, fertilidade extrema, propagada pelo calor constante, e muito poucos ou nenhum episódio adverso à vida, como terremotos, nevascas, tempestades.

Além de tudo, os espaços eram continentais e havia lugar para todo mundo.

Tivemos guerras e lutas pelos melhores lugares, pois até no paraíso existe o paraíso do paraíso, mas a maior parte de nossas guerras estava associada a crenças e dominação (características de vírus).

Chegamos à origem do problema do empreguismo.

A Revolução Industrial alterou a nossa mentalidade em relação ao trabalho

Fabricando apertadores de parafusos
Máquinas precisam de operadores

Com a chegada da Revolução Industrial, no início do século XX, a dinâmica do trabalho recebeu um impacto fulminante e transformador.

Grandes conglomerados industriais se estabeleceram, a partir do modelo da indústria automobilística, se expandindo para vários outros campos da atividade humana.

Neste ponto, a figura central da Revolução Industrial era a LINHA DE MONTAGEM, onde a fabricação de produtos era realizada em ciclos de construção, normalmente, avançando através de esteiras que transportavam o produto em diversas etapas, onde profissionais agregavam novos componentes e peças, e quando chegava ao final do ciclo, o produto estava pronto para sua distribuição e venda.

Tudo isto numa escala grandiosa.

A mão-de-obra precisou ser adaptada e eram necessários técnicos para operar nestes processos.

O sistema de educação passou a formar pessoas padronizadas, treinadas e propositalmente preparadas para executar trabalhos cíclicos, repetitivos e monótonos e eram remuneradas por isto, inicialmente, de forma bem compensadora.

Praticamente todo o ensino de massa passou a aplicar este método, que pouco depois, passou a ser conhecido como “Fábrica de Apertadores de Parafusos”.

Deste momento em diante, passamos a ser ensinados a sermos empregados.

Este processo feriu de morte nossa iniciativa empreendedora, se associando ao nosso avesso antropológico ao empreendimento, viramos uma Nação de Empregados, ou de pessoas procurando um emprego, preferencialmente, onde não haja muito trabalho a ser feito e que proporcione muitos direitos e benefícios.

Nossa matriz produtiva virou um tecido de grandes conglomerados, cada vez mais poderosos e ricos, e a indústria de transformação cresceu, fazendo do Brasil uma das maiores economias do mundo, normalmente figurando entre os Top 10.

Mas como a 10ª economia do mundo viveu o tempo todo sob enormes dificuldades e problemas sociais?

Exatamente por isto…

Um grupo contrata milhares de empregados, onde cada um destes empregados é parte da força produtiva e sua remuneração é parte de uma composição de custos do produto final.

Se você é um empresário e quer minimizar custos para ampliar a produtividade, o que você faz?

Exatamente…

Você busca os pontos de sua operação onde consiga aplicar ações de redução de custos que tenham o maior impacto, e não por acaso, um dos principais segmentos onde os custos impactam de maneira importante, são os salários, remunerações acessórias e benefícios da massa trabalhadora.

É uma questão filosófica simples.

Com isto, historicamente, empregados ganham o mínimo possível ao empregador, que movimenta imensas quantidades de valores oriundos da produção e isto acaba em algo conhecido como CONCENTRAÇÃO DE RENDA.

O capital fica concentrado na mão de uma minoria, enquanto a maioria é assalariada, sem perspectivas de crescimento e todo o sistema de educação está focado em manter esta relação.

Os “dereitos”

Os direitos se empilham, e nenhum, na verdade é útil, do ponto de vista de justiça econômica.

São migalhas jogadas para aplacar o fervor que até nem existe, pois o povo se acostumou a estudar para arrumar algum emprego, ou pior, ser funcionário público.

Veneno e remédio se misturam numa mesma poção.

O sistema macroeconômico alimenta empregados e os empregados se alimentam dele, mal, mas é a única forma que encontram de se alimentar, afinal, foram educados para isto.

Outras nações desenvolvidas sequer conhecem a maior parte dos benefícios aplicados no Brasil.

Os Estados Unidos, por exemplo, não possuem Fundo de Garantia (FGTS), Previdência Social, Sistema Único de Saúde (SUS), Férias Remuneradas, 13º, 14º e até 15º salários, como aqui, e não é a toa que são a maior Nação do Planeta.

A maior parte dos países não pratica estes absurdos.

O que temos aqui é um conjunto de “milho aos pombos”, estabelecidos por lei, gerando dependência cíclica, que atrasa e arrasta a economia, que cresce, como um país rico, mas que não distribui esta riqueza, piorando as condições sociais.

Empreender seria a solução para o emprego no brasil

Empreender é a melhor solução para o emprego no Brasil
Empreender é construir riqueza, liberdade e independência

O emprego no Brasil seria um problema de muito fácil solução, se nossa cultura estivesse um pouco mais conectada com o empreendedorismo.

O emprego no Brasil, erradamente, paga as pessoas pelo seu trabalho, enquanto o correto seria pagar as pessoas pelo RESULTADO de seu trabalho.

Ocorre que isto envolve risco, competência, dedicação, profissionalismo, disciplina, envolvimento, responsabilidade, aperfeiçoamento e melhoria contínua, o que parece exigir muito das pessoas neste clima tropical, abençoado por deus e bonito por natureza.

Criar seu próprio negócio, entrar em risco com seus investimentos, apostar em seu próprio talento e capacidade é algo que parece ameaçador para muita gente, e o mais cômodo, já que os recursos que precisamos não nascem em árvores, é jogar na loteria ou arrumar um emprego.

Quando você arruma um emprego, todo o risco do negócio é jogado sobre as costas do empreendedor, e você passa a ser apenas mais uma das responsabilidades daquele ser que carrega a economia nas costas.

Você passa a ser visto como um custo.

Você recebe por 8 horas de trabalho, mas apenas está presente de corpo (sem alma), num ambiente de trabalho, durante seu expediente.

Uma maioria conta tempo, exercendo suas funções no limite de sua tolerância e o suficiente para não ser substituído por outro similar, que apenas aguarda a vez.

Ao ser inscrito e registrado como um empregado, seus direitos começam a se empilhar sobre a mesa do empreendedor, enquanto você fica, em média, 30m falando sobre o jogo ou evento de ontem, com os demais de sua equipe, antes de iniciar o trabalho propriamente dito.

Um estudo da Jansen Consultoria mostra que 31% das pessoas, confessaram que deixam para fazer suas necessidades fisiológicas (o nº 2), no ambiente da empresa, pois entendem que isto ajuda a relaxar suas tensões profissionais.

O sócio obrigatório

O empreendedor ainda precisa lidar com o mais pesado de seus estorvos: o governo.

Um verdadeiro sócio prioritário, que não se preocupa com seu lucro (apenas para tributá-lo), a quem você precisa pagar, incondicionalmente, 40% de todo o seu faturamento bruto (em média), independente de ter lucro ou não.

Tudo isto para ter serviços públicos de péssima qualidade e insuficientes para manter o abastecimento social.

Estabilidade

Não bastasse todo este cenário, depois de um tempo empregado, alguns funcionários passam a contar com mais um benefício derradeiro: a estabilidade.

Funcionários públicos são campeões mundiais de benefícios e a estabilidade é apenas mais uma destas vantagens.

Na iniciativa privada também existem várias formas de estabilidade, aplicadas das mais diversas maneiras.

O único caminho

Mesmo enfrentando todos estes problemas, ser empreendedor ainda é a melhor forma de construir sustento e riqueza, de maneira clara e objetiva, com maior justiça a todos os envolvidos.

Empreender é gerar a própria riqueza, sendo o melhor caminho, além do mais justo, para se equilibrar a distribuição de renda.

Quando surge um empreendedor, nasce uma ilha econômica de geração de valor.

Ao seu redor florescem novas oportunidades, por menor que seja o empreendimento e a economia assume uma postura ativa, de geração de riquezas, suficientes para tirar aquela pessoa do ciclo passivo da remuneração pelo TEMPO e não pelo RESULTADO.

O emprego no Brasil precisa de uma revolução que não vai acontecer

Esperando a transformação do emprego no Brasil
O que você acha?

O emprego no Brasil está fadado a correr sempre atrás da modernidade, com enormes dificuldades de emparelhar, já que o elemento EMPREGO é uma comoditie que acaba servindo aos interesses populistas dos governantes que se sucedem, independente de ideologia ou vertente política.

Num país de matriz paternalista, oferecer assistencialismo e vantagens pessoalizadas, é uma moeda de troca evidente em troca dos votos obrigatórios que mantém a cadeia de poder.

Desde que o direito ao voto foi dado ao povo, através do que se chama de redomocratização, os eleitos são praticamente os mesmos, e uns até, estão na terceira e quarta geração de políticos, fazendo sempre as mesmas coisas, do mesmo jeito.

Manter pessoas alheias ao conhecimento, numa margem de dependência extrema do estado, ao mesmo tempo que perpetua ciclos de poder, estabelece uma cultura dependente e incapaz de mudar o estado de coisas.

Por isto o emprego no Brasil deixou de ser um ativo econômico, mas uma fonte de manipulação dos interesses sociais.

É bom pensar nisto por este viés, pois quanto mais pessoas entenderem como este processo funciona, melhores são as chances de, em algum dia, algo se tornar “menos pior”, já que as escolhas são: ou você se torna dependente de alguém que vai sustentar seus sonhos, ou você empreende e arrisca virar um alimentador do sócio gordo e impotente chamado governo.

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