MUDANÇAS. PORQUE RESISTIMOS TANTO AO NOVO

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Mudanças. Porque somos tão resistentes

O que nos faz evoluir

Mudanças. Porque somos tão resistentes
O que nos faz evoluir

Mudanças são uma dificuldade humana, um processo que requer uma perspectiva que não é natural para nossa espécie, sobretudo como resultado de nossa longa evolução.

Mudanças são um daqueles elementos que se relacionam diretamente com programações genéticas primitivas, associadas ao nosso senso de autoproteção e defesa e por isto a maior parte de nós possui tanta dificuldade em se adaptar às mudanças.

Explico…

Somos produtos de uma longa evolução, um ciclo evolutivo que é resultado de nossa longa adaptação ao mundo, através da história, através de nossas superações e aprendizados.

Nomeamos de “Pecados Capitais” algumas características de nossas personalidades que não são muito simpáticas no ambiente social, como a gula, avareza, ira, preguiça, orgulho, inveja, luxúria.

As religiões, nascidas com base em nosso desconhecimento do Universo, definiu estas características como “pecados”, mas na verdade, estes elementos são apenas resultado de nossa adaptação através do tempo e todos eles possuem explicações antropológicas originais.

Tente imaginar tempos primitivos, num ambiente ameaçador e desafiador, onde tudo era difícil e éramos primitivos ao extremo, antes mesmo da Revolução Cognitiva (a consciência humana) e não passávamos de mamíferos comuns e frágeis.

Ter preguiça, por exemplo, era uma programação genética de defesa, tanto para nos proteger de investidas desnecessárias aos campos de caça, quanto para armazenar a rara energia…

A gula é um instinto primordial, que nos move a consumir a maior quantidade possível de alimentos a cada vez, pela dificuldade em conquistar, pois não sabíamos ao certo quando comeríamos novamente…

A luxúria está conectada ao nosso princípio básico de reprodução…

A inveja serve para nos forçar a melhorar e buscar as conquistas que outros semelhantes conquistaram…

A ira é uma manifestação de proteção primitiva, que nos levava a lutar pelos nossos interesses, mesmo que irracionalmente…

O orgulho é uma espécie de autorreconhecimento pelas conquistas, enquanto a avareza nos leva à economia.

O “pecado”, em si, não está nas características apresentadas, mas nos excessos e na priorização que damos a elas, pois de fato, são essências de nossa construção antropológica, partes de nosso “Eu” mais profundo.

As mudanças afetam a maior parte destas estruturas e propõem algo que nos acostumamos a ouvir nos últimos anos: zona de conforto.

Tente entender que, há 50 milhões de anos, desenvolvemos nossa programação genética, criando e consolidando características fundamentais à nossa sobrevivência em tempos desafiadores e nossa busca primordial sempre foi encontrar, construir e consolidar uma “zona de conforto”, em meio a tanta competição, perigos e ameaças.

Hoje o mundo moderno nos exige uma capacidade muito maior de adaptação e isto resulta numa série de mudanças, cada vez maiores e mais imediatas.

O discurso é: “Saia da sua zona de conforto”.

Agora você entende melhor porque mudanças são tão difíceis e a maior parte de nós é resistente a este processo tão presente na vida de todos nós.

É disto que vamos falar aqui.

Mudanças. Porque acontecem

Caminhos de transformação do mundo
Os caminhos da evolução

Mudanças são inerentes à evolução e constituem o elemento básico da transformação, como a peça que aplica a melhoria, já que o princípio intencional da mudança é a melhoria e não o retrocesso.

Mudanças são fruto de aprendizado, mesmo que por tentativa e erro.

Nossa trajetória na existência é cercada de evolução e somos o momento evolutivo mais singular de todos os tempos, até aqui, ao menos.

Para entender a necessidade de mudanças é preciso considerar a velocidade com que as transformações acontecem.

Se olharmos para nossa história, perceberemos que evoluímos muito mais nos últimos 50 anos, ou talvez nos últimos 100 anos, que através de toda a nossa existência.

Em outras palavras, os maiores avanços da humanidade aconteceram juntos, em tempo restrito a aproximadamente 100 anos, considerando que a história da evolução humana, data de 50 milhões de anos.

Alguns podem afirmar que a humanidade existe há 40 mil anos e isto não está completamente errado, mas quando se trata de antropologia, precisamos analisar o contexto, o conjunto completo e o que surgiu há 40 mil anos, que hoje reconhecemos como humanidade, é resultado de evolução contínua da vida, desde que a primeira ameba se arrastou para fora de uma poça inóspita à sua existência e deu início ao caminho evolucionista que chegou até o homem e sua história.

A maioria de nossos registros genéticos mais fundamentais nasceram muito antes de nós, em antepassados que sequer possuíam características hominídeas, pois não dá para esquecer que somos mamíferos inconscientes, muito antes e por muito mais tempo do que somos Homo Sapiens Sapiens e portadores de consciência.

Nossos instintos nasceram numa era chamada de reptiliana, ou seja, muitas de nossas características vitais existem até mesmo nos répteis, os seres mais primitivos ainda existentes no Planeta.

Desde então, nossa programação nos leva a economizar energia, cuidar de nossa sobrevivência e evitarmos a saída de nossa zona de conforto.

O princípio das mudanças é, portanto, fazer algo que nos leve para fora da zona de conforto, o que é um esforço antinatural, contraintuitivo para a nossa espécie.

A resistência às mudanças…

Agora você entende porque a maior parte de nós é refratária às mudanças e que alterações em seu meio costumam ser vistas com precaução e até medo.

Mas mudanças não são de todo antinaturais, afinal, evoluímos e chegamos até aqui.

Toda esta evolução é resultante do enfrentamento que fazemos diante de nossas limitações e da construção de novos caminhos.

Novos caminhos são diferentes dos costumeiramente percorridos e isto demonstra que sim, embora sejamos avessos às mudanças, estamos mudando o tempo todo e somos produtos de constantes transformações.

Não fossem as primeiras ousadias, ainda habitaríamos cavernas e comeríamos caça primitiva, ou talvez, até mesmo uns aos outros, ou sacrificaríamos crianças apenas para agradecer o nascer do sol ou uma safra melhor.

Como passamos a entender melhor como funcionavam as colheitas, a partir da Revolução Agrícola, começamos a perceber que, interferindo no ambiente, de maneira inteligente, poderíamos garantir melhores colheitas, criando as condições adequadas, ao invés de termos que jogar nossas crianças em fogueiras, rituais ou vulcões.

Este é um exemplo de mudanças essenciais em comportamentos que resultaram em evolução.

Até aqui tudo bem, pois demoramos séculos para entender a agricultura, por isto éramos nômades, pois como os grandes felinos e outros mamíferos, vivíamos em constante peregrinação, atrás das manadas e em busca dos grãos que só nasciam em determinados lugares e épocas.

Quando “domesticamos” as plantas e os animais, descobrimos que não precisávamos mais viajar distâncias enormes, o tempo todo, nos expondo às ameaças e competições que existiam naquele tempo (e até hoje).

Foi neste momento que a humanidade passou a se fixar nos melhores ambientes e os desafios passaram a ser outros, como guerras pelos melhores espaços, terras mais férteis, climas mais amenos, mas isto já é outra parte da história.

De certa forma, as mudanças sempre estiveram presentes em nossa história.

Até aí, não há novidade, o problema está na mudança do ritmo.

Durante a evolução da humanidade a mudança foi sempre uma consequência, de alguma descoberta.

Primeiro descobrimos as ferramentas e isto transformou nossa existência.

Depois descobrimos o fogo e isto foi mais impactante.

Já tínhamos ferramentas e fogo e isto ampliou em escala a nossa capacidade de transformar o mundo.

Este foi o primeiro passo após as revoluções cognitiva e agrícola.

Analisávamos algo, em meio ao pouco conhecimento que tínhamos, demorávamos o tempo que fosse necessário e mudávamos, ou não.

O problema está nestes últimos tempos, nos momentos mais recentes, quando aportamos tecnologia que multiplica o conhecimento.

Quanto mais sabemos, mais evoluímos e mais entendemos que precisamos avançar.

A vida se torna mais longa e segura a partir de nossas invenções.

Morríamos de câncer desde sempre, mas sequer sabíamos que câncer existia.

Hoje conseguimos enfrentar uma doença complexa e atingimos elevados índices de sucesso na luta contra este mal e tudo se deve ao conhecimento e ninguém duvida que, em breve, estaremos totalmente imunes a este mal.

As ferramentas já estão aí, como a inteligência artificial, a engenharia genética e os enormes campos de estudo abertos e avançando cada vez mais adiante nesta nobre evolução.

Este é só um exemplo do potencial que a evolução humana, através das mudanças, é capaz de proporcionar.

Não morremos mais da maioria das doenças descobertas, apenas algumas poucas, como o câncer, em algumas de suas variações, ainda podem ser definidas como incuráveis, por enquanto.

Todos os demais campos da existência humana avançam rapidamente e a construção do conhecimento nos leva cada vez mais adiante, inclusive com a AI, que tem potencial de pensar mais rápido e com maior eficiência que a própria humanidade.

Chegamos ao ponto máximo de nossa temática, a capacidade de acompanharmos a necessidade de mudanças.

No passado, mudávamos quando queríamos, hoje esta definição não mais nos pertence.

Acordamos no dia seguinte como novas versões de programas, sistemas, tecnologias e até na forma como nos relacionamos.

Nossa vida, nossos empregos, nossa comunicação, nossa evolução, dependem diretamente da nossa capacidade de evoluir sempre.

A humanidade não tem mais tempo para esperar por nós e as transformações, pela primeira vez na história, andam na nossa frente, nos levando de arrasto para o futuro, onde muitas de nossas ações e comportamentos, são determinadas pela nossa capacidade de entender o que acontece.

Somos capazes de acompanhar o futuro?

Na direção do futuro
O que nos leva adiante

A pergunta que não quer calar é se temos capacidade de acompanhar todas estas transformações e provocarmos, em nós mesmos, o ritmo de mudanças que necessitamos para mantermos conexão com o mundo, que se transforma em tempo real.

Incrivelmente ainda existe dinheiro, notas de papel físico que determinam um valor econômico, ao mesmo tempo em que existe o dinheiro eletrônico, que circula em transações instantâneas, em todas as direções.

Ainda é difícil exigir da velhinha aposentada que ela entenda esta transformação e pare de frequentar as filas enormes, para receber fisicamente o dinheiro de sua aposentadoria, quando ela poderia utilizar um aplicativo simples, de um banco qualquer, onde tudo aconteceria automaticamente.

Ocorre que em algum tempo, a velhinha não estará mais ali e a outra geração já não conhecerá mais o dinheiro físico.

Não conhecerá mais o caderno e sequer entenderá que, em algum momento na história, alguém escreveu em letra cursiva, ou até mesmo, escreveu à mão e, mais ainda, num futuro próximo, porque escrever, se você pode simplesmente falar e os equipamentos vão conversar com você e produzir o que você quiser.

Este é o grande e verdadeiro desafio.

Entendermos que mudanças não são mais uma opção ou o resultado de um processo que funciona na nossa velocidade.

Mudanças são uma consequência dos movimentos da humanidade.

Dispositivos te despertam com seu café pronto e a água da banheira na temperatura e horário ideal.

Boa parte de seus compromissos são automatizados e realizados, na forma de tarefas, por inteligências que você nem conhece.

Mudanças de comportamento social já acontecem, com o advento das redes sociais, que criaram um novo universo, virtual, mas inserido na realidade cotidiana.

Somos mais expostos, enxergamos mais das outras pessoas também, a maioria sequer conhecemos, as notícias e informações trafegam velozmente, em todas as direções e sequer temos filtros adequados para entender a diferença entre verdade e mentira.

A verdadeira essência humana está exposta como nunca, em tudo o que temos de bom e em tudo o que temos de ruim.

No ambiente corporativo as mudanças criam novos desafios.

As profissões não são mais as mesmas, a forma como realizamos atividades e tarefas também sofreram grande metamorfose.

O segredo é encontrar uma forma de sintonizar nas mudanças e nesta constante evolução, o que certamente, é o maior de todos os desafios que a humanidade já enfrentou, em todos os tempos.

As novas gerações já aprendem de maneira diferente, já temos dificuldade de acompanhar a forma de raciocínio das crianças atuais.

Estudos demonstram que a geração que vai viver 120 anos já está entre nós.

Não podemos conceber mais o futuro com o mesmo olhar que sempre tivemos, pois estamos diante de uma série de elementos transformadores potencialmente poderosos, como nunca antes estivemos.

Conseguimos criar programas e equipamentos que escalam nossa própria inteligência, como a capacidade de processar dados, gerar informações inteligentes e encontrar soluções para problemas complexos que ainda nem identificamos.

Mudanças. Um caminho de uma única direção

Mudanças são inevitáveis
A vida segue seu percurso

Mudanças estão aí e vão se expandir cada vez mais, em escala e não cabe a nós oferecermos resistência, por 2 motivos: o primeiro é que o Universo e a realidade não está nem aí para o que pensamos ou acreditamos e o curso da evolução seguirá seu rumo, com ou apesar de nós.

O segundo motivo é existencial, pois nossa única opção é entendermos que este é um caminho sem volta e cabe a nós gerarmos o esforço necessário para acompanharmos estes movimentos, ou ficaremos para trás.

Quanto às questões filosóficas ou éticas, é relevante que mantenhamos um acompanhamento sobre esta nova realidade e este novo cenário, mas pelo que conhecemos da humanidade, leis e normas serviram de pouco ou quase nada na contenção de novas tecnologias e soluções.

As filas de transplantes estão repletas de pessoas que, em maioria, morrem todos os dias, em quantidade, porque a religião impediu os estudos com clonagem humana, algo que permitiria gerar um coração novo, a partir de uma célula tronco do próprio receptor, com ZERO de rejeição, apenas sob o argumento de que o homem estaria “brincando de deus”, algo que sequer existe comprovação de sua existência.

Brincamos de deus quando inventamos vacinas, quando curamos infecções, quando descobrimos o câncer e desenvolvemos tratamentos para ele, quando ampliamos ao dobro a expectativa de vida humana e, em breve, vamos triplicar o tempo de nossa existência vital.

Brincamos de deus quando criamos novas tecnologias, que geram maior capacidade de produzir alimentos, de suprimir a fome, de apaziguar a maldade humana e hoje morrem 5 vezes mais pessoas por obesidade do que pela soma de todas as guerras.

Uma hora tudo isto vai mudar e vamos avançar em passos largos para uma evolução de verdade.

Já está acontecendo e não depende de cada um de nós individualmente, depende de nosso conjunto da humanidade e, creiam, quando for apresentado ao homem a possibilidade da vida eterna (ou algo próximo a isto), da juventude permanente, da felicidade ampla, a humanidade não hesitará um único segundo e a humanidade nunca mais será a mesma.

Já não é a mesma, neste exato momento em que você lê este texto, concordando ou não com o que está escrito aqui, o mundo já é outro e você sequer percebeu.

Mudanças são mais que uma necessidade, são o único caminho para nossa existência e o único motivo para continuarmos em frente.

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