Modelo de negócios é uma ferramenta do conjunto de organização de uma empresa e, por mais estranho que possa parecer, em nosso título usamos a expressão “vida da sua empresa”, pois pretendemos ressaltar que a empresa é um organismo vivo, que respira e precisa de nutrição para funcionar, além do quê, tudo o que tem vida pode morrer, e com sua empresa não é diferente.
O modelo de negócios é o desenho prático de uma questão estratégica, que envolve todo o Balanced Scorecard (missão, visão, valores, políticas de qualidade, etc).
Um modelo de negócios é como a empresa escolhe sua estratégia, seu formato, sua operação, como vai se relacionar com o mercado e tudo o que está envolvido em sua gestão, operação e desenvolvimento.
Estamos falando, portanto, de modelo de gestão, de administração aplicada ao negócio e, em essência, de profissionalismo gerencial.
Qualquer atividade humana precisa de mínima organização para fluir e com a gestão não é diferente.O modelo de negócios é uma destas tantas ferramentas que a gestão utiliza, sendo possivelmente, uma das primordiais, pois é definidora e orientadora de toda a estratégia e assim deve ser tratada.
Modelo de negócios é um daqueles bons exemplos de processos de gestão que as pessoas confundem com um gráfico, um desenho, um mapa ou uma figura qualquer.
Antes de tudo é preciso entender que todos os gráficos, mapas, organogramas, fluxogramas, diagramas e todas as demais ferramentas deste tipo, são representações de projetos, ou seja, demonstram graficamente uma ideia, seus processos, recursos, objetivos, dificuldades e projeções.
É utopia imaginar que printar um gráfico na parede dará envergadura administrativa à equipe gerencial, principalmente se eles não souberem nada (ou muito pouco) do que está representado ali.
Você pode pensar que isto parece lógico e talvez pense assim porque é lógico mesmo, mas nem todo mundo enxerga assim.
Um bom exemplo é o próprio Balanced Scorecard, que a maioria das empresas usa sem função e finalidade nenhuma.
Tente lembrar de quantas empresas você já visitou em que existe aquele quadro lindo na parede, bem à vista de todo mundo, falando de Missão, Valores, Visão, Política da Qualidade e outras expressões institucionais lindas e marcantes.
Incrível, mas muitas destas expressões estão ali para bonito, por ostentação.
O Balanced Scorecard é um conjunto de posturas e decisões que a empresa assume no início de sua trajetória de gestão, e a Missão, por exemplo, orienta toda a construção de todo o conjunto de ferramentas de gestão e estratégia de uma empresa.
A Visão, por sua vez, é como a empresa se enxerga no futuro, do ponto de vista institucional, envolvendo administração, mercado, posição institucional de imagem e tantos outros fatores.
A Política de Qualidade determina o nível de qualidade que a empresa imprime em suas realizações.
Os Valores da empresa, normalmente são princípios que a empresa jamais irá ferir em sua trajetória, não importando o que o futuro reservar.
Quando sua empresa passa por um dos tantos processos de certificação de Qualidade, como o sistema ISO, por exemplo, na auditoria costumam questionar aos colaboradores de todos os escalões, incluindo os menos elevados, qual a missão da empresa, seus valores, sua política de qualidade, com um detalhe: sem que os gestores saibam, e saber responder apropriadamente é decisivo para uma boa avaliação, pois determina o quanto aquilo é parte da cultura da empresa e é compreendido por todos os que fazem parte daquele empreendimento.
O modelo de negócios também é uma ferramenta de gestão e, como tal, serve para concentrar informações e decisões relevantes para a operação da empresa, além de orientar todo o conjunto das demais ferramentas intersetoriais que regulam todo o funcionamento do empreendimento.
Não é incomum chegarmos a alguma empresa que também tenha um lindo modelo de negócios “desenhado” num dos tantos formatos canvas existentes para isto, mas que serve apenas de peça estética e de ostentação, já que não exercem função prática no gerenciamento cotidiano do negócio.
Nosso objetivo é demonstrar o que está envolvido num modelo de negócios, elementos que vão bem além de um simples mapa gráfico numa parede, já que o modelo de negócios é resultado de decisões estratégicas oriundas dos empreendedores.
Todo o encaminhamento estratégico de uma empresa pode (e deve) estar claro na representação de um modelo de negócios.
É uma ferramenta que integra a compreensão de todas as pessoas sobre os projetos e formas de fazer com que os objetivos se realizem.
Muita gente entende que estes elementos de gestão são complicados e é exatamente o contrário.
Um modelo de negócios apresenta com clareza, em forma de diagrama, as definições da empresa e os caminhos globais para a conquista das suas metas.
Um dos formatos clássicos mais utilizados e compreendidos, por sua simplicidade é o Business Model Canvas.
Seu criador é o suíço Alexander Osterwalder, e surgiu para o mundo através de seu livro “Business Model Generation”, de 2008.
A simplicidade do diagrama conquistou o mundo, pois possibilita uma visão ampla de todos os principais processos de uma empresa numa única figura, o que é decorrente de sua facilidade de compreensão por qualquer indivíduo, em qualquer nível de hierarquia.
O diferencial desta ferramenta é que ela pode ser utilizada através de softwares especializados em sua produção, em quadros afixados à parede e até mesmo em representações mais simples, pois o relevante é seu conteúdo e seu potencial orientador.
O que mais vem à mente quando se fala em determinar um modelo estratégico é a expressão “complicação”.
Este formato torna mais simples o desafio de acompanhar as inovações impostas pelas mudanças de mercado.
Demonstrar para a equipe e para todos os envolvidos os caminhos determinantes da gestão estratégica, fazendo com que todos tenham o envolvimento mais facilitado é o principal objetivo deste modelo conhecido como CANVAS (quadro ou tela, traduzindo do inglês).
Colocar teoria na realidade prática é uma das características desta ferramenta.
Este mapa visual é muito fácil de ser administrado e substitui pesados e complexos conjuntos de gráficos, documentos, planilhas que não possuem funcionalidade prática, tomando tempo, concentração, esforços e recursos da equipe, arrastando o cotidiano da empresa.
Várias empresas, de todos os portes se utilizam deste modelo em suas operações, incluindo grandes conglomerados, como Ericsson, Votorantim e Globo.
Sua utilização, no entanto, é muito maior nos empreendimentos de médio porte, e maior ainda nas inovadoras startups, e o argumento é de que “não há tempo a perder”.
Uma característica deste modelo é manter o foco no que realmente importa e pode provocar alterações nos resultados, com muita relevância para quem começa do zero e possui os desafios de empreender desde o começo.
O principal diferencial deste formato de modelo de negócios é sua exposição completamente visual, pois deixa à vista todos os aspectos relevantes para o sucesso da empresa, ao contrário de outros modelos que escondem tudo em meio à complexidade de calhamaços de documentos, relatórios e sistemas, que só especialistas concentrados conseguem operar e, quando percebemos, algo crítico já se foi, porque não estava na tela.
Importante frisar que o canvas não substitui o modelo de negócios detalhado, técnico e tradicional, ele apenas resume, de uma forma inteligente, o que é mais relevante e precisa ficar visível num processo de gestão profissional.
As empresas ainda em gestação possuem vantagens adicionais com esta ferramenta, pois ela apresenta de uma forma clara, como medir custos e receitas, consolidar as melhores parcerias, analisar, estudar e conhecer melhor o público-alvo e criar ações estratégicas de fidelização para o cliente.
Profissionais ligados à informação, como o T.I., por exemplo, se beneficiam de uma forma mais especial ainda do canvas, já que facilita a compreensão dos processos envolvidos, beneficiando a implantação e as mudanças em toda a infraestrutura, expondo áreas críticas e que requerem inovação.
Problemas e lacunas de comunicação também costumam ser fortemente minimizados com a utilização deste modelo, reduzindo retrabalho e facilitando todo o conjunto operacional.
O criador do modelo afirma que os componentes centrais de qualquer empresa são o segmento de clientes, a proposta de valor, os canais de distribuição, os canais e níveis de relacionamento com o cliente, as fontes de receita, os recursos principais, as atividades chave, as principais parcerias e os custos.
O quadro que publica estes elementos proporciona uma visão objetiva das principais funções da organização.
Tudo facilita a reflexão constante sobre o que está sendo feito e esperado, ajudando na manutenção do foco nos resultados, como captação de clientes, aumento de faturamento e redução de custos.
Com esta visualização ampla da organização e seus processos, as possibilidades de INOVAÇÃO aumentam, o que define uma proposta de valor para o empreendimento.
Sua simplicidade e rápida implementação destacam este modelo ante todos os demais.
De posse de uma caneta e alguns “post-it” o empreendedor terá mecanismos práticos e eficientes para ajudar a melhorar seu negócio.
O princípio é definido pela busca de respostas para algumas perguntas-chave…
O quê?
Encontrar e definir uma proposta de valor para o empreendimento.
Para quem fazer?
É preciso identificar o potencial público-alvo e os canais de relacionamento com ele.
Como fazer?
É preciso determinar os caminhos para esta realização, quem serão os parceiros envolvidos e as atividades que precisarão ser exercidas.
Quanto custará?
É preciso entender a perspectiva de receita e seus respectivos prazos, além de mensurar a razão de custos e investimentos necessários para fazer esta roda girar.
O empreendedor precisa ter a noção de que todos os blocos do modelo de negócios se relacionam entre si e todo o conjunto está em constante processo de correção, readequação, melhoria e evolução, até estar adequado perfeitamente à realidade do negócio.
Os 9 passos da implantação de um modelo de negócios canvas
Uma forma de visualizar a implantação de um modelo de negócios eficiente e funcional é seguir um roteiro de 9 passos de orientação que ajudam muito quem não tem muita aproximação com o tema, mas quer ingressar com condições de elaborar algo útil e com potencial evolutivo.
1 – A ideia…
Não importa qual seja a sua ideia, o importante é coloca-la no quadro para que ela seja o ponto de partida do projeto.
2 – Não escreva no quadro…
Uma dica legal é usar “post-it” na aplicação das informações, pois isto dará dinâmica e agilidade nas correções e novas informações.
3 – Você pode começar por qualquer bloco…
Não existe uma ordem pré-definida e você pode começar por onde quiser, o que não dá para ignorar é que a maioria dos empreendimentos começa pela definição da proposta de valor, que é aquilo que será oferecido ao mercado e o segmento de clientes, já que será a ele que o esforço será direcionado.
4 – Sem medo de errar…
Mesmo sem clareza completa da ideia, sua visualização dentro do canvas ajuda a aprimorar seus conceitos, e o erro é parte do processo de aprendizado durante a construção.
5 – O hemisfério direito do quadro é um bom início…
Costuma ser mais prático e funcional iniciar descrevendo a geração de valor e depois determinar a organização da eficiência da entrega desta proposta, que fica ao lado esquerdo do canvas.
6 – Você não precisa completar tudo de uma vez…
Não há problema em deixar determinados campos em branco por algum tempo, pois o mais importante é colocar o que você acredita e entende como relevante.
7 – Entenda que o modelo de negócios canvas é uma ferramenta de validação de hipóteses…
E assim deve funcionar, com constantes correções, adequações e ajustes, de forma a aplicar ao modelo o aprendizado que se adquire com os processos.
8 – O modelo de negócios canvas é uma peça de reflexão…
Trabalhar de forma constante no quadro é a maneira de estar em constante reflexão sobre o que a empresa faz e como faz.
9 – Testar as hipóteses…
A utilização do quadro é uma forma de testar e aperfeiçoar todas as ideias, mas a validação é importante e isto costuma ter valor apenas quando é testado com o mercado, com o cliente, pois é isto que vai determinar se a hipótese tem sentido prático, e para isto, você deverá desenvolver protótipos, demonstrações, propostas e recolher constantes feedbacks, o que adapta e melhora a ideia.
Modelo de negócios é amplo e necessário, pois determinará antecipadamente tudo o que está envolvido na existência do empreendimento, o que ele oferece, para quem oferece, como oferece, quando oferece, onde oferece e tudo o que é necessário para que, a partir disto, se estabeleça uma relação sólida e permanente, gerando renda e progresso para todos os envolvidos.
O controle é a essência da gestão, mas isto é muito amplo, pois também é possível controlar e medir o fracasso.
O modelo de negócios desenha probabilidades e projeções, que se formatadas de maneira inteligente, tendo a lógica como orientação, tende a apontar os melhores caminhos a serem trilhados, ressaltando obstáculos previsíveis, que devem ser evitados e gerando mecanismos de avaliação e identificação de ameaças, na mesma forma em que podem apontar oportunidades.
O certo é que toda empresa precisa ter em mente e à vista os objetivos e as formas para atingir seus resultados, eliminando anomalias, maximizando resultados, minimizando problemas e ameaças e isto é o oxigênio que as empresas de sucesso respiram e seu pulmão, por certo, é o modelo de negócios.