Comprometimento no trabalho é aquele tipo de situação que não precisaríamos pedir, buscar ou alertar para a necessidade das pessoas entregarem aquilo que se espera delas e o que fez com que elas fossem contratadas.
A palavra é exatamente esta: contrato.
Quando se estabelece uma relação de trabalho alguém contrata outro alguém para executar determinadas tarefas para as quais se entenda que ela esteja habilitada, capacitada e motivada a realizar.
Hoje ainda utilizamos um dos recursos mais insólitos para realizar seleções de pessoas que vão atuar nos projetos da empresa: o currículo.
Ele traz uma “Ferrari”, mas a entrega, muitas vezes, não é tão potente e impressionante quanto a propaganda demonstrava.
Comprometimento no trabalho é uma espécie de obrigação, mas nem sempre é cumprida e os fatores são muitos.
Num primeiro momento a tendência é jogar a responsabilidade para o contratado, o empregado colaborador e isto não é exatamente errado, mas não é verdade absoluta.
A empresa também é responsável por criar o ambiente adequado para que as pessoas deem o melhor de si na execução de suas funções.
Nosso papo aqui vai abordar os motivos que fazem com que muita gente não demonstre comprometimento no trabalho, de onde vem e por onde passa o problema que interfere diretamente nos resultados.
Comprometimento no trabalho, em princípio, é uma obrigação ética de quem é contratado para exercer aquela atividade, uma espécie de combustível próprio do profissional.
Ocorre que não dá para exigir comprometimento no trabalho por alguém que não é respeitado, o ambiente não é propício e motivador e os objetivos não sejam envolventes para o desenvolvimento humano.
Como podemos observar, existe uma parte da responsabilidade conectada com o profissional e outra parte ligada à empresa que contrata.
O comprometimento no trabalho é uma construção “a duas mãos” e os caminhos desta construção requerem sintonia entre os envolvidos.
As expectativas
Num primeiro momento, quando se estabelece uma relação de trabalho também se consolida um conjunto de expectativas de ambas as partes.
De um lado a empresa acredita que aquela pessoa seja capacitada e esteja motivada a entregar o seu melhor na realização dos objetivos propostos no projeto.
De outro lado a pessoa que chega acredita encontrar ali uma condição favorável ao seu desempenho, que seja motivadora a ponto de despertar seu interesse.
Comprometimento no trabalho envolve vigor, iniciativa, entrega, dedicação, motivação, interesse.
Comprometimento no trabalho também está relacionado à identificação mútua entre os personagens do enredo profissional.
A expressão ”promessa” está contida numa relação que envolve comprometimento no trabalho, algo que se espera que aconteça, mas a certeza só vem com o tempo.
Embora seja algo presumidamente obrigatório e natural numa relação profissional, o comprometimento no trabalho ainda funciona como a confiança ou o respeito, algo que não se pode exigir, algo que é conquistado, adquirido (ou não).
De qualquer forma, quando se estabelece uma relação de trabalho a expectativa é de que a entrega seja total e isto depende do nível de comprometimento.
Valores
Comprometimento no trabalho é um vetor de qualidade profissional e está ligado aos valores da empresa e da personalidade do profissional.
É neste ponto em que as almas do empreendimento e da pessoa estabelecem (ou não) uma conexão que permeia a relação de trabalho através do tempo.
Tem a ver com lealdade, com os propósitos existenciais das pessoas e do empreendimento.
O comprometimento no trabalho interfere diretamente na qualidade do resultado da empresa, do cumprimento dos prazos, dos padrões de qualidade, do posicionamento do empreendimento no mercado, sua imagem e os níveis de satisfação dos clientes, fornecedores e da comunidade.
Não é tão superficial como pode parecer.
Do ponto de vista da empresa o desafio é construir o engajamento das pessoas em seus projetos e isto está diretamente ligado à capacidade de atrair pessoas dedicadas e talentosas, que normalmente buscam projetos desafiadores e com potencial evolutivo.
A empresa também é responsável pela construção de relações voltadas ao comprometimento e isto é cada vez mais latente nos dias atuais.
Existe uma circulação muito grande de talentos e profissionais diferenciados.
O topo da pirâmide dos talentos é onde acontece o maior índice de turnover atualmente no mundo profissional.
Numa análise direta o que se constata é que as empresas não conseguem fazer o suficiente para atrair e manter seus talentos e quando estes profissionais diferenciados são notados passam a ser “perseguidos” pelos concorrentes, com propostas e projetos mais tentadores.
Precisamos considerar que algumas relações chegam a ser promíscuas do ponto de vista ético e não têm nada a ver com comprometimento no trabalho, mas com interesse individual.
É uma distorção do que deveria ser, mas acontece assim em muitos casos, quase ao ponto da naturalidade.
Pessoas são o ativo mais importante das empresas
O primeiro passo é entender que pessoas são o ativo mais importante das empresas, pois somente pessoas podem oferecer a CRIATIVIDADE, que não por acaso, é o ingrediente fundamental da INOVAÇÃO, sem a qual, uma empresa não existirá hoje e no futuro.
Máquinas e processos são sistêmicos e programáticos, atuando dentro da lógica e a inovação não costuma nascer de ambientes lógicos.
A lógica soluciona problemas, não costuma criar inovação.
Um empreendimento que busca comprometimento no trabalho precisa reconhecer a importância vital das pessoas e considerar o seu capital humano como seu principal ativo.
Quando isto acontece o gestor passa a entender que seu principal papel dentro da empresa é criar ambientes propícios para atração e manutenção de talentos.
Assim a empresa está cumprindo seu papel, mantendo políticas de relacionamento e desenvolvimento humano em permanente evolução, de forma dinâmica, superando às expectativas de seus clientes internos, que são sua equipe de trabalho, de jornada, de desafios.
O papel do colaborador no processo
A pessoa quando apresenta seu currículo oferece ali descrito, uma máquina poderosa, produtiva, motivada e perfeita.
Eu, você e a torcida do Flamengo e do Corinthians somados sabemos que a entrega não acontece exatamente como a promessa realizada ali.
Para muitos, numa visão mais moderna, currículos são cada vez mais conectados com o passado, pois é uma ferramenta desenvolvida pelo maior interessado em ser contratado, não trazendo falhas e problemas que todos temos, poisa somos humanos e descobrir exatamente como aquela pessoa funciona demanda tempo, esforço e investimento.
É responsabilidade da pessoa cumprir sua parte na relação estabelecida, a começar pela verdade absoluta ao seu respeito, pois qualquer relação com chances de sucesso precisa nascer e permanecer no universo da transparência e verdade.
Se nascer torto vai continuar torto, até quebrar.
Quanto antes se estabelecer uma relação de confiança entre as partes, mais rápido o processo deixará de ser robótico e engessado e a liberdade produtiva será concedida e conquistada.
O pior cenário é aquele em que as pessoas interpretam personagens, sem responsabilidade objetiva, induzindo ao erro e à perda de tempo.
As melhores relações profissionais se constroem a partir de uma visão de parceria, de cumplicidade, de interesses mútuos e, fundamentalmente, de verdade, realidade e transparência.
Sem seguir este caminho é muito difícil que algo positivo seja construído e a frustração será certa.
São vários os motivos que afetam o nível de comprometimento no trabalho e é preciso conhecer cada um deles, ao menos os mais importantes, pois ao lançar um olhar para dentro empresa é possível identificar as formas de gerar soluções definitivas para solucionar os problemas e evitar que eles se repitam.
1 – Ausência de reconhecimento e perspectivas de evolução
Um dos fatores mais determinantes para a falta de comprometimento no trabalho é um ambiente onde não exista uma política de reconhecimento bem estabelecida e evidente, pois é sabido que o reconhecimento é o principal fator de motivação das pessoas para o trabalho.
Outro aspecto relevante que impacta as pessoas no seu nível de motivação a entregarem o melhor de si é perceberem que fazem parte de um ambiente moderno, desenvolvido e com políticas de apoio e incentivo à evolução humana e profissional.
Provavelmente o reconhecimento e o potencial de evolução sejam os principais fatores de conquista e manutenção de pessoas qualificadas e comprometidas com seus projetos.
2 – Satisfação com o trabalho
Pessoas entregam comprometimento no trabalho quando estão envolvidas em projetos motivadores, que sejam atraentes e bons de executar, onde se sintam orgulhosas de estar e tenham satisfação plena de fazerem parte daquele time e daquele conjunto de tarefas.
Não importa a atividade, mas trabalhar precisa ser bom, em essência, e não aquele lugar onde se fica louco para sair e se reclama em ter que voltar.
Analise e tente entender se as pessoas de sua empresa possuem motivos suficientes para se orgulharem de trabalhar ali ou se simplesmente estão aguardando uma oportunidade melhor para pularem fora do barco.
3 – Ambientes conflituosos
Relações humanas sempre são complexas, em todos os níveis, mas quando envolvem o trabalho, que é onde as pessoas passam a maior parte de sua vida, tudo fica muito mais complicado.
Gerenciar pessoas e suas relações é uma habilidade para poucos e provavelmente a maioria dos gestores não possui a capacidade plena de lidar com isto.
Encontramos gestores que poderiam muito bem ser senhorios de senzalas em alguns aspectos e sequer notam o impacto de seus comportamentos no time.
Lugares cercados de conflitos, discussões, deslealdades, fofocas não são salutares em nenhum aspecto e cabe ao gestor entender estas situações.
O problema é maior quando o próprio gestor é um dos elementos de fomento desta realidade, alimentando estas instabilidades.
A verdade é que conflitos no ambiente de trabalho nada têm a ver com a competitividade humana natural e salutar, pois está mais conectado a algo não saudável, expondo o pior da personalidade humana, o que torna o lugar pesado e ruim de estar.
4 – Falta de liberdade e autonomia
Robotizar pessoas em padrões engessados é um dos grandes problemas do RH tradicional e por isto este formato está começando a dar sinais de cansaço e começando a comprometer resultados.
Empresas precisam de criatividade e para isto é preciso criar ambientes propícios ao desenvolvimento de ideias com potencial inovador.
Em muitas empresas o que se vê é exatamente o contrário…
O RH tradicional “encaixota” pessoas em padrões pré-estabelecidos, determinando até como elas devem respirar e depois contratam palestras e treinamentos para convencerem as pessoas a “pensarem fora da caixa” em que o próprio RH às colocou.
Pessoas precisam de liberdade para exercerem sua responsabilidade e com isto ganharem autonomia para entregarem o melhor de si.
5 – Pressão constante e desmedida
Todos temos nossas responsabilidades num ambiente profissional e tudo está conectado numa rede que leva ao resultado final.
Um gestor despreparado erra profundamente ao despejar sobre sua equipe pressões excessivas por cumprimento de metas e prazos irreais, construídos a partir de uma visão equivocada do potencial de seu empreendimento.
Mesmo que a concorrência consiga, primeiro é preciso entender como a concorrência funciona, que tipo de ambiente profissional ela oferece e em qual realidade as pessoas atuam.
Não dá para comparar laranja com melancia e depois querer que as pessoas entreguem o que é humanamente impossível.
6 – Remuneração não participativa e empresa em dificuldades financeiras
Perspectiva de futuro alimenta a esperança e trabalhar exclusivamente por remuneração vai gerar robôs, que não moverão uma palha em direção à melhoria, pela simples razão de que “não são pagos para isto”.
Quando o parâmetro é a remuneração ela precisa ser participativa, onde as pessoas sejam incentivadas por bonificações pelos resultados atingidos.
Um ambiente empresarial “esgoelado” economicamente, onde não haja recursos necessários para a operação, com dívidas se acumulando, falta de capital de giro, atraso constante nos pagamentos, uma imagem associada à inadimplência com fornecedores e com o mercado, aborta qualquer senso de comprometimento no trabalho que as pessoas possam ainda manter.
7 – Falta de políticas de engajamento
Uma empresa que não considera suas pessoas como importantes, a ponto de criar programas de endomarketing, planos de saúde, vantagens agregadas e atraentes, não costuma colher bons frutos quando se trata de comprometimento no trabalho.
Pessoas fazem o que querem fazer e entregam o melhor de si a quem entenderem que mereça e o merecimento está conectado com a recíproca. Se a empresa espera comprometimento no trabalho também precisa demonstrar comprometimento com o desenvolvimento humano de suas pessoas e com o seu bem-estar e saúde.
Comprometimento no trabalho também é uma responsabilidade do profissional e é preciso fazer muito para merecer a consideração como um profissional completo nos dias de hoje.
O mundo está em constante evolução, cada vez mais, numa velocidade absurda e todos que pretendem participar deste universo em transformação precisam de muita sensibilidade para perceber as mudanças constantes.
Aquilo que hoje é tendência amanhã já é passado.
Estamos falando de IOT (Internet of Things), ou Internet das Coisas, quando você passa a interagir com objetos e equipamentos, não apenas mandando tocar uma música ou determinando que uma luz acenda.
Estamos falando de construção de relacionamentos com sistemas artificialmente inteligentes que vão interagir com você em sua jornada pela vida.
Num mundo com esta feição estar ligado ao trabalho tradicional é uma espécie de âncora que prende a pessoa a um passado pesado e difícil de carregar.
O bom profissional moderno oferece soluções e não trabalho.
Os projetos cada vez mais remuneram as pessoas pelo RESULTADO de seu trabalho e não por suas horas trabalhadas…
Quem pode vender ou comprar tempo?
A CLT é obsoleta, do século passado, aprisionadora do desenvolvimento e enquanto uma pessoa trabalha 8 horas por dia, com dificuldades em transporte, pagando tributos elevadíssimos, ganhando pouco e custando muito para o empregador, que paga quase o dobro do que o funcionário recebe, porque precisa alimentar a máquina faminta do governo, em algum lugar na Ásia um indivíduo que mora numa caverna, conectado numa internet de alta velocidade executa prestação de serviços no desenvolvimento de softwares para o mundo todo, cobrando um décimo do valor, recebendo em criptomoedas e pagando ZERO de tributos.
Quem vai controlar isso? A CLT? Chega a ser divertido imaginar que alguém ainda acredite que o trabalho do futuro (que já acontece hoje) tenha alguma espécie de controle.
Pessoas que se mantém conectadas com o tempo e suas evoluções, que estão sintonizadas com o mercado e com a realidade sabem que precisam e devem entregar o melhor de si nos projetos que contratam.
Se você é um profissional e busca crescimento, evolução, consolidação e segurança, então sabe que tem todo o direito de procurar as melhores opções que o mercado oferece, mas também sabe que quando chegar sua oportunidade e a empresa estiver fazendo sua parte, você tem total responsabilidade de entregar o máximo comprometimento no trabalho que esteja ao seu alcance.
Comprometimento no trabalho é isto: de um lado uma empresa que sabe a importância do capital humano em sua organização e que somente pessoas podem fazer a diferença que dará o nível de competitividade que ela precisa.
Uma empresa conduzida por uma gestão que sabe que seu principal papel é construir ambientes atraentes, sedutores, mas consolidados em realidade de qualidade para trazer e manter pessoas talentosas e com capacidade de dar resultados vencedores.
De outro lado as pessoas, os profissionais que buscam colocação precisam saber que o mundo muda muito rapidamente.
O competidor que antes era o vizinho ao lado agora é o pequeno gênio paquistanês que aprendeu 40 linguagens diferentes de computação estudando sozinho no interior de uma caverna e que fala 4 ou 5 idiomas.
A competição aprimora todo o conjunto, tanto empresas quanto pessoas e um não vive sem o outro.
A competição é brutal e inclemente e não mais um jogo de tranquilidade onde tudo o que se pensa é numa programação de aposentadoria ou quanto tempo falta para chegar a sexta-feira.
Empresas que já perceberam a importância das pessoas e trabalham arduamente na melhoria dos ambientes profissionais são, não por acaso, as maiores do mundo e as líderes em seus segmentos.
Sua empresa não precisa ser gigante para ter resultados superiores e entrar num ciclo de evolução constante com melhoria contínua, basta utilizar o aprendizado que outros aplicam em seus negócios vencedores e parar de tratar pessoas como meros RECURSOS HUMANOS, como se fossem uma mesa, um sistema, um objeto.
Trate de apostar em DESENVOLVIMENTO HUMANO, em construir ambientes profissionais onde as pessoas sejam incentivadas em serem criativas e inovadoras, nada é mais sedutor e realizador que isto.
E você profissional, se queres continuar a ser chamado assim trate de olhar em volta e perceber os sinais da grande mudança, se ajustar a algum projeto vencedor e cravar na própria mente o compromisso de ter comprometimento no trabalho, de dar o melhor de si, de se envolver e entender que os resultados da empresa são de sua responsabilidade também.
O futuro vem com força e será lindo de ver a transformação que ele vai provocar, e já vem provocando todos os dias, com a chegada de novas tecnologias, novas soluções, inovações que navegam com desenvoltura pelo oceano do mercado, enquanto os grandes e pesados navios possuem enorme dificuldade em se movimentar.
Comprometimento no trabalho é responsabilidade e interesse de todos, portanto, faça a sua parte, não importa o seu papel no processo, importa a sua capacidade de realizar as expectativas de quem confia em você.