COMPETIÇÃO. COMO LIDAR COM ESTE PRINCÍPIO HUMANO

COMPETIÇÃO. COMO LIDAR COM ESTE PRINCÍPIO HUMANO

COMPETIÇÃO. COMO LIDAR COM ESTE PRINCÍPIO HUMANO

Competição é inerente ao princípio da evolução das espécies e não estamos nos limitando aos humanos, já que a competição existe entre mamíferos, insetos, vida marinha, vegetais, sendo uma essência compatível com a própria vida.

Tudo o que vive, compete, de alguma maneira e em alguma intensidade.

Espécies competem entre si, onde algumas até se alimentam das outras, mas também competem entre indivíduas dentro da própria espécie, por hierarquia, reprodução, pela própria sobrevivência.

Claro que somente os humanos possuem um nível elevado de consciência, mas basta observar os mamíferos, por exemplo, para perceber que todos possuem seus níveis de competição, por status social dentro de sua própria espécie.

Nunca podemos ignorar que somos mamíferos, muito antes de sermos conscientes e isto faz com que nossos comportamentos estejam muito mais associados ao nosso instinto que à nossa consciência.

Não controlamos com precisão os princípios que nos levam a competir e isto é determinante em, muitas vezes, estarmos à deriva diante de comportamentos que não conseguimos controlar em sua totalidade.

Entender como isto acontece e criar formas de controlar os parâmetros de competição que nos norteiam, é princípio para o sucesso em nossas relações interpessoais, sobretudo no universo corporativo e é sobre isto que vamos falar neste conteúdo.

Competição. A origem

Figura 2 - COMPETIÇÃO. COMO LIDAR COM ESTE PRINCÍPIO HUMANO

Competição principia com a própria vida em nosso Planeta, pois os primeiros seres unicelulares, de estrutura simples, já competiam por espaços mais confortáveis, lugares com mais nutrientes e menores ameaças à sua consolidação como individuo e, por consequência, como espécie.

Deste momento em diante, sempre existiu competição, tanto que o princípio competitivo se tornou base fundamental em todo o processo evolutivo das espécies, em todos os segmentos da vida.

A competição é um princípio intrínseco à vida, permeando desde as interações mais básicas entre organismos unicelulares até as complexas relações sociais humanas.

A competição atua como um filtro natural, selecionando características e comportamentos que aumentam as chances de sobrevivência e reprodução.

Ao longo da história da vida na Terra, essa força implacável moldou a evolução das espécies, incluindo a nossa.

Darwin e a Seleção Natural…

A base da nossa compreensão sobre a competição como motor evolutivo reside na obra de Charles Darwin, "A Origem das Espécies" (1859).

Darwin postulou que a competição por recursos limitados, como alimento, território e parceiros reprodutivos, leva à seleção natural.

Indivíduos com características mais vantajosas em determinado ambiente têm maior probabilidade de sobreviver, reproduzir e transmitir essas características aos seus descendentes.

Um exemplo clássico é o da girafa: em ambientes com árvores altas, girafas com pescoços mais longos tinham maior acesso às folhas, consequentemente, maior chance de sobrevivência e reprodução.

Com o tempo, a característica "pescoço longo" se tornou predominante na população.

A Luta pela Existência:

Thomas H. Huxley, contemporâneo de Darwin e grande defensor da teoria da evolução, aprofundou o conceito de "luta pela existência", enfatizando a competição entre indivíduos da mesma espécie (intraespecífica) como um dos principais fatores de seleção natural.

Em seu livro "A Evolução e a Ética" (1893), Huxley argumenta que a competição intraespecífica é ainda mais intensa do que a competição entre espécies diferentes (interespecífica), pois indivíduos da mesma espécie compartilham as mesmas necessidades e exploram os mesmos recursos.

A Competição e o Desenvolvimento da Cultura…

A competição também desempenhou um papel crucial na evolução da cultura humana.

O antropólogo Lewis Henry Morgan, em seu livro "Ancient Society" (1877), descreveu como a competição entre grupos humanos por recursos e território impulsionou o desenvolvimento de tecnologias, organizações sociais e estratégias de guerra.

A Psicologia Evolucionista e a Competição…

A psicologia evolucionista busca compreender o comportamento humano à luz da seleção natural.

David Buss, um dos principais pesquisadores dessa área, argumenta que muitos dos nossos comportamentos, emoções e preferências, como a busca por status, a agressividade e a atração por parceiros com determinados atributos físicos, são produtos da competição ao longo da nossa história evolutiva.

Em seu livro "The Evolution of Desire" (1994), Buss explora como a competição por parceiros sexuais moldou as estratégias de acasalamento humanas, resultando em diferenças entre homens e mulheres em termos de preferências e comportamentos reprodutivos.

A competição, portanto, é uma força onipresente na natureza, impulsionando a evolução das espécies e moldando o comportamento humano.

Compreender as raízes evolutivas da competição nos permite ter uma visão mais clara das nossas próprias tendências e motivações, e nos ajuda a lidar de forma mais construtiva com os desafios que ela impõe em nossas vidas.

Como tudo isto funciona no ambiente corporativo

Figura 3 - COMPETIÇÃO. COMO LIDAR COM ESTE PRINCÍPIO HUMANO

Adentrando o mundo corporativo, encontramos a competição manifestada em sua forma mais complexa e multifacetada.

As empresas, microcosmos da sociedade em geral, reproduzem a luta pela sobrevivência e ascensão, com indivíduos disputando por melhores posições, reconhecimento, e a construção de carreiras sólidas.

Este ambiente, regido por metas, prazos e hierarquias, estimula a busca constante por aprimoramento e diferenciação.

A competição, neste contexto, impulsiona a inovação, a produtividade e a excelência, agindo como um catalisador do desenvolvimento individual e organizacional.

O Paradoxo da Competição e do Trabalho em Equipe…

Um dos grandes paradoxos do universo corporativo reside na necessidade de equilibrar a competição individual com a colaboração em equipe.

Enquanto a competição instiga cada indivíduo a buscar seu próprio crescimento, o trabalho em equipe exige cooperação, compartilhamento de conhecimentos e busca por objetivos comuns.

Este delicado equilíbrio foi explorado por autores como Peter Senge, que em seu livro "A Quinta Disciplina" (1990) defende a importância da aprendizagem organizacional e do pensamento sistêmico para criar organizações altamente competitivas e, ao mesmo tempo, colaborativas.

A Competição como Motivadora e Destruidora:

A competição, quando bem canalizada, pode ser uma poderosa fonte de motivação, impulsionando os indivíduos a superar seus limites e alcançar seu potencial máximo.

É preciso considerar que a competição desenfreada e descontrolada pode gerar um clima organizacional tóxico, marcado por stress, inveja, desconfiança e sabotagens.

A teoria de Abraham Maslow, conhecida como a Hierarquia das Necessidades Humanas, oferece uma perspectiva fascinante sobre a motivação humana, e se mostra particularmente relevante quando analisamos a dinâmica da competição no ambiente de trabalho.

Maslow propôs que as necessidades humanas estão organizadas em uma hierarquia, como uma pirâmide, e que a busca pela satisfação dessas necessidades impulsiona o comportamento humano.

Os Degraus da Pirâmide…

  1. Necessidades Fisiológicas: Na base da pirâmide, encontramos as necessidades mais básicas para a sobrevivência, como fome, sede, sono e respiração e no contexto do trabalho, isso se traduz em necessidades como salário suficiente para cobrir as despesas básicas, condições de trabalho seguras e confortáveis, além de jornada e horários razoáveis;
  2. Necessidades de Segurança: Uma vez satisfeitas as necessidades fisiológicas, surge a necessidade de segurança e estabilidade, como proteção contra perigos, estabilidade financeira e previsibilidade e no ambiente de trabalho, isso se reflete na busca por emprego estável, planos de saúde e benefícios que garantam a segurança do indivíduo e de sua família;
  3. Necessidades Sociais: Com a segurança garantida, as pessoas buscam satisfazer suas necessidades sociais, como amor, afeição, pertencimento e amizade e no ambiente corporativo, isso se traduz na busca por relacionamentos interpessoais positivos, trabalho em equipe e um ambiente de trabalho inclusivo e acolhedor;
  4. Necessidades de Estima: No quarto nível da pirâmide, encontramos as necessidades de estima, que incluem a autoestima, o reconhecimento, o respeito e a confiança e nas empresas, a competição pode ser uma forma de satisfazer essas necessidades, à medida que os indivíduos buscam se destacar, ser reconhecidos por seus talentos e conquistas, e alcançar posições de destaque e liderança;
  5. Necessidades de Autorrealização: No topo da pirâmide, encontramos a necessidade de autorrealização, que se refere ao desejo de atingir o próprio potencial, desenvolver seus talentos e deixar um legado no mundo. E no trabalho, isso pode se manifestar na busca por carreiras desafiadoras e significativas, que permitam o crescimento pessoal e a contribuição para algo maior que si mesmo.

A Competição e a Busca por Estima…

A competição no ambiente de trabalho pode ser uma forma saudável de satisfazer as necessidades de estima, desde que seja baseada em princípios éticos e valores como a justiça, a meritocracia e o respeito mútuo.

Quando a competição é justa e transparente, ela tende a motivar os indivíduos a se superarem, desenvolverem seus talentos e buscarem a excelência.

Quando a competição se torna descontrolada e baseada em jogos de poder e manipulação, ela pode ter efeitos negativos, gerando conflitos, desmotivação e um clima organizacional tóxico.

Compreender a teoria de Maslow nos permite ter uma visão mais ampla sobre a motivação humana e os fatores que impulsionam a competição no ambiente de trabalho.

Quando reconhecem a importância das necessidades de estima e reconhecimento, as empresas podem criar um ambiente de trabalho mais motivador e produtivo, que estimule o crescimento e o desenvolvimento de seus funcionários.

A competição saudável no ambiente de trabalho tende a satisfazer essas necessidades, mas a competição exacerbada pode estressar ao extremo toda a estrutura, gerando frustração e ansiedade.

Impactos Positivos da Competição:

  • Aumento da Produtividade: A competição estimula as pessoas a se esforçarem mais para alcançar melhores resultados, impulsionando a produtividade geral da empresa;
  • Inovação e Criatividade: A busca por vantagem competitiva incentiva a criatividade e a inovação, levando ao desenvolvimento de novas ideias, produtos e serviços;
  • Melhoria da Qualidade: A competição eleva os padrões de qualidade, à medida que as empresas buscam se destacar e conquistar clientes;
  • Desenvolvimento Individual: A competição estimula o aprendizado contínuo e o desenvolvimento de novas habilidades, impulsionando o crescimento profissional dos indivíduos.

Impactos Negativos da Competição:

  • Stress e Ansiedade: A pressão constante por resultados e a competição acirrada podem gerar altos níveis de stress e ansiedade nas pessoas;
  • Clima Organizacional Tóxico: A competição excessiva pode criar um ambiente de trabalho hostil, marcado por inveja, desconfiança e falta de cooperação;
  • Comportamentos Antiéticos: Em alguns casos, a competição desenfreada pode levar a comportamentos antiéticos, como sabotagem, espionagem industrial e assédio moral;
  • Desmotivação e Baixa Produtividade: A competição excessiva pode levar à desmotivação e à baixa produtividade, especialmente quando as pessoas se sentem inseguras e ameaçadas.

Equilibrando Competição e Colaboração:

O grande desafio para as empresas é encontrar o equilíbrio entre competição e colaboração, criando um ambiente de trabalho que estimule o crescimento individual e, ao mesmo tempo, promova a cooperação e o alcance de objetivos comuns.

Para isso, é fundamental que as empresas adotem práticas de gestão de pessoas que valorizem a ética, a transparência e o reconhecimento do trabalho em equipe, além de investir em programas de desenvolvimento profissional e promoção do bem-estar das pessoas.

A competição no universo corporativo é uma realidade inevitável, mas, no entanto, cabe às empresas e aos próprios indivíduos encontrar formas de lidar com ela de maneira saudável e construtiva, transformando os desafios em oportunidades de crescimento e desenvolvimento.

Competição é tão indispensável quanto pode ser fatal ao sucesso de uma empresa

Figura 4 - COMPETIÇÃO. COMO LIDAR COM ESTE PRINCÍPIO HUMANO

Competição é necessária e a evolução da vida em nosso Planeta comprova isto, mas é diferente uma análise antropológica crua sobre os movimentos das espécies, que em quase toda a sua totalidade se deu de forma inconsciente, ou seja: independente das vontades dos indivíduos das espécies.

A Revolução Cognitiva é jovem, praticamente um embrião em relação à escala da vida na Terra, pois tem apenas 10 mil anos, num cenário onde as primeiras assinaturas bioquímicas apontando a existência de vida, datam de 4 bilhões de anos atrás.

Nossa consciência, embora poderosa, é nada diante de como a vida se construiu.

A vida nunca precisou de consciência para existir.

Uma ameba tem uma história de vida muito mais longa e longeva que a espécie humana e, ainda assim, não tem a menor consciência, sequer, da sua existência, apenas existe e pronto, e ainda assim, compete.

Isto demonstra que a competição está inscrita em nosso DNA, como uma função genética vital, como a reprodução, a alimentação, a zona de conforto a hierarquia das espécies e por aí vai.

No universo das nossas relações humanas, em todas as suas esferas, a consciência pode ajudar na compreensão destes movimentos e apoiar uma melhoria, a partir do uso da nossa inteligência.

Reconhecer esta realidade é o primeiro passo, assim como aprender a lidar com os aspectos positivos e negativos aplicados pela competição nos relacionamentos humanos.

Precisamos estar atentos às relações de causa e efeito em nossos comportamentos, pois isto define meio e forma como tudo acontece nas nossas relações, podendo ser o fator determinante entre sucesso e fracasso nas relações humanas, incluindo o universo corporativo.

A interação e o senso de autoproteção devem se misturar ao conjunto evolutivo do grupo, do meio social e do time das empresas.

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