Agilidade empresarial já deixou de ser um diferencial e passou a ser essência de qualquer empreendimento competitivo nos dias atuais e isto se intensifica se olharmos adiante.
Já é reconhecido que não é mais o gigante que domina o mercado, mas o que tem maior desenvoltura e o desafio dos próprios gigantes é conseguir equiparar a agilidade, poder de mobilidade estratégica e adaptação dos pequenos.
Um empreendimento pequeno em estrutura consegue se moldar muito rapidamente aos movimentos de mercado, que são constantes e dinâmicos, enquanto as grandes estruturas possuem uma dificuldade imensa de realizar transformações relevantes, que façam a diferença.
Isto vem consolidando o caminho da inovação e empresas de vários segmentos ganham mercado rapidamente a partir de ideias revolucionárias e transformadoras, que até são simples, mas se tornam impossíveis para grandes conglomerados, cheios de departamentos, divisões, supervisões, blocos e diretorias.
As startups são um conceito que representam adequadamente este universo que envolve agilidade empresarial, pois surgem praticamente “do nada”, apenas com uma ideia inovadora e aplicam rapidamente os conceitos necessários, sem dificuldades e já nascem competitivas, desde seu berço.
Agilidade empresarial é oxigênio para qualquer empreendimento que queira chegar ao próximo andar da evolução.
Agilidade empresarial não é algo que junte a diretoria e assessores numa grande reunião e decidam, de uma hora para outra, que é necessário “montar uma estratégia” para aplicar agilidade empresarial no empreendimento.
Não funciona assim.
Agilidade empresarial é algo que existe ou não, uma qualidade inerente à empresa e, portanto, que nasce de sua cultura empresarial.
Estabelecer agilidade empresarial onde ela não existe não é impossível, mas é uma tarefa que envolve completa transformação de cenários, desde a MISSÃO, VISÃO e políticas de balanced scorecard da empresa.
São muitos os empreendimentos em que você observa quadros lindos, emoldurados nas recepções, contendo a missão e a visão da empresa.
Experimente questionar a qualquer pessoa que trabalha ali, sobre qual é a missão da empresa e o que ela representa.
Em mais de 90% dos casos nem mesmo o diretor da empresa sabe dizer, sabe porquê?
Porque aquilo é apenas enfeite, uma aposição porque “era moda” mostrar que se tem uma atitude moderna naquele empreendimento.
Missão, Visão, Política da Qualidade, Valores e outros “compromissos públicos” são parte do balanced scorecard, uma “ferramenta” de gestão que envolve Qualidade Total, numa preparação para as certificações ISO e outras, que determinam que toda a cultura da empresa e seus processos de gestão sejam orientados (com documentação padronizada) a partir da definição de sua Missão, Visão, Política de Qualidade, Valores e outros.
Isto significa que aquilo que está escrito naqueles quadros da recepção não são enfeites, mas lemas de orientação que direcionam tudo o que é feito naquela empresa, em conteúdo e forma.
Agilidade empresarial está neste time, talvez não a ponto de ser expressada na forma de um texto memorial em exposição pública, até porque se trata de uma qualidade inerente ao negócio.
Seria como escrever no quadro da recepção que nossa empresa é inteligente ou amistosa, elementos que além de serem uma obrigação, não se comunica, se faz perceber.
De qualquer forma, a presença de agilidade empresarial vai beneficiar à empresa mais do que o cliente e o mercado.
Claro que o cliente se beneficia desta agilidade empresarial, bem como o mercado e seus atores, mas quem mais se beneficia disto é a própria empresa, que consegue melhorar sua competitividade a ponto de manter sua própria existência.
Sim, a ausência de agilidade empresarial determina a própria inviabilidade do empreendimento no mercado, pois outros mais velozes e ágeis em suas soluções fatalmente assumirão seu lugar na preferência dos clientes.
O que é agilidade empresarial…
Agilidade empresarial é a capacidade de uma empresa em gerar soluções efetivas para suas operações, fazendo com que as experiências de seus clientes sejam superiores à concorrência, em qualidade, velocidade, controle, utilização, pós-vendas, novas aquisições e indicações, sempre como referência de qualidade.
Parece simples e cabe num parágrafo, mas ainda hoje, mais da metade dos negócios em todos os segmentos são falhos na entrega de suas experiências aos seus clientes, tanto que quando alguém se destaca passa a chamar a atenção de todo mundo, incluindo clientes, mercado e concorrência.
Agilidade empresarial está diretamente conectada aos processos desenvolvidos pela empresa.
Estruturas mais antigas tendem a apresentar maiores problemas de agilidade e isto é perfeitamente explicado pela passagem do tempo.
Estas empresas evoluíram a partir de estruturas que foram se moldando ao tempo e à evolução, só que é quase impossível acompanhar a evolução na velocidade que ela acontece, ao menos não do ponto de vista prático.
Você monta um organograma, estabelece uma estrutura de pessoas operando tarefas relacionadas à atividade.
Você constrói e estabelece padrões para praticamente tudo, como deve ser, e as pessoas se adaptam àquele ciclo de funcionamento, moldando seus próprios hábitos (e vícios) profissionais dentro daquele modelo.
Daí vem o mundo lá fora e algum aventureiro resolve inovar, substituindo o CD pelo pendrive ou até mesmo, o servidor físico pela nuvem, dando acesso em tempo real aos seus clientes a todo o seu portfólio de ações dentro da empresa.
Daí vem uma lei de Proteção de Dados e diz que sua funcionária de 20 anos de casa não pode mais manter anotações sobre as operações de seus clientes em papéis ou planilhas que estejam fora dos sistemas protegidos pela empresa.
Como você faz tudo isto funcionar em constante transformação?
Na maioria das vezes costuma ser mais fácil parir uma bigorna.
Por isto a agilidade empresarial é uma cultura, mais relacionada a visões mais modernas de empresas, que ao aplicar processos já preveem a sua própria transformação, num sistema evolutivo constante, o que também é desafiador.
Tudo que envolve cultura envolve mudança e daí…
Movimentar culturas é missão complexa e exigente o que não diminui em nada a necessidade de ser feito e este é o trabalho dos gestores: encontrar formas de implantar culturas em ambientes consolidados.
Começar do zero é mais fácil, mas e as empresas que já existem e arrastam suas âncoras através de longo tempo?
As pessoas assumem posições e entendem que aqueles espaços lhes pertencem e isto não é exatamente ruim.
Existem técnicas que apontam que o “senso de pertencimento”, como isto se chama, é positivo para ampliar os níveis de comprometimento das pessoas com os projetos.
Em teoria, se a pessoa se sente proprietária “daquilo” a tendência é que ela dê seu melhor para que “aquilo” aconteça da melhor maneira possível.
Aí começa o problema.
O próprio padrão sociocultural do povo é determinante de seu comportamento e o que se vê muito em culturas menos privilegiadas é que as pessoas assumem o senso de pertencimento, se julgando coproprietárias daqueles setores, funções e tarefas, mas não a ponto de empenhar energias para seu desenvolvimento positivo e realização plena destas tarefas, se resumindo apenas ao domínio do espaço, sem deixar outras pessoas se aproximarem.
Isto cria um paradoxo, pois o atual ocupante não abre espaço e nem cumpre as metas.
Isto é muito comum no ambiente corporativo.
Este é um dos tantos exemplos de problemas que os gestores enfrentam para transformar culturas empresariais consolidadas.
Pessoas são o principal ativo de uma empresa, qualquer empresa, em qualquer segmento.
Somente pessoas podem transformar resultados, pois todo o resto é ferramenta.
Ocorre que todo este potencial é originário da maravilhosa energia humana, um dos elementos mais poderosos que se tem conhecimento.
Tanto poder é difícil de ser controlado.
Imagine a energia nuclear, por exemplo, que tem um potencial gigantesco de proporcionar força para toda a humanidade, em todos os aspectos, de forma limpa e eficiente, mas que sob qualquer pequeno lapso e vazamento, pode acabar com a vida no Planeta.
Guardadas as proporções, o que acontece com a energia humana dentro das empresas é similar.
Pessoas podem transformar a empresa e proporcionar resultados exuberantes a partir de inovação e criatividade, algo que máquina nenhuma jamais irá proporcionar.
Estas mesmas pessoas, com uma energia mal direcionada e sem controle, quebram qualquer negócio em poucos dias.
A dificuldade é controlar todo este potencial e direcionar toda esta energia para a transformação positiva, para a evolução e crescimento e aí está outro problema.
Pessoas nascem geneticamente programadas para praticarem os 7 pecados capitais e não tem nada de filosófico nisto, estamos falando de sobrevivência e evolução da humanidade.
O papo agora é de antropologia…
Preguiça é uma defesa, que faz concentrar e reter energias e está programado na gente desde os tempos em que a caça era difícil e perigosa, o que nos provocava a ficar na segurança da aldeia…
Gula vem do instinto programado de comer o máximo possível para armazenar o alimento, que também era raro e custoso…
Luxúria está conectada ao nosso senso reprodutivo, programado a partir da necessidade de expansão da espécie…
Ira é uma defesa emocional em situações extremas, que visam proteger nossas conquistas e manifestam nossa inconformidade com nossas eventuais derrotas e perdas…
Avareza é o senso de guardar valores para termos sempre uma reserva em tempos limitados…
Inveja é o que resulta do nosso desejo de superar nossas comparações sociais e humanas com outros indivíduos…
Soberba é resultado de nosso senso de vitória em alguns dos aspectos de nossa vida, que nos faz sentir importantes…
Cada um destes “pecados capitais” tem uma origem de evolução e proteção humana, desenhado em nosso código genético e só é ruim quando excede o natural, daí passa a ser um defeito, pois do contrário, cada uma destas características tem sido indispensável para a evolução humana através dos tempos.
O pecado está sempre no excesso.
Uma das consequências da soma de algumas destas características criou o que conhecemos como “zona de conforto”.
Uma área imaginária onde nos sentimos bem, conseguimos trafegar social e profissionalmente com desenvoltura e encontramos a maior parte de nossas necessidades atendidas, incluindo as psicológicas como reconhecimento, status social e exercício de poder.
Neste ponto a “porca torce o rabo”.
Como movimentar pessoas para fora de suas zonas de conforto, consolidadas há tanto tempo, de onde elas pilotam vidas satisfatórias e confortáveis e, se nem tanto, ao menos um lugar mais seguro do que o desafiador “mundo lá fora”?
Um problemão!
Do ponto de vista da lógica, o caminho é até conhecido: basta mostrar às pessoas as ameaças que nascem de sua inação, de sua incapacidade de mudar, se adaptar e se atualizar à nova realidade do universo corporativo e humano.
Até aí também não é tão difícil, até porque estamos no ponto das palestras e teorias.
O problema de fato acontece quando a transformação chega na prática.
Lugares, hábitos e processos precisam ser reinventados, para que a empresa não fique parada no tempo e consiga construir agilidade empresarial necessária, na velocidade que o “mundo lá fora” exige, a ponto de não sucumbirem, todos, na bancarrota do fracasso, antes mesmo de darem os primeiros passos da transformação.
Como falamos até agora, não basta mudar o timbre do papel, a cor da parede ou colocar um quadro que fale de uma missão ou valores que ninguém sequer sabe o que significam.
Estamos falando de assimilar, compreender, praticar, executar e se comprometer com a mudança cultural da empresa.
Neste ponto o rabo da porca já é um saca-rolhas.
Construir agilidade empresarial significa olhar para a execução dos processos corretos, manter a máquina funcionando, ao mesmo tempo em que uma estrutura especializada foca no que acontece adiante.
É simples demais…
Olhar para a frente para estar sempre antevendo o que terão que enfrentar, como as empresas superam seus próprios desafios, o que surge de inovação e quais as tendências.
Tudo sem parar, sem deixar de seguir adiante, sempre caminhando e avançando, um trabalho múltiplo, de muitas mãos e todos os cérebros.
O grande desafio é transformar a cultura de sua empresa, mas não é só isto.
Quando você conseguir cumprir a gigantesca tarefa de readaptar a sua cultura empresarial, recém inicia o desafio verdadeiro, que é manter um olhar sempre adiante, de todos, sempre prontos a mudar e transformar o tempo todo.
O desafio, portanto, não é mudar, é seguir sempre em constante transformação.
Isto é a verdadeira evolução que tem potencial de proporcionar a agilidade empresarial que seu empreendimento necessita.
São muitos os fatores envolvidos numa mudança de cultura e isto varia de acordo com a empresa, seu porte, seu mercado, suas características e seu potencial.
Existem algumas ferramentas que são indispensáveis para que qualquer empresa esteja preparada a enfrentar o grande desafio de construir e alimentar sua agilidade empresarial e separamos algumas das mais importantes para te mostrar:
1 – Conectividade, informações e talentos digitais…
Um dos elementos indispensáveis na construção de qualquer estrutura vencedora, em qualquer segmento da atividade empresarial humana é sua capacidade de conexão com todo o restante do Planeta.
Quem controla a informação detém o poder e a informação trafega através da tecnologia e estar dentro do circuito permite a rápida absorção de tudo o que existe de mais moderno em todos os segmentos, não tendo que reinventar a roda e colhendo os conhecimentos que os outros já experimentaram.
Claro que não basta saber tudo o que estão fazendo para fazer igual, pois embora seja importante estar atualizado, o sucesso vem do que você consegue fazer de DI FE REN TE e por isto se chama de DIFERENCIAL.
É neste ponto em que tecnologia e recursos requerem talentos para que todo este conjunto de dados se transforme em informação inteligente e decisiva e nisto, mais uma vez, as pessoas são o ativo insubstituível.
É aqui que entram os talentos digitais, pessoas conectadas com o que vem pela frente, mas capazes de traduzir isto para os processos práticos das empresas.
2 – Equilibre o “Feito é melhor que Perfeito”…
Nem sempre isto é verdade até porque você só tem uma oportunidade de causar uma primeira boa impressão e acredite, a primeira impressão é a que fica…
Você gostaria que a primeira impressão que o mercado tem de suas operações, intenções e potenciais seja apenas “feita” ou prefere que seja “perfeita”?
Não responda, apenas pense, até por isto falamos de equilíbrio.
Não é uma afirmação de que precisamos esperar eternamente até que algo atinja a excelência, mas um equilíbrio, onde a qualidade seja percebida, mas junto com ela, todo o potencial de evolução de seus produtos e serviços, de que a experiência do cliente estará em constante evolução, melhorando sempre, e não engessada em algo que “está pronto”.
Se o que você oferece ao mercado é realmente bom, então ele nunca fica pronto, pois está em constante evolução, como tudo, como o mundo, como a vida.
3 – Invista na inovação e nos talentos internos…
No Japão, quase 70% das ideias das pessoas no ambiente de trabalho são adotadas e depois de aplicadas nas operações, trazem transformações positivas aos resultados.
Na Alemanha este índice cai para 51%…
No Canadá, 44% das ideias internas são aproveitadas com sucesso, contra 38% dos Estados Unidos…
A Coréia do Sul aproveita 37% das ideias internas, enquanto a Noruega usa 33%…
A média de aproveitamento das ideias internas dos demais TOP 20 países mais desenvolvidos é de 26%…
Sabe qual o percentual de ideias internas aproveitadas de forma positiva nos países de origem latina, o Brasil inclusive?
1%.
A fonte é um estudo da International Association of Inovation Profesionals (IAOIP).
Dá para imaginar quantas ideias revolucionárias e inovadoras são perdidas, todos os dias dentro das empresas, apenas porque não existe uma política, uma cultura de captar estas experiências, exatamente das pessoas que mais atuam no cotidiano executivo e operacional dos processos, buscando aprimorar tudo e proporcionar agilidade empresarial e resultados?
Só o ato de pensar sobre isto já incomoda a ponto de demonstrar como este aproveitamento é importante no conjunto de resultados de um empreendimento.
4 – Implementar uma cultura de reconhecimento por mérito e desenvolvimento pessoal…
O elemento mais frustrante para as pessoas é sentir que todo o seu esforço não foi reconhecido e sua eventual ascensão profissional, de remuneração ou de perspectivas de futuro foi barrada por uma decisão política de algum superior que decidiu colocar outro na sua frente, apenas por critérios políticos e injustos.
Ele estará destruindo toda a cadeia de credibilidade de seu negócio.
Incentivar programas de melhoria contínua, associados às políticas de promoção e reconhecimento, que se manifestam em melhorias nas remunerações e bônus, mas que vão além, para o campo do potencial de crescimento, dos cenários positivos de futuro.
Oferecer ferramentas, meios e recursos de aprendizado e evolução do conhecimento.
Replicar e compartilhar todo o conhecimento que o empreendimento conseguir reunir, de forma democrática, onde todos se sintam motivados através da justiça e reconhecimento.
Implantar mecanismos de meritocracia objetiva, onde a inovação, o crescimento e a melhoria serão automaticamente premiados de alguma maneira representativa e estrutural.
5 – Verdade e transparência…
A verdade é a mais poderosa ferramenta humana de transformação.
A verdade absoluta, com total transparência tem o poder de unir diferentes em torno de um objetivo comum.
Verdade e transparência são indispensáveis em quaisquer esferas da vida humana.
Mostrar com clareza desafios e objetivos, para todas as esferas dentro da empresa, de forma franca e direta, sem joguinhos e conchavos.
Envolver as pessoas a partir do comprometimento e isto só acontece com um ambiente 100% verdadeiro e transparente.
Agilidade empresarial é algo indispensável para qualquer organização que pretenda enfrentar os desafios de um mundo em transformação desenfreada.
O que se entende por avançado hoje, amanhã simplesmente pode deixar de existir.
A ciência leva a tecnologia a patamares impensados, onde se fala de quântica, metaverso e tantas outras evoluções que são simplesmente contraintuitivas para 95% das pessoas que já estão usando estes recursos sem sequer fazer ideia do que sejam ou como funcionam.
A inteligência artificial já faz máquinas aprenderem sozinhas, sem programação (machine learning) e isto associado a sistemas de people analytics, que analisam comportamentos, hábitos e decisões das pessoas, e conseguem antever decisões futuras, sobre situações projetadas às quais as pessoas nem foram expostas ainda.
O mundo vem veloz e cada vez mais rápido, quando você pensa que está chegando, já foi e você nem percebeu.
É este o cenário desafiador que vem exigindo das empresas uma gigantesca capacidade de adaptação e, mesmo com todo este avanço tecnológico e potencial infinito de crescimento e mudança, ainda não surgiu nada como as pessoas, com a capacidade que temos de criar e inovar e este deve ser o grande investimento das corporações de sucesso para construir a agilidade empresarial de que tanto necessitam.