ANSIEDADE. O MAL DA HUMANIDADE E A EMPRESA

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Ansiedade. O mal que habita em nós

Uma construção da mente e do meio

Ansiedade. O mal que habita em nós
Uma construção da mente e do meio

Ansiedade é um dos mais salientes problemas da humanidade, já há algum tempo, parecendo que, quanto mais a civilização avança em evolução, maiores são as ansiedades que as pessoas experimentam.

Ansiedade é a soma de nossas incertezas, pressões e medos.

Tememos o desconhecido e existem infinitos elementos a mais, que não compreendemos, do que aqueles que conhecemos.

Todos os dias somos um novo Ser, pois evoluímos constantemente, mesmo que não consigamos perceber.

Mesmo que nossa tendência nos leve a arrastarmos pesadas âncoras, na forma de resistência às mudanças e movimentos do mundo, ainda assim avançamos, pois navegamos no mesmo barco do momento e da sua realidade.

Quando falamos da empresa, do trabalho, do ambiente corporativo, chegamos a uma das maiores fontes de nossas ansiedades.

As empresas, de certa forma, são uma extensão das pessoas que a compõem e a aceleração do mercado onde elas estão inseridas (empresas e pessoas), torna tudo muito mais desconhecido e incerto e aí estamos nós novamente, diante de novas incertezas e aflições.

E como lidar com isto, já que o problema cresce, se esparrama em nossas vidas e não se encerra em si mesma, já que é fonte produtora de tantos outros problemas, todos relacionados à nossa saúde psicológica e orgânica?

Vamos tentar entender melhor como a ansiedade se constrói e quais as melhores maneiras de lidar com ela, aliviando tensões e permitindo que estejamos focados em nossa vida, na felicidade, que afinal, é tudo o que importa.

Ansiedade. O que a ciência já sabe sobre o tema

O que a ciência sabe
Evolução do conhecimento sobre o problema

Ansiedade, embora seja uma experiência humana universal e antiga, só recentemente se tornou objeto de estudo científico rigoroso, já que a compreensão do problema evoluiu significativamente ao longo dos séculos, desde suas raízes filosóficas até as complexas teorias neurobiológicas da atualidade.

Origens Filosóficas e Primeiras Observações…

A ansiedade começou a ser observada há muito tempo, a partir das alterações de comportamento, reações extremadas em determinadas situações e aos medos excessivos.

Impossível não notar sua presença em meio a nós, através dos tempos e podemos buscar uma cronologia temporal para entendermos esta evolução…

Antiguidade:

Na Antiguidade, a compreensão da saúde e da doença era profundamente influenciada pela teoria dos humores, proposta por Hipócrates e posteriormente expandida por Galeno.

Essa teoria postulava que o corpo humano era composto por quatro humores – sangue, fleuma, bile amarela e bile negra – e que o equilíbrio entre eles era essencial para a saúde física e mental.

Desequilíbrios nesses humores eram considerados a causa de diversas doenças, incluindo a ansiedade.  

Hipócrates (460-370 a.C.) é considerado o “pai da medicina”, tendo sido um médico grego que revolucionou a prática médica ao enfatizar a observação clínica e o tratamento baseado em evidências.

Embora não tenha escrito especificamente sobre a ansiedade, sua teoria dos humores lançou as bases para a compreensão da saúde mental na Antiguidade.

Teoria dos Humores: Hipócrates acreditava que cada humor estava associado a um temperamento específico:

  • Sangue: Temperamento sanguíneo (otimista, alegre);
  • Fleuma: Temperamento fleumático (calmo, introvertido);
  • Bile amarela: Temperamento colérico (irritável, impulsivo);
  • Bile negra: Temperamento melancólico (triste, deprimido).

Desequilíbrio: Segundo Hipócrates, a ansiedade poderia ser causada por um excesso de bile negra, resultando em um temperamento melancólico e o tratamento envolvia restaurar o equilíbrio dos humores através de dieta, exercícios, sangrias e outros métodos.

Galeno (129-200 d.C.), um médico e filósofo romano, Galeno expandiu a teoria dos humores de Hipócrates, aprofundando a conexão entre os humores e as emoções.

Ele também introduziu o conceito de temperamento misto, reconhecendo que as pessoas raramente se encaixam perfeitamente em um único tipo.

Temperamento: Galeno associava a ansiedade a um desequilíbrio entre os humores, especialmente um excesso de bile negra ou uma deficiência de sangue, onde ele acreditava que o temperamento melancólico predispunha as pessoas à ansiedade e à depressão.

Tratamento: Galeno defendia uma abordagem holística para o tratamento, incluindo mudanças na dieta, exercícios, terapias com ervas e, em alguns casos, sangrias e ele também reconhecia a importância do apoio emocional e do aconselhamento.

Legado e Limitações:

A teoria dos humores dominou a medicina ocidental por séculos, influenciando a compreensão e o tratamento até o Renascimento.

Embora essa teoria tenha sido posteriormente refutada pela ciência moderna, ela representa um marco importante na história da medicina, demonstrando os primeiros esforços para entender a conexão entre o corpo e a mente.

É importante lembrar que a visão de Hipócrates e Galeno sobre a ansiedade era limitada pelo conhecimento científico da época.

Suas observações e teorias lançaram as bases para o desenvolvimento de abordagens mais complexas e eficazes para o tratamento da ansiedade nos séculos seguintes.

Idade média…

Na Idade Média, a compreensão da ansiedade era profundamente influenciada pela religiosidade e pelo misticismo que permeavam a sociedade europeia.

A forte presença da Igreja Católica e a crença generalizada em forças sobrenaturais moldaram a forma como a ansiedade era percebida e tratada.

Influências Demoníacas e Pecado:

A ansiedade, com seus sintomas físicos e emocionais angustiantes, era frequentemente interpretada como um sinal de possessão demoníaca ou de punição divina por pecados cometidos.

Essa visão era reforçada pela Igreja, que via a doença mental como uma manifestação do mal e uma oportunidade para reafirmar seu poder espiritual.

Possessão Demoníaca: Acreditava-se que demônios podiam se apoderar do corpo e da mente das pessoas, causando sintomas como medo intenso, agitação, alucinações e pensamentos perturbadores e a ansiedade, com suas manifestações físicas e emocionais, era facilmente confundida com possessão, levando a tratamentos drásticos e cruéis.

Pecado e Punição: O problema também era visto como uma consequência do pecado, uma punição divina por transgressões morais ou falta de fé e essa interpretação culpabilizava o indivíduo, intensificando o sofrimento e o isolamento social.

Tratamentos: Exorcismo e Penitência…

Diante da crença na origem sobrenatural, os tratamentos eram predominantemente religiosos e punitivos.

Exorcismo: O exorcismo era o principal tratamento para a possessão demoníaca, realizado por sacerdotes através de orações, rituais e invocações para expulsar o demônio do corpo da pessoa afetada, onde esses rituais podiam ser traumáticos e violentos, envolvendo contenção física, privação de sono e até mesmo tortura.

Penitência: Para aqueles que sofriam do problema atribuído ao pecado, a penitência era o caminho para a redenção e isso envolvia confissão, jejum, autoflagelação e outras formas de autopunição, buscando expiar as faltas e apaziguar a ira divina.

Impacto na Sociedade:

A associação da ansiedade com o mal e o pecado teve um impacto profundo na vida das pessoas que sofriam com essa condição.

Estigma e Isolamento: Pessoas com ansiedade eram frequentemente estigmatizadas, temidas e evitadas pela comunidade e o medo do contágio espiritual e a culpa associada ao pecado levavam ao isolamento social e à exclusão.

Tratamentos Cruéis: Os tratamentos baseados em exorcismo e penitência podiam ser extremamente cruéis e traumáticos, agravando o sofrimento e a ansiedade dos indivíduos.

Obstáculos ao Progresso Científico: A visão religiosa dominante impedia o desenvolvimento de uma compreensão científica da situação, atrasando o avanço do conhecimento e de tratamentos mais eficazes.

Legado e Reflexões…

A visão da ansiedade na Idade Média reflete a mentalidade de uma época marcada pela religiosidade e pela superstição.

Embora essa perspectiva tenha sido superada pela ciência moderna, ela nos lembra da importância de combater o estigma e a discriminação em relação à saúde mental, promovendo a compreensão e o acesso a tratamentos adequados.

A história da ansiedade na Idade Média também nos convida a refletir sobre o papel da religião e da espiritualidade na vida das pessoas, reconhecendo que a fé pode ser tanto um conforto quanto um obstáculo para aqueles que lutam contra a ansiedade e outros desafios emocionais.

Renascimento…

O Renascimento, período de efervescência cultural e científica entre os séculos XIV e XVI, marcou uma mudança gradual na compreensão do problema.

Médicos como Paracelso desafiaram as visões medievais, buscando explicações mais racionais e naturalistas para as doenças mentais.

Paracelso (1493-1541), um médico, alquimista e filósofo suíço, foi uma figura controversa e inovadora que questionou os dogmas da medicina tradicional. Ele rejeitava a teoria dos humores e as explicações sobrenaturais para as doenças, defendendo uma abordagem mais empírica e experimental.

Ansiedade e Desequilíbrio Químico: Paracelso acreditava que a ansiedade era causada por um desequilíbrio químico no corpo, resultante de influências externas, como venenos, miasmas ou até mesmo a influência dos astros e ele via a doença mental como uma manifestação de distúrbios físicos, abrindo caminho para uma compreensão mais médica da situação.

Tratamento: Paracelso utilizava uma combinação de terapias químicas, como o uso de minerais e metais, e abordagens psicológicas, como a sugestão e a hipnose, para tratar a ansiedade e seus métodos eram considerados radicais para a época, mas refletiam sua busca por alternativas às práticas medievais.

Avanços e Limitações…

A contribuição de Paracelso para a compreensão da ansiedade foi significativa, pois ele desafiou as visões predominantes e abriu caminho para uma abordagem mais científica da doença mental.

Reconhecimento da Ansiedade como Condição Médica: Paracelso foi um dos primeiros médicos a reconhecer a ansiedade como uma condição médica legítima, em vez de um sinal de possessão demoníaca ou pecado e essa mudança de perspectiva foi crucial para o desenvolvimento de tratamentos mais eficazes.

Busca por Explicações Naturalistas: A busca de Paracelso por causas químicas e físicas para a ansiedade refletia o espírito do Renascimento, que valorizava a observação e a experimentação, e essa abordagem empírica contrastava com as explicações sobrenaturais da Idade Média.

Tratamentos Rudimentares: Apesar de seus esforços, os tratamentos de Paracelso para o problema ainda eram rudimentares e baseados em teorias que hoje sabemos serem incorretas, pois o uso de metais pesados e outras substâncias tóxicas podia ser perigoso e ineficaz.

Legado e Impacto:

A obra de Paracelso representa um marco importante na história da medicina e da psiquiatria, abrindo caminho para uma compreensão mais científica da ansiedade e de outras doenças mentais.

Sua ênfase na observação, experimentação e busca por causas naturais influenciou gerações de médicos e cientistas.

Embora seus métodos de tratamento fossem limitados, a visão de Paracelso da ansiedade como uma condição médica legítima ajudou a remover o estigma e a culpa associados à doença mental, abrindo caminho para uma abordagem mais compassiva e humana no tratamento da ansiedade nos séculos seguintes.

Primeiros Desbravadores Científicos:

Século XIX:

Sigmund Freud (1856-1939):

Sigmund Freud, o pai da psicanálise, revolucionou a compreensão da ansiedade ao propor que ela se origina de conflitos inconscientes e mecanismos de defesa.

Sua teoria psicanalítica, desenvolvida no final do século XIX e início do século XX, influenciou profundamente o tratamento da ansiedade por décadas e continua a ser uma referência importante até hoje.

A Teoria Psicanalítica da Ansiedade…

Freud via a ansiedade como um sinal de alerta do ego, indicando a presença de um perigo iminente, seja ele real ou imaginário.

Esse perigo poderia surgir de três fontes:

Ansiedade Realista: Medo de um perigo externo real, como um acidente ou uma ameaça física.

Ansiedade Neurótica: Medo de que os impulsos do id (a parte instintiva e inconsciente da mente) escapem do controle e levem a comportamentos inaceitáveis, resultando em punição ou rejeição.

Ansiedade Moral: Medo de violar os padrões morais internalizados do superego (a parte da mente que representa a consciência e os ideais), levando a sentimentos de culpa e vergonha.

Para lidar com a ansiedade, o ego utiliza mecanismos de defesa, como a repressão, a negação e a projeção, para afastar os pensamentos e sentimentos ameaçadores da consciência.

Ocorre que o uso excessivo ou inadequado desses mecanismos pode levar a sintomas neuróticos e problemas psicológicos.

Evolução da Compreensão de Freud sobre a Ansiedade:

A compreensão de Freud sobre a ansiedade evoluiu ao longo de sua carreira, refletindo o desenvolvimento de sua teoria psicanalítica.

Primeira Teoria da Ansiedade (1895): Inicialmente, Freud via a ansiedade como um subproduto da repressão sexual, resultante da transformação da libido (energia sexual) não descarregada em sintomas físicos e emocionais.

Segunda Teoria da Ansiedade (1926): Em sua obra “Inibição, Sintoma e Ansiedade”, Freud revisou sua teoria, propondo que a ansiedade é um sinal de alerta que surge antes da formação do sintoma neurótico, onde o ego utiliza mecanismos de defesa para evitar a ansiedade, mas esses mecanismos podem se tornar problemáticos se usados em excesso.

Impacto da Teoria de Freud:

A teoria psicanalítica da ansiedade de Freud teve um impacto profundo na compreensão e no tratamento da ansiedade.

Ênfase no Inconsciente: Freud destacou a importância do inconsciente na formação da ansiedade, abrindo caminho para a exploração dos conflitos internos e das motivações ocultas.

Mecanismos de Defesa: A identificação dos mecanismos de defesa como forma de lidar com a ansiedade permitiu uma compreensão mais profunda dos sintomas neuróticos e dos padrões de comportamento disfuncionais.

Psicanálise como Tratamento: A psicanálise, desenvolvida por Freud, tornou-se um tratamento importante para a ansiedade, buscando trazer os conflitos inconscientes à consciência e fortalecer o ego para lidar com a ansiedade de forma mais adaptativa.

Legado e Críticas:

A teoria de Freud sobre a ansiedade foi inovadora e influente, mas também recebeu críticas e algumas das principais críticas incluem:

Falta de Evidências Empíricas: A teoria psicanalítica é baseada em observações clínicas e interpretações subjetivas, carecendo de evidências empíricas sólidas para sustentá-la.

Ênfase na Sexualidade: A ênfase de Freud na sexualidade como fonte primária da ansiedade foi considerada excessiva e reducionista por alguns críticos.

Duração do Tratamento: A psicanálise tradicional pode ser um processo longo e caro, o que limita seu acesso e aplicabilidade.

Apesar das críticas, a teoria de Freud sobre a ansiedade continua a ser uma contribuição importante para a compreensão da mente humana e do sofrimento emocional.

Sua ênfase no inconsciente, nos mecanismos de defesa e na importância da relação terapêutica influenciou diversas abordagens psicoterapêuticas e continua a inspirar pesquisas e reflexões sobre a ansiedade e outros desafios da saúde mental.

William James (1842-1910):

William James, considerado o pai da psicologia americana, foi um filósofo e psicólogo que explorou a relação entre a ansiedade e as emoções, enfatizando a importância da experiência subjetiva.

Sua teoria das emoções, desenvolvida no final do século XIX, desafiou as visões predominantes da época e influenciou o desenvolvimento da psicologia moderna.

A Teoria das Emoções de James:

A teoria de James, também conhecida como teoria de James-Lange (desenvolvida em conjunto com o fisiologista dinamarquês Carl Lange), propõe que as emoções são resultado da percepção das mudanças fisiológicas que ocorrem no corpo em resposta a um estímulo.

Em outras palavras, não sentimos medo porque estamos tremendo; estamos tremendo porque sentimos medo.

Sequência da Emoção:

Segundo James, a sequência da emoção é a seguinte:

  • Estímulo: Um evento externo ou interno desencadeia uma reação fisiológica no corpo;
  • Reação Fisiológica: O corpo responde ao estímulo com mudanças fisiológicas, como aumento da frequência cardíaca, sudorese, tensão muscular, etc;
  • Percepção da Mudança: O cérebro percebe essas mudanças fisiológicas e as interpreta como uma emoção específica;
  • Emoção: A emoção é a experiência subjetiva resultante da percepção das mudanças fisiológicas.

Ansiedade e Experiência Subjetiva:

James aplicou sua teoria das emoções à compreensão da ansiedade, enfatizando a importância da experiência subjetiva.

Ele argumentou que a ansiedade é uma emoção complexa que envolve a percepção de uma série de mudanças fisiológicas, como palpitações, falta de ar, tremores e sudorese.

  • Interpretação da Experiência: A forma como interpretamos essas sensações físicas influencia a intensidade e a qualidade da ansiedade que experimentamos, pois se interpretarmos as sensações como perigosas ou ameaçadoras, a ansiedade se intensifica e se as interpretarmos como normais ou controláveis, a ansiedade diminui;
  • Importância da Consciência Corporal: James destacou a importância da consciência corporal na experiência da ansiedade, pois quanto mais conscientes estamos das sensações físicas, mais capazes somos de reconhecer e gerenciar a ansiedade.

Impacto da Teoria de James:

A teoria de James sobre a ansiedade teve um impacto significativo na psicologia e na psicoterapia.

  • Ênfase na Experiência Subjetiva: James desafiou as visões predominantes que se concentravam nas causas externas da ansiedade, enfatizando a importância da experiência interna e da interpretação individual;
  • Consciência Corporal: Sua teoria destacou a importância da consciência corporal no reconhecimento e gerenciamento da ansiedade, abrindo caminho para técnicas terapêuticas que se concentram na atenção plena e na conexão mente-corpo;
  • Influência na Psicoterapia: A teoria de James influenciou o desenvolvimento de abordagens terapêuticas que se concentram na modificação dos padrões de pensamento e na regulação das emoções, como a terapia cognitivo-comportamental (TCC).

Legado e Críticas:

A teoria de James sobre a ansiedade foi inovadora e influente, mas também recebeu críticas, onde algumas das principais críticas incluem:

  • Simplicidade: A teoria de James foi criticada por ser simplista demais, ignorando a complexidade das emoções e a influência de fatores cognitivos e sociais;
  • Evidências Contraditórias: Algumas pesquisas encontraram evidências que contradizem a teoria de James, sugerindo que as emoções podem ocorrer mesmo na ausência de feedback fisiológico;

Apesar das críticas, a teoria de James sobre a ansiedade continua a ser uma contribuição importante para a compreensão da experiência emocional e do papel da consciência corporal na saúde mental.

Sua ênfase na experiência subjetiva e na interpretação individual das sensações físicas influenciou diversas abordagens terapêuticas e continua a inspirar pesquisas e reflexões sobre a ansiedade e outras emoções.

Desenvolvimentos do Século XX:

Behaviorismo: John B. Watson e B.F. Skinner propuseram que a ansiedade é aprendida através de condicionamento, abrindo caminho para terapias comportamentais.

Psicofarmacologia: O desenvolvimento de medicamentos ansiolíticos, como benzodiazepínicos, na década de 1950, proporcionou novas opções de tratamento, embora com potencial de dependência.

Neurociência: Avanços na neuroimagem e neuroquímica permitiram identificar as estruturas cerebrais e neurotransmissores envolvidos na ansiedade, como a amígdala e o GABA.

Terapia Cognitivo-Comportamental (TCC): Aaron Beck e Albert Ellis desenvolveram a TCC, que se concentra em identificar e modificar pensamentos e comportamentos disfuncionais, tornando-se um tratamento eficaz para a ansiedade.

Um desafio moderno:

O verdadeiro desafio
Inimigo a ser vencido

A ansiedade é agora reconhecida como um problema de saúde mental prevalente, com impactos significativos na qualidade de vida.

O estresse crônico, as pressões sociais e as incertezas do mundo moderno contribuem para o aumento da ansiedade.

Impactos na Saúde e Qualidade de Vida:

  • Saúde física: A ansiedade crônica pode levar a problemas cardiovasculares, gastrointestinais, distúrbios do sono e enfraquecimento do sistema imunológico;
  • Saúde mental: A ansiedade não tratada pode evoluir para transtornos de ansiedade mais graves, como transtorno de pânico, fobias e transtorno obsessivo compulsivo (TOC);
  • Qualidade de vida: A ansiedade pode afetar negativamente o desempenho no trabalho, os relacionamentos interpessoais e a capacidade de desfrutar da vida.

Problemas Associados à Ansiedade:

  • Depressão: A ansiedade e a depressão frequentemente coexistem, criando um ciclo vicioso de sofrimento emocional;
  • Abuso de substâncias: Algumas pessoas podem recorrer ao álcool ou drogas para lidar com a ansiedade, o que pode levar à dependência;
  • Problemas de relacionamento: A ansiedade pode dificultar a comunicação, a confiança e a intimidade nos relacionamentos;
  • Isolamento social: A ansiedade pode levar as pessoas a evitar situações sociais, resultando em isolamento e solidão.

A ansiedade no ambiente corporativo:

A escalada da competitividade, impulsionada pelas inovações tecnológicas e a constante transformação do mercado de trabalho, tem criado um ambiente propício para o aumento dos casos de ansiedade no mundo corporativo.

A pressão por resultados, a necessidade de adaptação constante e a incerteza diante do futuro geram um estresse crônico que pode desencadear ou agravar quadros de ansiedade nos profissionais.

A ansiedade no ambiente de trabalho se manifesta de diversas formas, desde a preocupação excessiva com o desempenho e o medo de cometer erros, até sintomas físicos como palpitações, sudorese, dificuldade de concentração e insônia.

As consequências podem ser devastadoras, impactando não apenas a saúde mental e física do indivíduo, mas também sua produtividade, seus relacionamentos interpessoais e sua qualidade de vida.

O absenteísmo, a rotatividade e a queda na produtividade são alguns dos impactos mais visíveis da ansiedade no ambiente corporativo.

A ansiedade pode levar ao desenvolvimento de outros problemas de saúde mental, como depressão e burnout, criando um ciclo vicioso de sofrimento e incapacitação.

Diante desse cenário, empresas e profissionais têm buscado estratégias para lidar com a ansiedade e seus impactos no ambiente de trabalho.

A promoção de um ambiente de trabalho saudável, com comunicação aberta, reconhecimento do esforço e valorização do bem-estar das pessoas, é fundamental para prevenir e reduzir a ansiedade.

Programas de apoio à saúde mental, como terapia, treinamento e workshops sobre gestão do estresse, também têm se mostrado eficazes na prevenção e no tratamento da ansiedade no trabalho.

A flexibilização da jornada de trabalho, a oferta de espaços de descanso e a promoção de atividades de lazer e integração também podem contribuir para um ambiente de trabalho mais acolhedor e menos ansiogênico.

É importante que os líderes e gestores estejam atentos aos sinais de ansiedade em seus colaboradores, oferecendo suporte e incentivando a busca por ajuda profissional quando necessário.

A criação de uma cultura organizacional que valorize a saúde mental e combata o estigma associado à ansiedade é essencial para que os profissionais se sintam à vontade para falar sobre suas dificuldades e buscar o apoio necessário.

A ansiedade no ambiente corporativo é um desafio complexo que exige ações conjuntas de empresas, líderes e profissionais.

Promovendo um ambiente de trabalho saudável, oferecendo suporte à saúde mental e combatendo o estigma, podemos criar um futuro em que a ansiedade não seja mais um obstáculo para o desenvolvimento profissional e pessoal, mas sim uma oportunidade para o crescimento e a superação.

Ansiedade e o futuro:

Ansiedade e a evolução
O que o futuro nos reserva…

A pesquisa continua a aprofundar nossa compreensão da ansiedade, buscando novas abordagens de tratamento e prevenção e a combinação de terapias psicológicas, medicamentos e intervenções no estilo de vida oferece esperança para aqueles que lutam contra a ansiedade.

A conscientização e a redução do estigma em torno da ansiedade são cruciais para garantir que as pessoas busquem ajuda e recebam o apoio necessário para gerenciar essa condição e viver vidas plenas e significativas.

Na vida, nas empresas, em toda a nossa existência, somos confrontados com os movimentos da evolução, que acontece numa velocidade que quase não percebemos.

Tecnologias vêm e vão numa velocidade absurda, onde mal conseguimos acompanhar.

Primeiro veio o rádio e convivemos por ele durante séculos, com seu mesmo formato e tecnologia.

Depois vieram outras mídias e, se você puxar pela memória, perceberá que surgiu o videocassete e, antes mesmo de usarmos 25% de todo o seu potencial, ele desapareceu, dando lugar ao DVD, que durou menos ainda, com a chegada do streaming, que não para de evoluir sobre ele mesmo.

Este é só um exemplo de quase tudo que nos cerca, que evolui muito mais rápido do que conseguimos acompanhar.

A chegada da Inteligência Artificial coloca fogo no parquinho, pois seu potencial transformador é assombroso, assustador e potencialmente transformador da vida como conhecemos hoje.

Tudo isto é fonte geradora de ansiedade, boa e ruim (normalmente ruim).

Ansiedade é excesso de futuro, por isto, independente dos apoios científicos que são indispensáveis, tratar a ansiedade é, basicamente, viver mais no presente e bem menos no futuro.

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