HIERARQUIA. COMO ANDA A ORGANIZAÇÃO CORPORATIVA

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HIerarquia. A escala de ordem social

Construção da sociedade

HIerarquia. A escala de ordem social
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Hierarquia tem origem na língua grega antiga, sendo formada pela junção de dois termos:

ἱερός (hierós): que significa “sagrado” ou “sacerdote”.

ἀρχή (arché): que significa “governo”, “comando” ou “autoridade”.

Com isto, a palavra “hierarquia” originalmente se referia a uma ordem sagrada ou sacerdotal, onde os sacerdotes eram organizados em diferentes níveis de autoridade e responsabilidade.

Com o tempo, o termo passou a ser utilizado de forma mais ampla para descrever qualquer sistema de organização baseado em níveis de poder ou autoridade.

A construção etimológica da palavra “hierarquia” reflete a importância da autoridade na organização social das antigas civilizações.

A palavra foi incorporada ao latim como “hierarchia” e posteriormente ao português e outras línguas modernas.

Hoje em dia, a expressão “hierarquia” é utilizada em diversos contextos, desde a organização empresarial e governamental até a estrutura social e religiosa.

Ela continua a representar um sistema de organização baseado em níveis de poder e autoridade, embora seu significado original de “ordem sagrada” tenha se perdido ao longo do tempo.

Nosso foco hoje é tentar entender como a escala hierárquica tem se adaptado ao novo conjunto social, impactado pela própria evolução em todos os campos da humanidade, incluindo elementos poderosos, como a tecnologia, que vem transformando praticamente tudo, principalmente, o ambiente corporativo.

Hierarquia. Como se deu a construção da história hierárquica das empresas

A história
Por onde começamos

Hierarquia é, de certa forma, um organizador social e não observamos a construção hierárquica apenas na humanidade, basta olhar para a natureza e perceber que mamíferos, em geral, estabelecem hierarquias naturais e primitivas.

Manadas possuem líderes, e sub-líderes e classificações de importância em ondas, que vão do topo ao final da ceia.

Isto não acontece apenas dentro de uma espécie, mas entre elas também.

A consciência nos leva a entender a hierarquia que experimentamos diretamente, e definimos como aspectos de poder criados por nossa obediência à religião e ao poder estabelecido.

Em nada isto é diferente do que fazem os mamíferos, onde o mais forte e poderoso assume a posição alfa, por vezes num modelo patriarcal, em outros matriarcal, mas sempre relacionado ao controle do poder.

Nosso foco hoje é entender um pouco melhor como a hierarquia funciona e impacta o universo corporativo e por isto vamos a uma abordagem mais específica à hierarquia no mundo do trabalho.

A trajetória…

Tente se imaginar no século XIX, um período de grande efervescência e transformações.

A Revolução Industrial estava a todo vapor, impulsionada por novas tecnologias como o motor a vapor e a metalurgia.

As fábricas surgiam como cogumelos, substituindo as oficinas artesanais e transformando a forma como as pessoas trabalhavam.

Nesse contexto, a ordem hierárquica nas empresas começou a se consolidar.

Inspirada na estrutura militar e na organização da Igreja Católica, a hierarquia empresarial se baseava em uma cadeia de comando clara e rígida, onde cada indivíduo tinha um papel bem definido e obedecia às ordens de seus superiores.

No topo da pirâmide, estava o proprietário da empresa, que detinha o poder absoluto e tomava todas as decisões importantes.

Abaixo dele, vinham os gerentes, responsáveis por supervisionar os diferentes departamentos e garantir o cumprimento das metas.

E na base da pirâmide, estavam os operários, que executavam as tarefas manuais e repetitivas.

Essa estrutura hierárquica se mostrou eficiente para organizar o trabalho em larga escala e garantir a produção em massa.

No entanto, ela também gerava problemas, como a falta de comunicação entre os diferentes níveis, a desmotivação dos funcionários e a resistência à mudança.

No século XX, a hierarquia empresarial passou por algumas transformações.

Com o surgimento de novas teorias de gestão, como a administração científica de Frederick Taylor e a teoria das relações humanas de Elton Mayo, as empresas começaram a dar mais atenção aos aspectos humanos do trabalho.

Taylorismo…

A Administração Científica de Frederick Taylor, também conhecida como Taylorismo, foi uma teoria revolucionária que surgiu no final do século XIX e início do século XX, com o objetivo de otimizar a eficiência e a produtividade nas indústrias.

Taylor, um engenheiro mecânico americano, acreditava que a aplicação de métodos científicos ao trabalho poderia eliminar o desperdício, aumentar a produção e melhorar a qualidade dos produtos.

Princípios da Administração Científica:

  • Estudo de tempos e movimentos: Taylor defendia a análise detalhada de cada tarefa, decompondo-a em seus movimentos básicos e cronometrando o tempo necessário para sua execução e com isso, era possível identificar os movimentos desnecessários e otimizar o tempo de execução, aumentando a eficiência;
  • Seleção e treinamento científico dos trabalhadores: Taylor acreditava que cada trabalhador deveria ser selecionado e treinado de acordo com suas aptidões e habilidades para realizar uma tarefa específica, o que permitiria que cada pessoa se especializasse em uma função, aumentando sua produtividade;
  • Divisão do trabalho: Taylor propôs a divisão do trabalho em tarefas simples e repetitivas, que poderiam ser facilmente aprendidas e executadas por qualquer trabalhador e esta divisão permitia a especialização dos trabalhadores e a otimização do tempo de produção;
  • Supervisão funcional: Taylor defendia a criação de supervisores especializados em cada área da produção, que seriam responsáveis por treinar e orientar os trabalhadores em suas tarefas específicas;
  • Incentivos salariais: Taylor acreditava que os trabalhadores deveriam ser remunerados de acordo com sua produtividade, através de sistemas de incentivos salariais, o que motivaria os trabalhadores a produzir mais e melhor.

Impactos da Administração Científica:

A Administração Científica de Taylor teve um impacto significativo na organização do trabalho e na gestão das empresas.

Seus princípios foram amplamente adotados pelas indústrias, levando a um aumento da produtividade, da eficiência e da padronização dos processos.

No entanto, a Administração Científica também foi criticada por sua visão mecanicista do trabalho, que desconsiderava os aspectos humanos e sociais dos trabalhadores.

A divisão do trabalho em tarefas simples e repetitivas, por exemplo, podia levar à alienação e à desmotivação dos funcionários.

Apesar das críticas, a Administração Científica de Taylor deixou um legado importante para a gestão moderna.

Seus princípios de racionalização do trabalho, especialização dos trabalhadores e incentivos salariais continuam a ser utilizados em muitas empresas, embora de forma adaptada e combinada com outras abordagens mais humanizadas.

A Administração Científica de Taylor foi um marco na história da gestão, representando uma mudança de paradigma na forma como as empresas organizavam o trabalho.

Seus princípios influenciaram a gestão moderna e continuam a ser relevantes até hoje, embora com adaptações e complementações.

O papel de Mayo…

A Teoria das Relações Humanas de Elton Mayo foi um marco na história da administração, representando uma mudança de paradigma em relação à Administração Científica de Taylor.

Enquanto Taylor focava na otimização dos processos e na eficiência do trabalho, Mayo e seus colaboradores voltaram sua atenção para os aspectos humanos e sociais do ambiente de trabalho.

Origens da Teoria das Relações Humanas:

A Teoria das Relações Humanas surgiu a partir dos estudos realizados por Elton Mayo e sua equipe na fábrica da Western Electric em Hawthorne, Chicago, entre 1927 e 1932.

Inicialmente, os pesquisadores buscavam entender como as condições físicas do ambiente de trabalho, como iluminação e temperatura, afetavam a produtividade dos operários.

Os resultados da pesquisa surpreenderam a todos.

Os pesquisadores descobriram que a produtividade dos trabalhadores não era influenciada apenas por fatores físicos, mas também por fatores sociais e psicológicos, como o reconhecimento, a atenção, o sentimento de pertencimento ao grupo e a participação nas decisões.

Princípios da Teoria das Relações Humanas:

  • O ser humano é um ser social: Mayo e seus colaboradores perceberam que os trabalhadores não são apenas motivados por recompensas financeiras, mas também pela necessidade de se relacionar com outras pessoas e de se sentirem parte de um grupo;
  • A importância da comunicação: A comunicação aberta e transparente entre os diferentes níveis hierárquicos da empresa é fundamental para o bom relacionamento entre os funcionários e para a criação de um ambiente de trabalho positivo e motivador;
  • A liderança democrática: O líder deve ser um facilitador, que incentiva a participação dos funcionários nas decisões e valoriza suas opiniões, onde liderança autoritária e centralizadora, típica da Administração Científica, pode gerar insatisfação e desmotivação;
  • A importância do grupo: O grupo de trabalho é um espaço de socialização e aprendizado, onde os indivíduos se identificam e se apoiam mutuamente, onde o líder deve reconhecer a importância do grupo e incentivar a cooperação entre seus membros;
  • A motivação não é apenas financeira: Os trabalhadores são motivados por diversos fatores, como o reconhecimento, a realização pessoal, o desenvolvimento profissional e a participação nas decisões, onde o líder deve buscar entender as necessidades e expectativas de cada funcionário e oferecer recompensas que vão além do salário.

Impactos da Teoria das Relações Humanas:

A Teoria das Relações Humanas revolucionou a forma como as empresas passaram a enxergar seus funcionários.

O foco deixou de ser exclusivamente na produtividade e na eficiência, para incluir também o bem-estar, a satisfação e a motivação dos trabalhadores.

Essa mudança de paradigma levou à criação de novas práticas de gestão, como programas de treinamento, desenvolvimento de equipes, avaliação de desempenho e participação nos lucros e resultados.

As empresas passaram a investir mais em comunicação interna, em programas de qualidade de vida no trabalho e em ações de responsabilidade social.

A Teoria das Relações Humanas também influenciou o desenvolvimento de outras teorias de gestão, como a Teoria Y de McGregor, que defende uma visão mais otimista e participativa do ser humano no trabalho, e a Teoria da Hierarquia das Necessidades de Maslow, que destaca a importância de atender às necessidades humanas para alcançar a motivação e a satisfação.

A Teoria das Relações Humanas de Elton Mayo foi um marco na história da administração, mostrando que o sucesso de uma empresa depende não apenas da eficiência técnica, mas também do bem-estar e da motivação de seus funcionários.

Seus princípios continuam a ser relevantes até hoje, inspirando novas práticas de gestão e contribuindo para a criação de ambientes de trabalho mais humanos e produtivos.

A evolução através do tempo

A transformação
Metamorfose

A hierarquia se tornou menos rígida e mais participativa, com a criação de canais de comunicação entre os diferentes níveis e a valorização da opinião dos funcionários.

Surgiram também novas formas de organização, como a estrutura matricial, que combina a hierarquia vertical com a horizontal, e a estrutura em rede, que se baseia na colaboração e no compartilhamento de informações.

Com o advento da era da informação e da tecnologia, a hierarquia empresarial sofreu novas mudanças.

A globalização, a internet e a automação transformaram a forma como as empresas operam e se relacionam com seus funcionários.

A hierarquia vertical, que antes era a norma, começou a dar lugar a estruturas mais flexíveis e horizontais.

Empresas como a Google e a Netflix adotaram modelos de gestão mais ágeis, onde a autonomia, a colaboração e a inovação são valorizadas.

Nesse novo cenário, a hierarquia não desapareceu, mas se tornou menos rígida e mais permeável.

Os líderes deixaram de ser apenas chefes e passaram a ser mentores, facilitadores e inspiradores.

Os funcionários, por sua vez, ganharam mais autonomia e responsabilidade, podendo tomar decisões e contribuir para o sucesso da empresa.

Além da hierarquia horizontal, outras formas de organização têm surgido, como a hierarquia circular, onde o poder é distribuído de forma mais equitativa entre os membros da equipe, e a holocracia, onde a autoridade é descentralizada e as decisões são tomadas de forma coletiva.

Essas novas formas de organização refletem a mudança de mentalidade que vem ocorrendo no mundo corporativo.

As empresas estão percebendo que a hierarquia tradicional não é mais suficiente para lidar com os desafios do século XXI.

A colaboração, a inovação e a agilidade são cada vez mais importantes para o sucesso das empresas, e a hierarquia precisa se adaptar a essa nova realidade.

A transição da hierarquia vertical para a horizontal não é um processo fácil, mas é um caminho necessário para as empresas que querem se manter competitivas e relevantes no mercado. Ao adotar estruturas mais flexíveis e participativas, as empresas podem atrair e reter talentos, aumentar a motivação e o engajamento dos funcionários, e promover a inovação e o crescimento.

Hierarquia também está em transformação

Hierarquia também evolui
Movimento constante

Hierarquia é parte do conjunto social e estabelece suas diferentes medidas, onde basicamente, o espírito competitivo humano é canalizado, de uma maneira mais próxima a uma concepção de justiça.

Obviamente, onde existem níveis, existem os que ficam em cima e os que ficam embaixo, por isto a horizontalização vem se construindo como um elemento de construção de igualdade hierárquica e isto tem sido fortemente transformador.

Novas gerações surgem e como nossa pele se renova com o tempo, o próprio tecido social também evolui e muda e certamente, nos últimos 50 anos evoluímos muito mais do que em todo o restante da história humana na face da Terra.

Como será e como estaremos daqui a 50 ou 100 anos, nesta verdadeira progressão geométrica avassaladora que a tecnologia impõe, em escala à nossa realidade e existência?

O ambiente corporativo é parte de nossa vida e nossa hierarquia ainda tem muito que evoluir e se transformar, o tempo todo e o desafio maior será termos capacidade de acompanhar estes movimentos, pois o que demorava, já chegou e o que ainda nem percebemos, está logo ali na frente.

Precisamos vigiar e estarmos atentos, para usufruir deste maravilhoso cenário mutante, mas também, para não sermos atropelados por ele.

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