Relacionamento nas empresas está diretamente ligado ao relacionamento social, pois somos pessoas e vivemos em sociedade, onde o trabalho é uma das esferas de nossas relações.
Relacionamento nas empresas, no entanto, é um ponto nevrálgico de qualquer gestão, independente do porte do empreendimento, pois pessoas são seres distintos, com formas diferentes de entenderem a vida e de se posicionarem diante das tantas situações que enfrentamos em nosso cotidiano, incluindo o ambiente profissional.
Para se ter uma ideia da importância do tema, cabe salientar que passamos a maior parte de nosso tempo acordado dentro das empresas, em nosso trabalho, nos relacionando, por vezes, por muito mais tempo com nossas equipes de trabalho do que com nossa própria família.
Isto faz com que o relacionamento nas empresas seja determinante não apenas para o resultado dos negócios de nosso empreendimento, mas também para a nossa qualidade de vida enquanto indivíduos.
Um caminho de duas vias, envolvendo todos os interesses, diretos e indiretos, pois se alguém não se relaciona bem na sua empresa tende a refletir nas suas relações familiares, e vice-versa.Relacionamento nas empresas é o tema deste nosso conteúdo, que pretende apontar caminhos e soluções para este aspecto tão determinante da gestão dos negócios.
Relacionamento nas empresas envolve diversos fatores, assim como é a diversidade na sociedade, mas precisamos considerar que a base de todo e qualquer relacionamento acontece através de um elemento único e poderoso: a comunicação.
A comunicação é a ferramenta básica na construção das relações humanas e ela tem o poder de aproximar ou afastar pessoas.
Comunicação é uma ferramenta social dinâmica que interfere diretamente no processo de relacionamento entre as pessoas e por isto esta mesma dinâmica é transferida para os relacionamentos.
Pessoas são essencialmente dinâmicas, ou seja, mudam de acordo com o ambiente e seus interesses, o que é natural a quem possui capacidade de adaptação.
Quando nos adaptamos às mudanças ambientais evoluímos, de alguma forma, para outro patamar e isto nos transforma constantemente.
A essência humana, no entanto, costuma se manter imutável, mas a superfície precisa se ajustar aos novos tempos, novos comportamentos, novas tecnologias.
Nas empresas isto é sentido de uma forma muito mais impactante, já que empresas mais sintonizadas com a evolução tendem a aplicar novas soluções rapidamente, o que exige uma capacidade maior de adaptação profissional das equipes.
O que é fonte de evolução também costuma ser fonte de uma série de outras situações, algumas estressantes para as pessoas, outras gratificantes, a maioria reflete tanto estresse quanto gratificação numa mesma proporção.
As diferenças
Por serem diferentes as pessoas apresentam reações igualmente diferentes às mais diversas situações impostas pelo cotidiano.
Aqui começa de fato o verdadeiro jogo das relações nas empresas, quando é preciso transformar visões de vida tão diversas numa “massa homogênea” de harmonia e equilíbrio social, que resulte num ambiente que promova o desenvolvimento, a evolução e o prazer individual e coletivo.
Não é uma tarefa fácil, porque as diversas habilidades e skills que as empresas precisam está concentrada em indivíduos únicos e com suas próprias formas de se posicionar diante da vida e da sociedade, que é repleta de temas e abordagens polêmicas.
Manter o equilíbrio de toda esta energia vital é algo complexo, pois é uma força muito poderosa e que sofre influências de todas direções, o tempo todo.
A competitividade
Uma das características de maior impacto nos relacionamentos nas empresas nasce da nossa característica de competitividade.
A evolução plantou em cada indivíduo vivo um mecanismo de competitividade que é essencial para o nosso desenvolvimento e que consolida partes fundamentais de nossa personalidade e estrutura.
Somos essencialmente competitivos, basta observar um pai jogando videogame com um filho, por exemplo.
Talvez não exista maior relação de amor e entrega do que uma que envolva um pai e um filho, mas experimente colocar ambos com controles nas mãos diante de uma competição de um videogame para ver o resultado…
Provavelmente você dirá que muitas vezes os pais costumam levar tudo com maior leveza (nem sempre), mas ninguém pode negar que o filho se esforça ao máximo para vencer a partida, por N motivos, sobretudo por uma questão de deixar o pai orgulhoso por seu desempenho.
O que temos como resultado é uma competição, onde talvez apenas um esteja competindo com maior afinco e determinação, mas exatamente por isto ainda é uma competição.
Agora retire nosso exemplo de pauta e tente imaginar como funciona a competição “no mundo lá fora”, na “selva competitiva” dos ambientes profissionais…
Começa que o afeto e o amor já foram embora e o que existe é um certo grau de consideração, coleguismo e aproximação, em vários níveis é verdade, não negamos que fortes laços de amizade se formam a partir do ambiente profissional, mas não é sempre e nunca é com todos.
A competição não é para deixar os outros orgulhosos e sim para conquistar espaços, onde na maioria das vezes não cabe mais que um, o que gera exclusão e o conceito de vitória e derrota se estabelece.
É neste ponto, que na parte subconsciente da mente humana (até porque é inerente a todos os seres vivos, desde os mais primordiais) se consolida a realidade de que interesses se tornam mais fortes que a maioria das relações e o grupo vai se acomodando entre espinhos e empurrões, formando hierarquias, grupos de interesse comum, nós e eles.
Pessoas são o elemento mais valioso para qualquer empresa, pois todo o resto é sistêmico e, portanto, pode ser automatizado, enquanto pessoas não são passíveis de automatização.
Mesmo os asiáticos conseguem chegar, no máximo, ao nível da padronização, mas mesmo lá existem muito mais diferenças do que semelhanças.
Por serem subjetivas e não exatas, o que pode ser visto como um problema, pessoas são os únicos elementos de qualquer operação capazes de proporcionar o ingrediente mais vital para a existência de qualquer empreendimento, hoje ou no futuro: CRIATIVIDADE.
Somente através da criatividade nasce a INOVAÇÃO e este é o fator determinante entre sucesso e fracasso no mundo moderno e mais ainda no futuro de curto, médio e longo prazo.
Uma empresa evoluída já compreendeu esta realidade de importância das pessoas para sua sobrevivência e aquela que ainda questiona, argumenta, defende teses diferentes está fora de sintonia com seu tempo e com o mercado e em algum momento aprenderá, no caso, por sofrimento, que sim, pessoas são o ativo mais importante de uma empresa.
Obviamente pessoas são complexas, delicadas de se relacionar, de entender, de se comunicar, mas o petróleo está enterrado a quilômetros abaixo do solo marinho, em profundezas abissais e ainda assim é o mais poderoso ingrediente de energia a combustão que existe.
Pessoas e petróleo não são fáceis de “acessar”, mas não deixaram de ser o combustível que sua “máquina” precisa para funcionar.
O papel do gestor
Se pessoas são o principal ativo das empresas, então a principal tarefa de qualquer gestor moderno é criar e manter ambientes atraentes, evolutivos e desafiadores para atrair e manter os talentos trabalhando juntos, dando o melhor de si na construção da sua vida profissional, que não por acaso, reverterá nos resultados que a empresa precisa.
Qualquer gestor que não está focado na qualidade do ambiente social de sua empresa está trabalhando errado.
Estudos de todos os tipos realizados pelas instituições e profissionais mais respeitados no âmbito do desenvolvimento humano no Planeta demonstram claramente que remuneração já deixou de ser o principal motivo pelos quais as pessoas trabalham.
Em primeiro lugar vem o RECONHECIMENTO, seguido de perto pelo POTENCIAL DE EVOLUÇÃO PROFISSIONAL e em terceiro lugar vem a QUALIDADE DE RELACIONAMENTOS, e para a surpresa da maioria, apenas em quarto lugar aparece a REMUNERAÇÃO.
Não pense que se trata de uma remuneração como conhecemos, do tipo “seu salário é X e ponto final, vá cumprir suas tarefas!”
Tente entender um talento diferenciado ouvindo uma proposta destas, mesmo que a oferta seja um salário de 100 mil reais mensais e ele é contratado para dar ideias e soluções que vão gerar 10 bilhões de resultados para a sua empresa, e em troca ele recebe um “pentelhésimo” de tudo que ele mesmo criou…
Pense nos caras que criaram o Windows junto com Bill Gates, um dos maiores cases de sucesso do mundo…
Tente imaginar a quantidade de resultado que este produto ainda despeja todos os dias nos cofres do grupo…
Agora tente imaginar quanto ganharam (e ganham) as pessoas que estiveram juntos na criação do conceito, da base, do produto, de sua evolução e desenvolvimento…
A expressão correta é PARTICIPAÇÃO NOS RESULTADOS.
Os principais talentos do mundo ganham, 10, 20, 100, 1000, um milhão de vezes mais em bonificações por resultado e desempenho do que sua base fixa de remuneração.
O papel do gestor é pensar muito além da remuneração.
Precisa criar e manter todas as condições para que as pessoas queiram estar ali e darem o melhor de si.
Pessoas só fazem o que querem
Não pense que esquecemos da parte principal do ponto de vista de gestão de pessoas.
A verdade é que podemos teorizar tudo o tempo todo e em todas as direções, mas a verdade essencial é uma só: pessoas só fazem o que querem fazer.
Talvez algum engraçadinho possa sugerir algum exemplo como a escravidão, onde pessoas faziam o que não queriam, tentando argumentar que pessoas fazem sim o que não querem, desde que sejam obrigadas a tal.
Também é verdade…
É reconhecido que Seres Humanos aprendem e agem apenas por 2 fatores determinantes: MAIS AMOR e MENOS DOR.
Agora tente imaginar um trabalho análogo à escravidão, onde pessoas são levadas para cumprirem tarefas inócuas, desgastantes, em ambientes ruins, trabalhando para pessoas piores ainda, apenas porque necessitam…
Tente imaginar que tipo de resultado global se tira de uma operação como esta e o grau de entrega espontânea que estas pessoas oferecem em prol do melhor resultado para o negócio…
Perderemos tempo aqui discutindo sobre uma centena de argumentos que demonstram incontestavelmente que SIM, AS PESSOAS SÓ FAZEM O QUE QUEREM e somente em condições aprazíveis e evolutivas começam a entregar o melhor de si, por uma única razão, porque acreditam que aquilo fará com que a vida delas seja boa, evoluída e justa.
Se você é gestor, portanto, e não está focado com prioridade na qualidade do ambiente de sua empresa, da forma como acontece o relacionamento interpessoal dentro de seu empreendimento e não está trabalhando na construção do melhor ambiente possível para atrair e manter talentos, então infelizmente você está trabalhando completamente errado e os índices de turnover e de reflexo no seu faturamento e resultados demonstra isto claramente.
O relacionamento nas empresas é uma espécie de energia constante que flutua invisível em todos os espaços, permeando paredes e indivíduos e é nutrido pela energia vital de cada componente do grupo.
Parece roteiro de filme de Scorsese, mas é bem assim que funciona…
É preciso sensibilidade para entender assim…
Os grandes gestores de pessoas e desenvolvimento humano entendem desta energia e conseguem perceber seu grau de positividade e negatividade, além de seus movimentos que impactam diretamente no clima de toda a organização, é como uma espécie de vento, que você não vê, mas pode sentir a presença, o movimento e em que direção aponta.
Este grande lençol invisível é que faz as pessoas sorrirem e que abriga todos ali, num senso comum de felicidade global.
Por vezes é possível perceber certas ondas de energia ruim brotando de algum lugar específico e a tarefa do gestor é identificar este movimento, através de sinais e sensibilidade, porque não solucionar conflitos vai fazer com que esta energia negativa se espalhe gradualmente através de todo o “tecido”, primeiro lentamente, depois de forma mais veloz e com maior força, e o semblante das pessoas muda e de uma hora para a outra o “encanto se desfaz”.
Relações humanas são complexas porque pessoas são complexas e por isto qualquer coisa pode impactar a harmonia do ambiente e criar pontos de conflito e divergência mais séria entre as pessoas, mas existem 4 elementos que possuem potencial de interferência direta na qualidade do ambiente e queremos falar um pouco sobre eles…
1 – Inteligência emocional
Inteligência emocional é um ativo de personalidade de alto valor e nos tempos modernos é impossível existir num ambiente corporativo sem inteligência emocional, sem entender como as coisas acontecem dentro da gente, dentro da nossa mente, da nossa “máquina de decisões”, que é o que norteia nossos comportamentos.
As emoções são muito mais primitivas que que nossa razão.
Emoções possuem um histórico de 10 milhões de anos na formação de nossa espécie, são controladas pela parte límbica do nosso cérebro.
A razão, pobrezinha, é um bebê, com apenas 10 mil anos de existência evolutiva.
No jogo eterno de ação e reação, de causa e efeito, normalmente o réptil que habita em nós responde antes de o bebê da razão entender o que está acontecendo e qual o melhor comportamento a adotar e por isto, passa mais tempo remediando e remendando os estragos do nosso emocional do que nos carregando para a frente na jornada da vida.
A vantagem é que a razão é poderosa quando damos a ela o controle, mas para isto é preciso entender como tudo isto funciona em nossa mente, como funciona nossa “máquina decisora”, onde se formam nossas ações e comportamentos.
Lembre que toda causa gera um efeito e que toda a ação provoca uma reação e o caminho é controlar o ponto de partida, onde tudo se forma e a esta habilidade damos o nome de inteligência emocional.
Um gestor sintonizado com a realidade entende a importância disto e fomenta a cultura de autoconhecimento e desenvolvimento da inteligência emocional dentro de sua equipe.
É claro que a maior responsabilidade é do indivíduo, mas vivemos numa sociedade em que as pessoas, em maioria, primeiro respondem aos seus impulsos e somente depois percebem o estrago que causaram, se repetindo na montanha russa de explosões emocionais e pedidos de desculpas.
Choques interpessoais provocados por explosões emocionais sempre “tiram lascas” de alguma maneira e desgastam as relações humanas, a tal ponto de se tornarem impraticáveis.
2 – Metas e objetivos pessoais
Relacionamento nas empresas depende, em muito, do grau de motivação das pessoas do ambiente.
O estado geral de ânimo movimenta e influencia, já que somos sempre produtos do meio que nos cerca, onde estamos inseridos.
Uma equipe de sucesso é formada por pessoas com objetivos bem claros e o gestor pode e deve exigir e incentivar que as pessoas tenham objetivos.
É preciso esclarecer que não estamos falando das metas da empresa, especificamente.
O tema trata das metas pessoais, da capacidade de planejar um futuro profissional, um plano de carreira e de desenvolvimento humano na vida e na empresa.
Existem processos e sistemas específicos para isto, como o próprio PDI (Plano de Desenvolvimento Individual), onde a empresa auxilia e dá apoio técnico e estrutural para que a pessoa construa um planejamento pessoal de curto, médio e longo prazos.
Quando as pessoas possuem objetivos claros e enxergam a perspectiva de atingi-los, o ambiente muda e a positividade toma conta, melhorando as condições de convivência interna e aprimorando o relacionamento nas empresas.
3 – Comunicação
A comunicação é a essência do relacionamento e os processos de comunicação nas empresas são fundamentais para que não aconteçam ruídos e incompreensões.
Cabe ao gestor criar os mecanismos adequados, usando tecnologia e demais recursos para promover uma comunicação limpa e confiável entre os diversos atores do processo.
Todo mundo conhece um exemplo de pessoas que se relacionaram mal durante anos (ou nem se relacionaram) por causa exclusiva de um mal-entendido, que sequer parecia com o que ambos entenderam.
A comunicação fluida, transparente, clara, em todos os níveis, deve ser promovida pela empresa, oferecendo as ferramentas e os canais de contato e promovendo encontros formais e informais para que a comunicação funcione de forma objetiva na construção e melhoria do relacionamento nas empresas.
4 – Prioridades e valores
Empresas que seguem planos de gestão e processos administrativos profissionais costumam ter planos de objetivos bem claros e é destes planos que nascem as prioridades, tanto do grupo como as individuais.
A empresa precisa deixar claro os seus objetivos e manter todos em conexão com o que é prioridade.
Uma comunicação clara serve também para deixar evidente os posicionamentos do grupo, em relação à empresa e em relação a cada um individualmente.
Os valores precisam ser evidentes e conhecidos por todos, por isto existe o balanced scorecard, que define Missão, Política de Qualidade, Visão e Valores do empreendimento.
O ideal é que estes valores contenham uma ênfase para o elemento humano, para as pessoas e que todos entendam seu grau de importância no conjunto empresarial, demonstrando também que a emprese nutre, respeita e incentiva relacionamentos francos e verdadeiros.
A empresa precisa demonstrar que não tolera mentiras, falsidades e comportamentos tóxicos, sem esquecer de demonstrar que o comportamento fora da empresa também faz parte da imagem de cada um, mesmo que legalmente a empresa não tenha gerência sobre isto.
Relacionamento nas empresas, as relações interpessoais quando estão em bom nível e fluem com naturalidade numa energia positiva consiste do elemento transformador mais poderoso de um empreendimento.
Pessoas sintonizadas, que sentem prazer em estar naquele ambiente, em conviver com seus pares e compreendem que são importantes no contexto de suas posições são incomparavelmente mais produtivas, solucionadoras e proativas.
Um gestor eficiente entende a diferença de competitividade oferecida por um time unido e feliz, focado em manter aquele lugar do jeito que está, melhorando sempre, sentindo orgulho de participar daquele universo diferenciado e agradável.
Felicidade é isto, é poder trocar e compartilhar momentos produtivos, de aprendizado, de convivência, de experiências únicas, mas que são percebidas por todos, com orgulho por serem mais que engrenagens numa máquina, mas de serem células pulsantes de um verdadeiro ser vivo, que o bom gestor conseguiu transformar em empresa.