Profissional de contabilidade talvez seja um dos personagens do mundo corporativo que mais necessite se conectar com a evolução que estamos enfrentando e que se multiplicará daqui para a frente.
A contabilidade é inerente ao sistema legal e de gerenciamento das empresas e é necessária a praticamente todo empreendimento, em qualquer porte, com uma única exceção, o Microempreendedor Individual (MEI) e para falar a verdade, não se sabe ainda por quanto tempo.
O profissional de contabilidade, de alguma maneira, vive mergulhado num conjunto de procedimentos e operações que são determinados por leis que não param de se mover em todas as direções, de acordo com os interesses dos governos e sua fome arrecadatória.
Por outro lado, o profissional de contabilidade é conectado com a empresa a quem atende e seu processo de gestão, oferecendo informações vitais e em tempo real para apoiar o conjunto decisório do seu cliente.
Encontrar o equilíbrio entre as duas pontas, assumindo um papel de “amortecedor” destas relações, atuando como consultor da empresa nas melhores direções, preservando a lei, mas sempre focado em caminhos de maior relevância aos interesses de seu cliente deve ser o foco principal do profissional de contabilidade, mas como se encontrar numa atividade tão complexa em meio a um cenário tão dinâmico?
É disto que vamos falar neste conteúdo…
Profissional de contabilidade empoleirado numa fazenda de números, seguindo processos e procedimentos engessados e contínuos é algo que cada vez mais ficará obsoleto, como função e como prática.
Tente imaginar um cenário em constante transformação em quase tudo o que impacte a gestão de negócios, de seus clientes, sobretudo com origem na tecnologia, que empurra o que entendemos como presente na direção do futuro, que para muitos é desconhecido.
Desconhecer o futuro não é o pecado maior aqui e nem a falha definitiva, afinal, quem conhece o futuro?
É uma utopia…
O pecado original é não possuir e não nutrir o principal fator de diferenciação entre sucesso e fracasso hoje e daqui para a frente: sensibilidade.
Você não precisa, necessariamente, conhecer ou antever um determinado cenário que terá que enfrentar, embora isto ajude demais em termos competitivos, mas você precisa ter sensibilidade para entender os movimentos de transformação acontecendo, lentamente, o tempo todo, com a chegada de uma nova técnica, um novo equipamento, um novo sistema, um novo método.
Observe que não estamos nos referindo apenas aos movimentos que estão obviamente ao seu alcance sensorial, mas aos principais movimentos que acontecem no mundo que envolvem os seus interesses e os interesses dos seus clientes.
A velocidade das transformações
Há algum tempo estamos criando conteúdos focados nos movimentos de transformação que apontam para um futuro desafiador em todos os segmentos da atividade humana.
Não se trata de movimentos necessariamente ruins, claramente eles são parte da construção de um mundo novo, cheio de inovações e recursos que sequer conseguimos imaginar com precisão.
Sempre foi assim, na verdade, a questão diferente neste momento é a velocidade como tudo acontece e isto afeta nossa capacidade de compreensão do que vai acontecer logo ali adiante, algo que demorava muito mais para mudar hoje já muda de um dia para o outro e sequer percebemos.
A humanidade levou 6 mil anos para inventar o disquete, depois levou 10 anos para inventar o CD, depois levou 5 anos para inventar o DVD e mais 5 para surgir com um pendrive.
Um foi atropelando o outro.
O videocassete que te fazia ir na locadora alugar grandes e pesadas fitas, para as quais você pagava uma taxa extra de rebobinação (o corretor nem reconhece esta palavra) simplesmente sumiu com a chegada do DVD, que desapareceu com a chegada dos pendrive, que já se encontram com um destino incerto, em função de streams e conexões de alta velocidade que permitem o tráfego instantâneo de qualquer tipo de mídia, conteúdo ou dados, armazenados e trafegando digitalmente no que chamam de “nuvem”.
Você foi um “passageiro” nesta viagem e quando se deu conta o cenário já estava transformado.
Hoje, quando falamos disto, constatamos o impacto destas transformações, mas não as percebíamos quando estávamos em meio ao evento.
“É preciso sair da ilha para ver a ilha.”
(José Saramago)
As empresas e o profissional de contabilidade estão inseridos no mundo, neste Planeta e dependentes de sua própria realidade, da qual não é possível fugir.
Profissional de contabilidade até pode compor músicas ou poemas, dançar e cantar, pode fazer o que quiser dentro de sua habilidade e interesse, mas essencialmente, um profissional de contabilidade é uma pessoa de “exatas”, um matemático, um cientista objetivo dos números, do “realizado” e “a realizar” e este é o centro do seu universo.
Quando o mundo se transforma, tudo o que está nele se transforma também, numa determinada proporção e velocidade.
Quando surge uma nova doença, vamos morrendo até que surja um remédio ou uma vacina e assim tem sido historicamente.
As empresas também são impactadas pelas mudanças do mundo e com o advento da tecnologia as transformações são muito maiores e mais impactantes.
A tecnologia evolui, cria novos recursos e evolui novamente a partir dos novos recursos que ela mesma criou e isto vai crescendo exponencialmente.
Sentimos a força desta transformação quando antes surgiam os bancos e depois os cartões, enquanto hoje, temos cartões que nem bancos possuem.
A transformação através do consumo
Um dos fatores que mais promovem o desenvolvimento e a evolução dentro de um cenário essencialmente capitalista é o consumo, a demanda originada no interesse de um número cada vez maior de pessoas interessadas em consumir produtos inovadores, recursos modernos e tecnologia transformadora.
A demanda centraliza interesse e poder de compra e as mentes pensantes mais brilhantes do Planeta estão focadas em gerar demandas que as pessoas sequer imaginam que precisam ou que um dia vão querer.
Quando Akio Morita inventou o “walkman” não havia ninguém pensando:
“Nossa! Como seria legal se eu tivesse um aparelho que pudesse colocar preso ao meu cinto, com fones até o ouvido, onde eu pudesse inserir uma fita K7 gravada com minhas músicas preferidas e andar por aí escutando livremente…”
Ninguém jamais imaginou como aquilo seria útil, interessante e desejado, até o artefato surgir de uma mente brilhante, virar realidade e ser apresentado às pessoas, que rapidamente correram atrás daquela maravilhosa e impensada novidade.
Os limites para a inovação não existem, apenas residem dentro da capacidade inventiva da mente humana, que como já percebemos, parece ser ilimitada, pois sempre há algo novo para ser inventado ou algo já existente, que pode ser melhorado, aprimorado, transformado.
Criamos um universo de pessoas consumidoras e ávidas por novidades.
Pessoas que andam a pé, que não possuem reboco nas paredes das casas e, muitas vezes, nem mesmo casas próprias, estão muito mais interessadas no próximo lançamento do Iphone ou da Dell do que de onde vão tirar grana para pagar suas contas mais elementares.
Gênios de todos os tipos criam novas necessidades.
O dinheiro muda de conceito e passa a não ter controle, porque com as criptomoedas não existe como controlar, pois estamos falando de códigos avulsos e invulneráveis, em várias camadas de criptografia, divididos em milhões de blockchains, cada uma composta por milhões de servidores espalhados pelo mundo, numa rede sobre a qual qualquer controle externo é completamente impossível.
As relações de trabalho mudam rapidamente e a própria legislação já encontra dificuldades em acompanhar o fluxo com o qual o trabalho se movimenta.
Pessoas do mundo todo se conectam em tempo real e trocam informações, contratam serviços, são pagos num dinheiro que não é físico e nem passa por um banco central.
Como controlar tudo isto?
A lei sempre corre atrás da evolução
Um fato que a história demonstra com clareza é que a lei sempre corre atrás da evolução, sendo uma espécie de acessório necessário ao controle da humanidade diante da evolução.
Você inventa o trabalho e, com o tempo, se descobre que se não houver reguladores tudo retorna à escravidão, então se constrói um conjunto de leis que regula as relações trabalhistas.
A humanidade inventa remédios e misturas químicas com as mais diversas aplicações e, depois de um tempo, se percebe a necessidade de criar leis que regulem o uso destas substâncias, suas aplicações e comercialização.
A comunicação sofre impactos diretos da tecnologia, que de uma hora para outra surge com possibilidades infinitas de conexão de pessoas e tráfego da informação e lá vem a lei, atrasada como sempre, pretendendo a regulação da comunicação humana.
E assim é em toda a atividade humana, com a lei sempre correndo atrás, como forma de regular relações nos mais diversos campos, abrindo e fechando portas, mas a humanidade sempre encontra novos formatos de fazer as coisas e a lei tem uma dificuldade eterna de se adaptar ao que a humanidade prospecta e aplica na sua evolução.
As leis também assumem o papel de ferramenta de interesses de governos e grupos dominantes, num eterno jogo de interesses.
Isto é percebido claramente no mundo corporativo, onde empresas lutam para enfrentar todos os desafios inerentes ao mercado e, ao mesmo tempo, precisam encontrar formas de lidar com a sempre crescente pressão dos conjuntos de leis inventados pelos governos para centralizar e controlar, sobretudo, a arrecadação.
As relações de trabalho também são um foco constante de conjuntos legais dos mais diversos, classificando pessoas por atividades, gerenciando grupos sindicais, remunerações, direitos trabalhistas e, claro, arrecadação de tributos sobre o trabalho, algo que é uma anomalia decorrente da fome tributária dos vários governos das nações menos desenvolvidas.
Existem distorções escandalosas e legalmente aceitas, como no Brasil, onde se paga imposto de renda sobre salários, ignorando a mesma lei que determina que salário não é renda e, portanto, não deveria ser tributado.
O profissional de contabilidade é trapezista neste circo e sem rede de proteção.
Um erro de lançamento pode causar prejuízos enormes a um conjunto de pessoas e instituições envolvidos direta ou indiretamente naquele lançamento.
A pressão existente sobre os ombros do profissional de contabilidade é gigante e se você é um profissional de contabilidade e não percebe esta pressão, então é provável que não tenha uma compreensão adequada também de sua responsabilidade.
Inevitável abordarmos a responsabilidade como característica necessária a um profissional de contabilidade, como é para qualquer outra atividade, mas algumas funções envolvem mais responsabilidade por lidar com maiores valores.
Imagine o tamanho da responsabilidade de um cirurgião cardíaco, ou de um motorista de ônibus escolar ou engenheiro projetista e construtor de uma ponte.
Obviamente todos estão cientes de sua responsabilidade, algumas vitais, outras nem tanto, mas todas de pesadas consequências.
O que proporciona um equilíbrio existencial a este tipo de profissional é a consciência de sua preparação, conhecimento e habilidade em lidar com todos os aspectos envolvidos na execução de seu trabalho.
Com o profissional de contabilidade acontece o mesmo.
Empresas e clientes contam que ele esteja preparado para aquilo que se dispõe a fazer e proporcionar como resultado de seu trabalho, mas será que este profissional de contabilidade tem noção do que realmente está envolvido em seu portfólio de habilidades e responsabilidades?
Conhecimento
A primeira responsabilidade de um profissional de contabilidade para com seus clientes e consigo mesmo é a do conhecimento.
Um profissional de contabilidade capacitado a operar no mercado precisa ter o conhecimento necessário para a execução de múltiplas e complexas tarefas, associadas a cálculos, leis e análises.
O conhecimento é um desafio, pois precisa ser amplo e específico ao mesmo tempo.
Um profissional de contabilidade que terá portas abertas no futuro precisa conhecer profundamente o seu trabalho e tudo o que está ali relacionado.
Obviamente não estamos falando sobre o conhecimento acumulado e não apenas isto, mas sobretudo, a sua capacidade de renovar e inovar, de reaprender e aprender de novo, de acompanhar os movimentos e as atualizações deste oceano de microrganismos legais e comportamentais, sem se perder e sem emanar suposições e ações equivocadas, pois estas podem ter consequências graves e irremediáveis a quem depende destes posicionamentos.
Habilidade
Saber e não usar é não saber ainda e, portanto, o conhecimento não é nada sem a devida aplicação e esta é outra faceta da responsabilidade do profissional de contabilidade.
Neste ponto faz uma grande diferença se você realmente nasceu para fazer este tipo de trabalho, pois ainda existem muitas pessoas que chegaram aos seus postos por eliminação, ou seja, não conseguiram o que sonharam e se contentaram com o que conseguiram.
Isto não vale apenas para o profissional de contabilidade, mas para todos os profissionais, em quaisquer funções e atividades.
Para o profissional de contabilidade isto tem uma relevância importante, pois a habilidade se manifesta a partir da motivação em liberar sua capacidade e se você não se sente em plenitude na sua atividade então seu potencial será sempre reprimido.
Motivação
Sem motivação nada prospera e a atividade de profissional de contabilidade possui algumas características peculiares, que se consolidaram através do tempo e que não são verdadeiras, mas muita gente ainda assimila como se fossem.
Um profissional de contabilidade trabalha com ciências exatas na maior parte do tempo, mas seu trabalho está longe de ser apenas fazer contas fecharem e cumprir determinações legais.
Ocorre que muitos ainda enxergam a contabilidade com este viés, como se fosse um pedaço de funcionalismo público conectado com a empresa.
Por osmose, devido à proximidade entre os profissionais de contabilidade e as repartições públicas diversas com quem interage ou, mesmo que não interaja, precisa preparar documentos e informações seguindo protocolos destas instituições, acabam também construindo um perfil de funcionário público.
Longe de julgamentos, o funcionalismo público é, em maioria (obviamente com exceções) formado por indivíduos acomodados, de vida ganha e mansa, com estabilidade e sem maiores desafios.
Esta esfera se propaga ao braço de contato com a iniciativa privada que costumam ser os profissionais de contabilidade.
É um processo natural, pois somos produto do meio e se convivemos com processos públicos temos a tendência de absorver características das pessoas que trabalham nesta esfera.
A consequência impacta diretamente a motivação, pois ao contrário do funcionário público, o profissional de contabilidade não tem estabilidade, não está fora de controles e avaliações e precisa se manter em evolução constante.
É cômodo e agradável acreditar que se tem estabilidade independente da produtividade e na iniciativa privada não é assim que funciona.
Onde um empreendimento possui “dono”, ou seja, alguém que “paga a conta”, a estabilidade é determinada pela competência e isto é um entrave em muitas operações de contabilidade.
É comum encontrarmos tradicionais e importantes empresas de contabilidade com profissionais de contabilidade em suas equipes que estão acomodados, fazendo as coisas sempre da mesma forma, acreditando que só existe um formato para a execução das tarefas e completamente desconectados da evolução que acontece todos os dias.
Se motivar neste segmento é um pouco mais complexo que em outras atividades, mas isto não significa que não seja vital.
O princípio de motivação começa na percepção de que é necessário evoluir sempre, aprender sempre e crescer profissionalmente sempre, focando em novas perspectivas, compreendendo que o profissional de contabilidade qualificado não é um “preenchedor de guias” (até porque isto já está se automatizando cada vez mais).
Um profissional de contabilidade de valor está de olho nas transformações e já assumiu um papel investigador de processos e de perfil consultivo, há muito tempo.
Um outro aspecto de motivação relevante e que está distorcido é que a empresa é a única responsável pela motivação das pessoas.
Esta é uma visão torta, pois é um caminho de duas vias…
De um lado a empresa tem a obrigação de criar e produzir ambientes compatíveis com reconhecimento e desenvolvimento pessoal e profissional de suas equipes…
De outro lado, a motivação não é um acessório, é o combustível que já deve vir com o profissional.
Uma Ferrari sem combustível não é nada mais que um objeto decorativo, independente da potência que ali está adormecida.
Comprometimento
Como em tudo na vida é preciso ter comprometimento com as causas que atuamos e os papéis que executamos no conjunto social.
Ninguém contrata ninguém para um trabalho “meia-boca”, mas muita gente recebe isto de sua força de trabalho, porque as pessoas criam universos ilusórios ao redor de sua competência.
Se você é daqueles antigos e “ultrapassados” que ainda acredita que deve ser remunerado pela “quantidade de trabalho”, saiba que isto já está deixando de existir.
Empresas e projetos estão deixando de pagar as pessoas pelo seu trabalho, mas pelo RESULTADO de seu trabalho e isto vai ficando cada vez mais visível e aparente, difícil de dissimular e se esconder atrás do que não é percebido.
Já existem sistemas de GESTÃO DE DESEMPENHO com várias ferramentas tecnológicas que não apenas avaliam o desempenho das pessoas considerando a relação entre POTENCIAL X ENTREGA, mas também apontam quais são as causas das deficiências e vão mais longe ainda: determinam quais serão as decisões e comportamentos futuros das pessoas diante de determinadas situações profissionais, tudo utilizando ferramentas tecnológicas avançadas como People Analytics e Machine Learning.
Estar comprometido com o projeto onde você atua é muito mais do que estar comprometido com seus contratantes, é estar comprometido com você mesmo, em primeiro lugar.
Entregar o melhor de você e melhorar sempre é se transformar numa pessoa indispensável e assim percebida, algo que lhe dará valor e reconhecimento.
Responsabilidade
Todos temos responsabilidades explícitas e implícitas e o profissional de contabilidade guarda muito mais responsabilidade direta e indireta que a maioria das demais atividades.
A quantidade de dados sigilosos e estratégicos com os quais ele opera diariamente amplia esta responsabilidade.
Ele atua na operação destas informações, mas não gera e nem exerce propriedade sobre estes conteúdos, que invariavelmente, pertencem a terceiros.
Em outras palavras, o profissional de contabilidade lida com dados vitais de outras pessoas e empreendimentos e tem a obrigação de manter responsabilidade sobre a aquisição, tráfego, armazenamento e controle destas informações.
A própria LGPD (Lei Geral de Proteção de Dados) é uma evolução mais específica das dimensões desta responsabilidade.
Uma pequena anotação manual (ou não) esquecida temporariamente sobre uma mesa de trabalho, com acesso público, que exponha algum dado de propriedade de terceiros, como um faturamento, uma intenção de contratação ou demissão, algum dado de remuneração ou algo assim, que gere um vazamento, é punido legal e criminalmente pela legislação.
Qualquer relação humana se baseia em confiança e o principal componente da confiança é a responsabilidade.
Imagine uma empresa, de qualquer porte, entregando suas mais internas e preciosas informações sobre tudo o que envolve sua existência para alguém que não demonstre cuidado e responsabilidade com o que trabalha.
Escritórios poderosos de contabilidade já perderam contas de clientes importantes sem nem ao menos saber o verdadeiro motivo, quando o que aconteceu foi uma visita inesperada de um diretor da empresa ao escritório contábil e a percepção de que valiosas informações eram tratadas como simples papéis de atuação diária, onde ele teve a condição de saber várias informações sobre outros clientes que transitavam soltas e irresponsavelmente sobre mesas e equipamentos, como telas abertas e expostas de computadores.
Para um profissional de contabilidade conseguir prosperar em qualquer tempo e mais ainda neste futuro desafiador que se apresenta, a mais importante habilidade é a de aprender sempre e cada vez mais.
Também não adianta nada possuir a capacidade de aprender se não reconhecer que precisa, urgentemente, estar sempre na ponta da pirâmide do conhecimento em sua área de atuação.
A maior parte dos “adormecimentos” profissionais acontece porque as pessoas, mesmo com a capacidade em plenitude, apenas não acreditam que seja necessário melhorar e crescer.
A existência no futuro depende da capacidade de inovar e de compreender a inovação.
O profissional de contabilidade deverá estar sintonizado não apenas com o presente, mas com as tendências de futuro, onde a médio prazo, até o dinheiro, como conhecemos hoje, deixará de existir.
As relações de trabalho não param de mudar e todo dia se descobre um formato novo que a lei sequer percebeu.
O menino paquistanês que atua como programador, e dos bons, já programa para empresas aqui no Brasil, recebe em criptomoedas e não existe nenhum vestígio desta operação profissional em nenhum lugar do mundo.
Como lidar com isto?
Não cometa o erro de acreditar que isto está distante, pois já acontece hoje, em grande escala e cada vez maior.
Não espere o futuro atropelar e passar por cima de você.
Os profissionais de contabilidade mais antigos tendem a se esforçar em direção à aposentadoria e esta é uma tendência normal, afinal, isto é parte do ciclo da vida.
O que a maioria deste povo não contava é que o avanço da tecnologia faria com que a evolução acontecesse muito mais rápido do que estão preparados e muitos ainda terão que enfrentar as transições de todas estas mudanças.
Para falar a verdade, será lindo de ver os governos que concentram poderes sobre leis de controle e sobre o controle do capital através do dinheiro, perceberem os seus elementos de poder simplesmente derreterem sob seus “traseiros”, como gelo no deserto, como já começou a acontecer.
Por outro lado, se a sua aposentadoria ainda não está perto, tipo… uns 10 anos, então a sugestão é que você coloque suas “barbas de molho”, pois teremos um oceano de mudanças atropelando a sua aparente tranquilidade atual.
O primeiro impacto virá exatamente daqueles que hoje parecem te dar conforto, os teus empregadores.
Se for um escritório de contabilidade, uma empresa especializada, com vários clientes, a pressão virá dos clientes sobre a empresa, exigindo modernidade, soluções e prognósticos sobre todas estas mudanças que já estão acontecendo.
Não pense que eles não se conversam em suas networks sobre o colega que mandou milhões para o exterior sem pagar um centavo de impostos usando a engenharia de criptomoedas.
Se é legal ou não é uma outra história.
Aqui no Brasil mesmo é hilário observar congressistas declarando que precisam criar formas de regulamentar as criptomoedas, algo que não se sabe quem é o dono, onde ficam armazenadas e de que forma poderiam ser confiscadas, ou seja, incontroláveis.
As empresas de contabilidade serão pressionadas a encontrar encaixes contábeis mais atraentes para as operações de seus clientes e não será estranho que um cliente tenha que ir até seu escritório de contabilidade para dizer como ele deve atuar com a sua contabilidade, porque aprendeu primeiro?
Onde você acha que isto vai resultar?
A porta do administrador do escritório abrirá e o olhar crítico cairá sobre sua linha operacional e a pressão será compartilhada com o profissional de contabilidade que, até então, estava na cômoda posição de preenchedor de guias e construtor de folhas de pagamento.
Se você é um profissional de contabilidade interno, alocado numa empresa diretamente, a pressão virá de seu diretor, na mesma forma, exigindo soluções inovadoras para pagar menos impostos, aplicar modernidade nas relações de trabalho e oferecer uma atuação mais consultiva sobre os próximos passos da organização.
Em qualquer um dos casos é evidente que a capacidade de aprender será sempre o diferencial insubstituível.
A sugestão é que você se dê conta disto agora e trabalhe intensamente com esta nova perspectiva, indo atrás de aprendizado e de compreensão de todos estes movimentos, pois o espaço será daqueles que primeiro entenderem a realidade e, portanto, estarão mais capacitados a lidarem com ela.
Profissional de contabilidade será valioso para as corporações e os próprios escritórios de contabilidade mais evoluídos serão muito valorizados, até porque serão, inicialmente, minoria.
Você mesmo que está consumindo este conteúdo neste momento chegou até aqui com um interesse na lógica irrefutável do que aqui está exposto, mas lotado de dúvidas de como e quando isto tudo vai acontecer.
Lembre sempre que quando o videocassete desapareceu a maior parte de seus usuários não usavam nem 20% de seus recursos disponíveis.
Não seja um videocassete que nem percebeu a evolução e simplesmente desapareceu.
O caminho é investir em conexões, network de ponta, até porque esta visão de inovação é muito nova e ainda não está consolidada como conhecimento público geral.
Esqueça a universidade como fonte de conhecimento, pois isto é do tempo das bibliotecas, dos livros físicos, quando não havia a internet e a independência das comunicações que ela provocou.
Hoje todo o conhecimento do mundo é acessível a qualquer mísero smartphone com uma conexão razoável com a internet.
A universidade e as instituições de ensino, assim como as leis, estão sempre correndo atrás da atividade humana e com os tempos e recursos atuais esta distância só aumenta cada vez mais, a ponto de se tornarem obsoletas.
Imagine que escolas de alto nível, com mensalidades de 4, 5 mil reais mensais, ainda ensinam crianças a escreverem em letra cursiva.
Você consegue encontrar um único, um mísero exemplo de onde esta criança vai escrever com letra cursiva hoje e mais ainda no futuro?
Até a assinatura já é digital.
Se você quer avançar no futuro com desenvoltura e, principalmente se você é jovem e gosta do que faz, mergulhe em conexões com pessoas inteligentes e evoluídas.
Continue amigo de seus amigos, mas vá atrás de novas conexões, novas formas de pensar, estabeleça novas networks, pois é a partir daí que sonhos viram ideias, ideias viram projetos e projetos se transformam em realidade.
Não se deixe levar pelas maiorias, elas são as últimas a aceitarem a inovação e não impedem em nada que ela aconteça.
Para a maioria a inovação é sinônimo de mudanças e seres humanos são avessos a mudanças, não querem sair de suas zonas de conforto e se você olhar agora para a pessoa que está a seu lado, seja quem for, falar sobre o que leu até aqui e perguntar sua opinião, a chance é muito grande de que ela lhe diga que “isto é bobagem”, que “nada disto tem pé nem cabeça”, que tudo “continuará como sempre foi”, mesmo que depois, à noite, quando ela chegue em casa, assista a streaming ao invés de TV, o marido assista uma partida de futebol em tempo real por um canal pago que ele acessa do próprio smartphone, porque ela está usando a TV para assistir streaming, enquanto o filho de 10 anos desenvolve um canal do Youtube falando sobre Roblox (Metaverso) onde já tem 100 mil seguidores e, em breve, estará ganhando mais que o pai e a mãe apenas pela audiência de seu canal.
Quando for para falar de futuro, cuidado com suas referências, para não ser atropelado não tanto pela inovação do futuro, mas pelo atraso dos outros.