SAÚDE MENTAL DO EMPRESÁRIO. SUPERANDO DESAFIOS EM MEIO À BATALHA COTIDIANA

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A complexa teia da saúde mental do empresário

Desvendando a mente empresarial

A complexa teia da saúde mental do empresário
Desvendando a mente empresarial

Saúde mental do empresário é um tema que vem ganhando cada vez mais espaço nas rodas de debates de temas corporativos.

Assuntos de interesse, estratégias, mercado, mecanismos, ferramentas, sistemas, leis, tudo se empilha de forma volumosa sobre o colo do empresário moderno, que precisa lidar com tudo isto contando apenas com sensibilidade e talento, que nem sempre são suficientes.

A amplitude do desafio reflete diretamente na saúde mental do empresário, que é exposto à pressão em níveis incomuns e os tratamentos indicados envolvem algo que, normalmente, ele não tem: tempo e relax.

Se o empresário moderno se der ao luxo de empenhar tempo para relaxar em meio à guerra, os danos podem ser maiores que os benefícios e os prejuízos irrecuperáveis.

Nosso propósito neste conteúdo é apontar caminhos objetivos para lidar com a saúde mental do empresário, sem agravar seus problemas, mas também, sem abandonar o controle e operação de seu empreendimento.

Neste passeio vamos entender quais são às maiores ameaças à saúde mental do empresário, como as pessoas de destaque lidam com isto e quais os melhores caminhos para superar estes problemas, de forma satisfatória e evolutiva.

Saúde mental é diferencial competitivo atualmente

A saúde mental do empresário é um diferencial competitivo
Um ativo que faz a diferença

Saúde mental do empresário é diferencial, ao mesmo tempo que é essencial, pois a competitividade do mundo corporativo atual requer, antes de tudo, equilíbrio de decisões e capacidade cognitiva para entender todas as variáveis do cenário.

Qualquer comprometimento na saúde mental do empresário tende a refletir em escolhas comprometidas, comportamentos instáveis e desmobilização da força e da energia das pessoas que compõem o empreendimento.

A pressão é ingrediente comum e permanente na atividade empresarial e, embora consistente e avassaladora, a pressão vem de todos os lados e sua administração é requisito para o enfrentamento adequado dos desafios.

Conviver com a pressão é uma habilidade humana em todos os níveis, não apenas no universo do empresário, mas todas as pessoas, em todas as categorias sociais, enfrentam a pressão todos os dias.

No capitalismo, a pressão costuma estar conectada à capacidade de gerar recursos necessários para honrar os compromissos da vida.

Um cidadão sente a pressão por pagar a conta de luz, ou comprar o gás que está para terminar, enquanto o empresário sofre a pressão para pagar a folha de pagamento, os tributos ou fornecedores.

O valor não é determinante, pois se uma conta de luz custa 200 reais e tira o sono de um colaborador que ganha pouco mais que um salário-mínimo, mais ou menos na mesma proporção, uma folha de pagamento de 200 mil reais tira o sono de um empresário que fatura 1 milhão.

Psicologicamente o estrago é o mesmo, e tende a ser maior até no que envolve menor valor.

Os números impressionantes da saúde da mente nas direções das empresas

A saúde mental em números
Conhecendo a saúde mental do empresário

A saúde mental do empresário mostra números expressivos, que apontam que 12% dos empresários são objetivamente diagnosticados com Transtorno de Déficit de Atenção e Hiperatividade (TDAH), 32% consomem algum tipo de medicação para depressão, 11% possuem diagnóstico de Transtorno Bipolar.

Dentre tantos números, 32% dos empresários relatam possuir mais de 2 manifestações de problemas mentais e 18% relatam ter mais de 3 problemas relacionados à saúde mental.

Ansiedade

De todos os problemas relacionados à saúde mental do empresário, a ansiedade é a estrela, com manifestação em mais de 70% dos casos conhecidos.

Isto se explica porque, além de ser um problema objetivo em si mesmo, a ansiedade deflagra uma série de outras consequências na saúde mental do empresário.

Depressão, por exemplo, aparece em torno de 30% das manifestações de empresários com problemas diagnosticados de saúde mental, mas um dos principais agentes de ocorrência de depressão é a própria ansiedade.

Em outras palavras, a pessoa chegou à depressão num processo que evoluiu a partir da ansiedade.

São muitos episódios de ocorrência de problemas de saúde mental que têm origem na ansiedade, a maioria deles.

Ansiedade é o primeiro de todos os distúrbios e é normal em 100% das pessoas, empresários ou não, o problema está na anomalia, no excesso, nos picos de ocorrências e na permanência de exposição à ansiedade, por longo tempo, o que causa os problemas mais sérios e a evolução para outras enfermidades mais graves e permanentes.

Ansiedade é o que se costuma resumir como excesso de futuro.

O empresário é muito exposto à esta tendência de preocupação com os acontecimentos do futuro.

É parte da essência gerencial.

Independente de estar fazendo certo ou errado, a verdade é que GERENCIAR É ATINGIR METAS, fazer com que os objetivos sejam alcançados.

Os objetivos, para se realizarem, precisam que problemas e obstáculos sejam eliminados, e normalmente, quando não são previstos, estes problemas são conhecidos como ANOMALIAS.

Se GERENCIAR É ATINGIR METAS, então podemos definir que GERENCIAR É ELIMINAR ANOMALIAS.

A vida do gerente, portanto, é focar na eterna balança de MONITORAR INDICADORES para avaliar a realização das metas e manter um olhar focado nas prováveis e potenciais ANOMALIAS que ocasionalmente podem provocar a quebra do cumprimento das metas.

Em resumo, o empresário está sempre focado, de alguma maneira, naquilo que nem aconteceu ainda, e talvez não aconteça.

O certo é que a maioria das previsões não acontecem.

Quando um determinado cenário é avaliado, se projeta múltiplas possibilidades e variáveis, dezenas, centenas delas.

Ocorre que apenas uma se realizará de fato, mas o empresário “sofreu” por todas as dezenas de outras que não aconteceram, mas o sofrimento foi sentido e aquela emoção deixou suas cicatrizes.

Esta é a maior fonte de ansiedade do empresário, até porque, ele está de olho em tudo, o tempo todo, fabricando para si mesmo, cargas impressionantes de ansiedade, aflição e, por consequência, pressão.

Não há como ser um empreendedor e não absorver determinada carga de ansiedade, até porque a ansiedade não é de todo ruim, o problema está na dose e no tempo de exposição.

Adrenalina é tremendamente importante para as iniciativas, mas em excesso, ou disparada por muito tempo, é altamente prejudicial.

A ansiedade se destaca porque ela não acaba em si mesma, sendo fonte de vários outros problemas que refletem na saúde mental do empresário.

A ansiedade não tratada e elevada a picos constantes, resulta diretamente na SÍNDROME DO PÂNICO e, quando isto acontece, a coisa só piora.

Uma evolução do quadro pode levar à DEPRESSÃO e aí o poço é mais fundo e mais complexo de tratar.

TDAH (Transtorno de Déficit de Atenção com Hiperatividade)

Outra pérola envolvida na saúde mental do empresário, o TDAH é a inquietude em pessoa.

Você perde a capacidade de concentração, e com ela, vai embora a memória de curto prazo, aquela que é a base de sua MÁQUINA DE APRENDER, e sem memória de curto prazo, você para de absorver conhecimento.

Uma das características do TDAH é a impulsividade, o que proporciona um certo desequilíbrio emocional ao lidar com os aspectos cotidianos de uma gestão.

Imagine que a vida corporativa já é complexa, e agora, imagine este mesmo cenário sendo coordenado por alguém que está sempre na beirada do limite de tolerância e autocontrole.

Não precisamos expandir muito nossa perspectiva para entendermos que a coisa fica bem complexa de lidar e vários problemas surgirão desta situação.

Síndrome de Burnout

Quase 25% dos empresários apresentam ao menos os sinais iniciais da Síndrome de Burnout.

Se você não sabe ao certo do que se trata, se liga nos sintomas:

  • Cansaço excessivo, tanto físico quanto mental;
  • Frequentes episódios de cefaleia;
  • Apetite sempre alterado, para mais e para menos;
  • Insônia;
  • Dificuldade de concentração;
  • Sentimentos de fracasso e insegurança;
  • Perspectiva negativa;
  • Sentimentos de derrota e desesperança;
  • Sensação de incompetência;
  • Alterações repentinas de humor;
  • Tendência ao isolamento;
  • Fadiga contínua;
  • Hipertensão e outros problemas circulatórios;
  • Dores musculares;
  • Dificuldades gastrointestinais;
  • Arritmias cardíacas.

Se identifica com alguns destes sintomas?

Se você se identifica com mais de 50% dos sintomas relacionados, então é bem provável que você tenha alguma sinalização de Burnout, em algum estágio.

Competitividade e responsabilidade se associam como os dois principais fatores de deflagração da Síndrome.

A Síndrome de Burnout é normalmente diagnosticada pelo pessoal da saúde mental, notadamente psicólogos ou psiquiatras e na maioria das vezes, o diagnóstico acontece quando a vítima tem alguma espécie de crise ou quadro grave de um ou mais sintomas indicados na listagem.

Costumam chamar de estresse, mas é muito simplista, pois estresse todos nós temos, em alguma dosagem e por algum tempo, e normalmente, estamos sempre em estado de estresse, mas em níveis naturais e suportáveis.

O estresse é um dos sintomas agrupados de Burnout e quando chega reclamando de dores no corpo, disfunções estomacais, dificuldade de concentração e cansaço extremo, o paciente já dá um caminho bem claro para o profissional, que complementa alguns testes e exames para chegar ao diagnóstico.

A boa notícia é que, na maior parte dos casos, quando identificada inicialmente, a Síndrome de Burnout costuma ceder a algum tempo de férias e descanso, com alguma terapia e, raramente, medicamentos antidepressivos e ansiolíticos.

O problema pode agravar se o paciente ignorar as indicações médicas, daí ele não apenas deixa de encontrar a cura, como tende a agravar o problema, levando a agravamento importante dos sintomas, principalmente de fadiga e gastrointestinais, muitas vezes chegando à depressão de maneira bem rápida, e daí, a novela é outra, muito mais dramática.

Algumas dicas para diminuir a incidência de Burnout que valem a pena serem seguidas:

  • Substitua os grandes e desafiadores objetivos da vida profissional pelos menores e de mais fácil resolução;
  • Nunca deixe de lado as atividades esportivas e de lazer, preferencialmente com os amigos;
  • Procure fugir da rotina diária, como ir a restaurantes, passeios repentinos, cinemas, teatros, shows musicais ou de humor;
  • Se afaste de pessoas pressionadas e negativas, principalmente as que se relacionam com seu trabalho;
  • Tenha alguém de confiança com quem possa falar sobre seu problema;
  • Evite o consumo de bebidas alcoólicas, fumo e principalmente drogas;
  • Não se automedique e nem consuma remédios sem prescrição médica.

Síndrome do impostor…

A síndrome do impostor parece nova no rol dos problemas de saúde mental do empresário, mas ela é bem antiga até.

A Síndrome do Impostor se caracteriza pela sensação que a pessoa possui de que não merece as coisas boas que conquistou, tanto de colocação quanto de status.

Para quem sofre do problema, ele não merece ser reconhecido e tem uma sensação de vazio, provocada pela impressão de que será desmascarado a qualquer momento, mesmo que não haja motivo aparente.

Um estudo aplicado pela Universidade Dominicana da Califórnia identificou que algo em torno de 70% das pessoas se sentem uma fraude, em algum momento de sua vida profissional.

Esta característica é avaliada a partir de uma percepção pessoal, a seu próprio respeito, de que a pessoa não possui, de fato, as condições necessárias para estar no cargo que ocupa ou desempenhar as funções que se espera dela.

A Síndrome do Impostor é uma expressão que foi utilizada pela primeira vez pelas psicólogas Pauline Clance e Suzanne Imes em 1978.

São vários os casos identificados de Síndrome do Impostor em pessoas renomadas, como Michelle Obama, Neil Amstrong, Maya Angelou, Tom Hanks dentre tantos outros, que inclusive, falam abertamente sobre o problema.

A neuropsicóloga Keli Rodrigues, integrante do Grupo MED MAIS que a Síndrome do Impostor possui até classificação na CID e define o problema como uma desordem de autopercepção.

Segundo ela, “a Síndrome do Impostor é caracterizada por pessoas que têm tendência à autossabotagem, e por isto, o indivíduo constrói, dentro de sua mente, uma percepção equivocada a seu próprio respeito, associando a ele incompetência e insuficiência.”

Keli ainda ressalta que “naturalmente todo cérebro humano possui esta pré-disposição a se colocar esta sensação de demérito, e dependendo do modelo mental e da forma como pensa, isto pode ampliar ou diminuir a crença, o que também pode ser reforçado pelo meio em que a pessoa trafega.”

Algumas das principais características da Síndrome do Impostor:

  • Sentimento de não pertencimento;
  • Procrastinação;
  • Autossabotagem;
  • Autodepreciação;
  • Ingratidão;
  • Autocrítica excessiva;
  • Comparação.

Aqui vão 4 dicas para apaziguar o problema e eliminar de vez esta percepção equivocada:

  1. Verifique se os maus pensamentos a seu próprio respeito fazem algum sentido;
  2. Avaliar seu trabalho e suas qualidades a partir de um olhar externo;
  3. Realizar uma espécie de pesquisa de satisfação entre as pessoas de seu círculo sobre seu desempenho e capacitação profissional;
  4. Pedir feedback objetivo para as pessoas que você confia.

Estresse…

O estresse é, por si só, um agente provocador de uma série de outros problemas que envolvem a saúde mental do empresário.

O estresse é o problema identificado como presente em mais de 80% da atividade humana, em todos os campos.

É importante salientar que o estresse é energia e nem sempre é negativa.

Um certo nível de estresse é um agente transformador, pois propõe o movimento e realiza, mas seu excesso é altamente destrutivo, pois não somos programados para viver em estresse por muito tempo.

Estresse libera o cortisol, hormônio nocivo que gera uma série de complicações e ainda é o gatilho de várias outros problemas conectados com a saúde mental do empresário.

Aqui vão algumas dicas para manter o estresse sob controle:

  • Defina suas prioridades e tenha isto com muita clareza em seu cotidiano;
  • Reavalie sua agenda e racionalize o seu tempo;
  • Defina um tempo certo para cada tarefa, nem mais e, principalmente, nem menos;
  • Pratique a técnica de Pareto, resolvendo primeiro os problemas mais importantes;
  • Aprenda a delegar e confiar nas pessoas;
  • Evite justificativas e desculpas, se acontecer, aconteceu;
  • Encontre tempo livre para simplesmente relaxar e cuidar de si;
  • Planeje o futuro com racionalidade;
  • Mantenha o tanque de motivação abastecido;
  • Tenha metas plausíveis e possíveis.

Saúde mental do empresário é um bem precioso e precisa ser cuidado

Saúde mental é um ativo valioso
O que realmente pode fazer a diferença

Saúde mental do empresário ou de qualquer pessoa é seu maior patrimônio, pois não existe outro motivo em nossa existência que não seja o de viver bem, se sentir bem, estar bem.

Não é concebível que alguém projete uma vida para sofrer e muito menos para passar trabalho a toa.

Ter problemas de saúde mental não significa que a pessoa enlouqueceu ou ficou abalada dos pensamentos, muito ao contrário.

Somos seres independentes e temos formas diversas de reagir às diversas situações da vida.

Aquilo que nos coloca sob pressão tem um potencial mais devastador do que o que se torna corriqueiro.

O problema é quando o que nos coloca sob pressão se torna corriqueiro e neste ponto, não existe gigante que consiga suportar.

O ideal, como tudo na vida, é o EQUILÍBRIO, a palavrinha mágica e poderosa, que tem o potencial de fazer a diferença entre tristeza e felicidade.

Tudo o que você faz precisa estar equilibrado, pois se a empresa espera demais de você, fatalmente lhe colocará uma pressão extra, que cobrará seu preço na forma de problemas com sua saúde geral, incluindo a mental.

Que empreendimento pretende ter um executivo pressionado e, ao invés de criar caminhos e soluções para seu melhor desempenho, apenas coloca mais pressão, mais cobrança, é meio como chutar o camelo que te transporta no deserto.

É uma equação que tende a não fechar nunca, pois quem deve apontar a solução, muitas vezes, é quem agrava o problema.

A saúde mental do empresário depende, em primeiro lugar, de sua conscientização de que precisa preservar suas condições, até para oferecer o melhor de si, e que o melhor de si está condicionado ao equilíbrio, ao potencial que ele dispõe para realizar aquilo que se espera dele.

Tudo bem que o mundo é competitivo, uma selva e aquele papo todo de competitividade, mas os agentes de realização dos resultados sempre são as pessoas, e se não pensarmos nelas, se você não pensar em si mesmo, criando o ambiente adequado para ter o melhor desempenho, sem comprometer sua saúde e qualidade de vida, não há por que seguir em frente.

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